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ATENÇÃO - Já estão disponíveis os 4 vídeos sobre a celebração de Corpus Christi que ocorreu no dia 23/06/2011 em Joinville/SC. Confira os vídeos logo abaixo!

DATA

Joinville - SC,

TV CANÇÃO NOVA: Ao vivo - no ar...

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Atenção: Procedimento para visualizar os vídeos...

Para assistir os vídeos de reportagens e documentários, "pause" primeiro o player da transmissão da TV Canção Nova, disponível logo acima.
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Documentário - Celebração de Corpus Christi 2011 em Joinville...

24/06/2011, 23h - A WebTV Joinville preparou a reportagem sobre a celebração de Corpus Christi na forma de documentário. Confira o vídeo que contém um resumo das principais imagens filmadas no dia 23 de junho de 2011, com narração exclusiva de André Ricardo, apresentador da WebTV Joinville.
É possível, ainda, conferir os significados da doutrina católica, presentes na celebração de Corpus Christi. Sinta-se em Joinville e "ao vivo" no dia do evento. Confira o vídeo!
Fonte: "WebTV Joinville".
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Corpus Christi 2011 - Passeio Virtual sobre o Tapete em Joinville...

24/06/2011, 21h - A WebTV Joinville convida você a realizar um passeio virtual, passo a passo, sobre o tapete produzido em homenagem a celebração do dia de Corpus Christi.
O tapete com motivos e temas religiosos é baseado em campanhas da Igreja Católica, foi produzido por 17 paróquias e envolveu o trabalho de 200 fiéis.
O percurso para percorrer o tapete é de 600 metros, partindo da Rua do Príncipe (esquina com a Rua Jerônimo Coelho) até a Paróquia São Francisco Xavier - Catedral de Joinville (esquina com a Rua Abdon Batista), no centro da cidade.
Confira o trajeto realizado anualmente pela procissão e sinta-se em Joinville, em especial, no local da celebração!
Fonte: "WebTV Joinville".
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Joinville/SC - Entrevista com Padre Jorginho no dia de Corpus Christi...

24/06/2011, 14h - A WebTV Joinville entrevistou na última quinta-feira (23/06) o Padre Jorginho da Paróquia São Francisco Xavier - Catedral de Joinville.
Na oportunidade o Padre falou sobre a celebração do dia de Corpus Christi e seu significado para o mundo. Confira o vídeo!
Fonte: "WebTV Joinville".
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Corpus Christi 2011 - Imagens dos 600 metros de tapetes produzidos por 200 pessoas...

As imagens contidas no vídeo foram gravadas na Rua do Príncipe até a Catedral de Joinville (esquina com a Rua Abdon Batista) no centro da cidade. Confira o vídeo!
Fonte: "WebTV Joinville".
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Monsenhor Jonas Abib: Dia Especial...

Eis a mensagem escrita por Monsenhor Jonas Abib no dia da celebração do seu aniversário.
Dia Especial! on Twitpic
Parabéns gigante semeador da Doutrina Católica, Deus não se esquece de quem fez uma "Canção Nova" para Ele. São os votos do Blog Católicos de Joinville.
Envie aqui uma mensagem para o Monsenhor Jonas Abib.

Monsenhor Jonas Abib: Gigante semeador da Doutrina Católica...

Parabéns Monsenhor Jonas Abib pelo dia do seu aniversário. "Deus não esquece de quem fez uma CANÇÃO NOVA para Ele! Hoje eu dedico-lhe duas composições com solo em piano, espero que o senhor goste! São os votos de André Ricardo Rieper e família.
Monsenhor Jonas Abib: Gigante Semeador da Doutrina Católica.
Canção Nova: Casa de Deus.

Mensagem do Papa Bento XVI...

Assista a mensagem do Papa Bento XVI sobre o aborto e sobre eleição. Fala de traição aos fundamentos da democracia e em dissimulação.
Publicado em 29 de Outubro de 2010 às 11h55min.
Fonte:
Manifesto em Defesa da Democracia.

Lançado o Manifesto em Defesa da Democracia...

URGENTE! Foi publicado na internet o Manifesto em Defesa da Democracia.
Já são mais de 108.000 assinaturas, inclusive figuras ilustres e notáveis no cenário nacional.
Você pode até não gostar de política mas será governado pelos que gostam.
Brasileiros, visitem o link http://www.defesadademocracia.com.br/

Catecismo

Compêndio do Catecismo da Igreja Católica.© Copyright 2005 - Libreria Editrice Vaticana

«Motu Proprio»
Introdução

PRIMEIRA PARTE - A PROFISSÃO DA FÉ
Primeira Secção: «Eu Creio» – «Nós Cremos»
Capítulo Primeiro: O Homem é «capaz» de Deus
Capítulo Segundo: Deus vem ao encontro do homem
A Revelação de Deus
A transmissão da revelação divina
A Sagrada Escritura
Capítulo Terceiro: A resposta do homem a Deus
Eu creio
Nós cremos
Segunda Secção: A Profissão da Fé Cristã
O Credo: Símbolo dos Apóstolos: Credo Niceno-Constantinopolitano
Capítulo Primeiro: Creio em Deus Pai
Os Símbolos da Fé
«Creio em Deus, Pai Omnipotente, Criador do Céu e da Terra»
O céu e a terra
O homem
A queda
Capítulo Segundo: Creio em Jesus Cristo, o Filho unigénito de Deus
«E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor»
«Jesus Cristo foi concebido pelo poder do Espírito Santo, e nasceu da Virgem Maria»
«Jesus Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado»
«Jesus Cristo desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia»
«Jesus subiu ao céu está sentado à direita do Pai Omnipotente»
«De onde virá a julgar os vivos e os mortos»
Capítulo Terceiro: Creio no Espírito Santo
«Creio no Espírito Santo»
«Creio na Santa Igreja Católica»
A Igreja no desígnio de Deus
A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo
A Igreja é una, santa, católica e apostólica
Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada
Creio na Comunhão dos santos
Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja
«Creio na remissão dos pecados»
«Creio na ressurreição da carne»
«Creio na vida eterna»
«Ámen»

SEGUNDA PARTE - A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO
Primeira Secção: A Economia Sacramental
Capítulo Primeiro: O Mistério pascal no tempo da Igreja
Liturgia – Obra da Santíssima Trindade
O Mistério Pascal nos Sacramentos da Igreja
Capítulo Segundo: A celebração sacramental do Mistério Pascal
Celebrar a liturgia da Igreja
Quem celebra?
Como celebrar?
Quando celebrar?
Onde celebrar?
Diversidade Litúrgica e Unidade do Mistério
Segunda Secção: Os sete Sacramentos da Igreja
Os sete Sacramentos da Igreja
Capítulo Primeiro: Os sacramentos da iniciação cristã
O Sacramento do Baptismo
O Sacramento da Confirmação
O Sacramento da Eucaristia
Capítulo Segundo: Os Sacramentos da cura
O sacramento da Penitência e da Reconciliação
O sacramento da Unção dos Enfermos
Capítulo Terceiro: Os sacramentos ao serviço da comunhão e da missão
O Sacramento da Ordem sacerdotal
O Sacramento do Matrimónio
Capítulo Quarto: As outras celebrações litúrgicas
Os Sacramentais
As Exéquias Cristãs

TERCEIRA PARTE - A VIDA EM CRISTO
Primeira Secção: A vocação do Homem: A Vida no Espírito
Capítulo Primeiro: A dignidade da pessoa humana
O homem imagem de Deus
A nossa vocação à bem-aventurança
A liberdade do homem
A moralidade das paixões
A consciência moral
As virtudes
O Pecado
Capítulo Segundo: A comunidade humana
A pessoa e a sociedade
A participação na vida social
A justiça social
Capítulo Terceiro: A salvação de Deus: a Lei e a graça
A Lei Moral
Graça e Justificação
A Mãe e Mestra
Segunda Secção: Os Dez Mandamentos
Êxodo - Deuteronómio - Fórmula da Catequese
Capítulo Primeiro: «Amarás o Senhor teu Deus com todo teu Coração, com toda a tua Alma e com todas as tuas forças»
O Primeiro Mandamento: Eu sou o Senhor teu Deus não terás outro Deus além de mim
O Segundo Mandamento: Não invocar o Santo Nome de Deus em vão
O Terceiro Mandamento: Santificar os Domingos e Festas de Guarda
Capítulo Segundo: «Amarás o Teu próximo como a Ti mesmo»
O Quarto Mandamento: Honrar Pai e Mãe
O Quinto Mandamento: Não Matar
O Sexto Mandamento: Não cometer o Adultério
O Sétimo Mandamento: Não roubar
O Oitavo Mandamento: Não levantar falsos testemunhos
O Nono Mandamento: Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos
O Décimo Mandamento: Não cobiçar as coisas alheias

QUARTA PARTE - A ORAÇÃO CRISTÃ
Primeira Secção: A Oração na Vida Cristã
Capítulo Primeiro: A Revelação da Oração
A Revelação da Oração no Antigo Testamento
A Oração Plenamente revelada e realizada em Jesus
A Oração no Tempo da Igreja
Capítulo Segundo: A Tradição da Oração
Nas Fontes da Oração
O Caminho da Oração
Guias para a Oração
Capítulo Terceiro: A Vida de Oração
As Expressões da Oração
O Combate da Oração
Segunda secção: A Oração do Senhor: Pai Nosso
Pai Nosso
«A Síntese de todo o Evangelho»
«Pai Nosso que estais nos Céus »
As sete petições

Apêndice
A) Orações Comuns
B) Fórmulas de Doutrina Católica

Abreviaturas Bíblicas




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MOTU PROPRIO

Para a aprovação e publicação
do Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica

Aos Veneráveis Irmãos Cardeais, Patriarcas, Arcebispos, Bispos,
Presbíteros, Diáconos e a todos os Membros do Povo de Deus

Há já vinte anos que se iniciou a elaboração do Catecismo da Igreja Católica, pedido pela Assembleia Extraordinária

do Sínodo dos Bispos, por ocasião do vigésimo aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II.

Agradeço muito a Deus Nosso Senhor por ter dado à Igreja tal Catecismo, promulgado, em 1992, pelo meu venerado e

amado Predecessor, o Papa João Paulo II.

A utilidade e preciosidade deste dom obteve confirmação, antes de mais, na positiva e larga recepção por parte do

episcopado, ao qual primeiramente se dirigia, sendo aceite como texto de referência segura e autêntica em ordem ao

ensino da doutrina católica e à elaboração dos catecismos locais. Foi também confirmado por todas as componentes do

Povo de Deus que o puderam conhecer e apreciar nas mais de cinquenta línguas, em que até agora foi traduzido.

Agora com grande alegria aprovo e promulgo o Compêndio de tal Catecismo.

Ele tinha sido intensamente desejado pelos participantes no Congresso Internacional de Catequese de Outubro de 2002,

que, deste modo, se fizeram intérpretes duma exigência muito difundida na Igreja. Para acolher este desejo, o meu

saudoso Predecessor, em Fevereiro de 2003, decidiu a sua preparação, confiando a sua redacção a uma Comissão

restrita de Cardeais, presidida por mim, apoiada pela colaboração de alguns especialistas. No decorrer dos

trabalhos, um projecto do Compêndio foi submetido à apreciação de todos os Eminentíssimos Cardeais e dos Presidentes

das Conferências Episcopais, que, na sua grande maioria, o acolheram e apreciaram positivamente.

O Compêndio, que agora apresento à Igreja universal, é uma síntese fiel e segura do Catecismo da Igreja Católica.

Ele contém, de maneira concisa, todos os elementos essenciais e fundamentais da fé da Igreja, de forma a constituir,

como desejara o meu Predecessor, uma espécie de vademecum, que permita às pessoas, aos crentes e não crentes,

abraçar, numa visão de conjunto, todo o panorama da fé católica.

Ele espelha fielmente na estrutura, nos conteúdos e na linguagem o Catecismo da Igreja Católica, que encontrará

nesta síntese uma ajuda e um estímulo para ser mais conhecido e aprofundado.

Em primeiro lugar, confio esperançoso este Compêndio a toda a Igreja e a cada cristão para que, graças a ele, se

encontre, neste terceiro milénio, novo impulso no renovado empenhamento de evangelização e de educação na fé, que

deve caracterizar cada comunidade eclesial e cada crente em Cristo, em qualquer idade e nação.

Mas este Compêndio, pela sua brevidade, clareza e integridade, dirige-se a todas as pessoas, que, num mundo

caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas mensagens, desejam conhecer o Caminho da Vida, a Verdade, confiada

por Deus à Igreja do Seu Filho.

Lendo este instrumento autorizado que é o Compêndio, possa cada um, em especial graças à intercessão de Maria

Santíssima, a Mãe de Cristo e da Igreja, reconhecer e acolher cada vez mais a beleza inexaurível, a unicidade e

actualidade do Dom por excelência que Deus concedeu à humanidade: o Seu único Filho, Jesus Cristo, que é «o Caminho,

a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6).

Dado aos 28 de Junho de 2005, vigília da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, ano primeiro de Pontificado.

BENEDICTUS PP XVI



INTRODUÇÃO

1. No dia 11 de Outubro de 1992, o Papa João Paulo II entregava aos fiéis de todo o mundo o Catecismo da Igreja

Católica, apresentando-o como «texto de referência» (1) para uma catequese renovada nas fontes vivas da fé. A trinta

anos da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965), completava-se assim o desejo expresso em 1985 pela Assembleia

Extraordinária do Sínodo dos Bispos, para que fosse composto um catecismo de toda a doutrina católica quer no

tocante à fé quer no que se refere à moral.

Cinco anos depois, a 15 de Agosto de 1997, ao promulgar a edição típica do Catecismo da Igreja Católica, o Sumo

Pontífice confirmava a finalidade fundamental da obra: «Apresenta-se como exposição completa e íntegra da doutrina

católica, que permite a todos conhecer o que a mesma Igreja professa, celebra, vive, reza na sua vida quotidiana»

(2).

2. Para uma maior valorização do Catecismo e vir ao encontro dum pedido que surgiu no Congresso Internacional de

Catequese em 2002, João Paulo II instituiu, em 2003, uma Comissão especial, presidida pelo Card. Joseph Ratzinger,

Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, em ordem à elaboração dum Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, como

formulação sintetizada dos conteúdos da fé. Após dois anos de trabalho, foi preparado um projecto de compêndio, que

foi enviado para apreciação aos Cardeais e aos Presidentes das Conferências Episcopais. O projecto recebeu, em

geral, uma apreciação positiva por parte da maioria absoluta de quantos responderam. Tendo em conta as propostas de

melhoramento que chegaram, a Comissão procedeu à revisão do projecto e preparou o texto final da obra.

3. São três as características principais do Compêndio: a estrita dependência do Catecismo da Igreja Católica; o

género dialoga]; a utilização das imagens na catequese.

Antes de mais, o Compêndio não é uma obra autónoma, pois não pretende, de modo nenhum, substituir o Catecismo da

Igreja Católica: pelo contrário. remete continuamente para ele, quer mediante a indicação, ponto por ponto, dos

números a que se refere, quer através da contínua referência à estrutura, ao desenvolvimento e aos seus conteúdos.

Além disso o Compêndio pretende despertar um renovado interesse e fervor em relação ao Catecismo, que, com a sua

sábia exposição e a sua unção espiritual, permanece sempre o texto de base da catequese eclesial de hoje.

Como o Catecismo, também o Compêndio se divide em quatro partes, de acordo com as leis fundamentais da vida em

Cristo.

A primeira parte, intitulada «A profissão da fé», é uma síntese adequada da lex credendi, isto é, da fé professada

pela Igreja Católica, retirada do Símbolo Apostólico ilustrado com o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, cuja

proclamação constante nas assembleias cristãs mantém viva a memória das principais verdades da fé.

A segunda parte, intitulada «A celebração do mistério cristão», apresenta os elementos essenciais da lex celebrandi.

O anúncio do Evangelho encontra a sua resposta privilegiada na vida sacramental. Nela os fiéis experimentam e

testemunham em cada momento da sua existência a eficácia salvífica do mistério pascal, por meio do qual Cristo

realizou a obra da nossa redenção.

A terceira parte, intitulada «A vida em Cristo», chama a atenção para a lex vivendi, isto é, para o empenho que os

baptizados têm de manifestar nas sua: atitudes e nas suas opções éticas de fidelidade à fé professada e celebrada.

Os fiéis são chamados pelo Senhor Jesus a agir de acordo com a sua dignidade de filhos de Deus Pai na caridade do

Espírito Santo.

A quarta parte, intitulada «A oração cristã», apresenta uma síntese da lex orandi, isto é, da vida de oração. A

exemplo de Jesus, o modelo perfeito do orante, também o cristão é chamado ao diálogo com Deus na oração, de cuja

expressão privilegiada é o Pai-nosso, a oração que o próprio Jesus nos ensinou.

4. Uma segunda característica do Compêndio e a sua forma dialogada, que retoma um antigo género literário da

catequese, constando de pergunta e resposta. Trata-se de repropor um diálogo ideal entre o mestre e o discípulo,

mediante uma sequência de interrogações que envolvem o leitor convidando-o prosseguir na descoberta de aspectos

novos da verdade da fé. O género dialogal concorre também para abreviar notavelmente o texto, reduzindo-o ao

essencial. Isto poderia ajudar a assimilação e a eventual memorização do conteúdo.

5. A terceira característica reside nas imagens, que assinalam a organização do Compêndio. Provêm do riquíssimo

património da iconografia cristã. A tradição secular e conciliar diz-nos que também a imagem é pregação evangélica.

Os artistas de todos os tempos apresentaram à contemplação e à admiração dos fiéis os factos salientes do mistério

da salvação, no esplendor da cor e na perfeição da beleza. Indício de que, hoje mais do que nunca, na época da

imagem, a imagem sagrada pode exprimir muito mais que a palavra, pois é muito mais eficaz o seu dinamismo de

comunicação e de transmissão da mensagem evangélica.

6. A quarenta anos da conclusão do Concílio Vaticano II e no ano da Eucaristia, o Compêndio pode constituir um

ulterior subsídio para satisfazer quer a fome de verdade dos fiéis de todas as idades e condições, quer também a

necessidade de quantos, não sendo fiéis, têm sede de verdade e de justiça. A sua publicação terá lugar na solenidade

dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Igreja universal e evangelizadores exemplares do Evangelho no mundo

antigo. Estes apóstolos viveram o que pregaram e testemunharam a verdade de Cristo até ao martírio. Imitemo-los no

seu ardor missionário e peçamos ao Senhor a fim de que a Igreja siga sempre o ensinamento dos Apóstolos, dos quais

recebeu o primeiro alegre anúncio da fé.

20 de Março de 2005, Domingo de Ramos.

Joseph Card. Ratzinger
Presidente da Comissão especial

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1. João Paulo II, Const. Apost. Fidei depositum, 11 de Outubro de 1992.

2. João Paulo II, Carta Apost. Laetamur magnoepre, 15 de Agosto de 1997.



PRIMEIRA PARTE

A PROFISSÃO DA FÉ



PRIMEIRA SECÇÃO

«EU CREIO» – «NÓS CREMOS»



1. Qual é o desígnio de Deus acerca do homem?

1 – 25

Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em si mesmo, num desígnio de pura bondade, criou livremente o homem

para o tornar participante da sua vida bem-aventurada. Na plenitude dos tempos, Deus Pai enviou o seu Filho, como

Redentor e Salvador dos homens caídos no pecado, convocando-os à sua Igreja e tornando-os filhos adoptivos por obra

do Espírito Santo e herdeiros da sua eterna bem-aventurança.

CAPÍTULO PRIMEIRO

O HOMEM É «CAPAZ» DE DEUS

30

«És grande, Senhor, e digno de todo o louvor [...]. Fizeste-nos para Ti e o nosso coração não descansa enquanto não

repousar em Ti» ( S. Agostinho ).

2. Porque é que no homem existe o desejo de Deus?

27-30
44-45

Ao criar o homem à sua imagem, o próprio Deus inscreveu no coração humano o desejo de O ver. Mesmo que, muitas

vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não cessa de atrair o homem a Si, para que viva e encontre n’Ele aquela

plenitude de verdade e de felicidade, que ele procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o homem é um ser

religioso, capaz de entrar em comunhão com Deus. É este vínculo íntimo e vital com Deus que confere ao homem a sua

dignidade fundamental.

3. Como é que se pode conhecer Deus apenas com a luz da razão?

31-36
46-47

A partir da criação, isto é, do mundo e da pessoa humana, o homem pode, só pela razão, conhecer com certeza a Deus

como origem e fim do universo e como sumo bem, verdade e beleza infinita.

4. Basta porém a exclusiva luz da razão para conhecer Deus?

37-38

Ao conhecer Deus só com a luz da razão, o homem experimenta muitas dificuldades. Além disso, não pode entrar só

pelas suas próprias forças na intimidade do mistério divino. Por isso é que Deus o quis iluminar com a sua Revelação

não apenas sobre verdades que excedem o seu entendimento, mas também sobre verdades religiosas e morais que, apesar

de serem por si acessíveis à razão, podem deste modo ser conhecidas por todos, sem dificuldade, com firme certeza e

sem mistura de erro.

5. Como se pode falar de Deus?

39-43
48-49

É possível falar de Deus a todos e com todos, a partir das perfeições do homem e das outras criaturas, que são um

reflexo, embora limitado, da infinita perfeição de Deus. É, porém, necessário purificar continuamente a nossa

linguagem de tudo o que ela contém de imaginário e imperfeito, na consciência de que nunca será possível exprimir

plenamente o infinito mistério de Deus.



CAPÍTULO SEGUNDO

DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM

A REVELAÇÃO DE DEUS

6. O que é que Deus revela ao homem?

50-53
68-69

Deus revela-se ao homem, na sua bondade e sabedoria. Mediante acontecimentos e palavras, Deus revela-se a Si mesmo e

ao seu desígnio de benevolência, que Ele, desde a eternidade, preestabeleceu em Cristo a favor dos homens. Tal

desígnio consiste em fazer participar, pela graça do Espírito Santo, todos os homens na vida divina, como seus

filhos adoptivos no seu único Filho.

7. Quais as primeiras etapas da Revelação de Deus?

54-58
70-71

Deus manifesta-se desde o princípio aos nossos primeiros pais, Adão e Eva, e convida-os a uma comunhão íntima com

Ele. Após a sua queda, não interrompe a revelação e promete a salvação para toda a sua descendência. Após o dilúvio,

estabelece com Noé uma aliança entre Ele e todos os seres vivos.

8. Quais as etapas sucessivas da Revelação de Deus?

59-64
72

Deus escolhe Abrão chamando-o a deixar a sua terra para fazer dele “o pai duma multidão de povos” (Gn 17,5), e

promete abençoar nele “todas as nações da terra” (Gn 12,3). Os descendentes de Abraão serão o povo eleito, os

depositários das promessas divinas feitas aos patriarcas. Deus forma Israel como seu povo salvando-o da escravidão

do Egipto; conclui com ele a Aliança do Sinai, e dá-lhe a sua Lei, por meio de Moisés. Os profetas anunciam uma

redenção radical do povo e uma salvação que incluirá todas as nações numa Aliança nova e eterna, que será gravada

nos corações. Do povo de Israel, da descendência do rei David, nascerá o Messias: Jesus.

9. Qual é a etapa plena e definitiva da Revelação de Deus?

65-66
73

É aquela realizada no seu Verbo encarnado, Jesus Cristo, mediador e plenitude da Revelação. Sendo o Filho Unigénito

de Deus feito homem, Ele é a Palavra perfeita e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a

Revelação está, finalmente, completada, ainda que a fé da Igreja deva recolher todo o seu significado ao longo dos

séculos.



«A partir do momento em que nos deu o Seu Filho,
que é a Sua única e definitiva Palavra, Deus disse-nos
tudo ao mesmo tempo e duma só vez,
e nada mais tem a acrescentar» (S. João da Cruz).



10. Qual o valor das revelações privadas?

67

Embora não pertençam ao depósito da fé, elas podem ajudar a viver esta mesma fé, desde que mantenham uma estrita

orientação para Cristo. O Magistério da Igreja, ao qual compete discernir as revelações privadas, não pode, por

isso, aceitar aquelas que pretendem superar ou corrigir a Revelação definitiva que é Cristo.



A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA

11. Porquê e como deve ser transmitida a Revelação?

74

Deus «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2,4), isto é, de Jesus

Cristo. Por isso, é necessário que Cristo seja anunciado a todos os homens, segundo o seu mandamento: «Ide e ensinai

todos os povos» (Mt 28, 19). É o que se realiza com a Tradição Apostólica.

12. O que é a Tradição Apostólica?

75-79, 83
96.98

A Tradição Apostólica é a transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as origens do cristianismo, mediante a

pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os escritos inspirados. Os Apóstolos transmitiram aos seus

sucessores, os Bispos, e, através deles, a todas as gerações até ao fim dos tempos, tudo o que receberam de Cristo e

aprenderam do Espírito Santo.

13. Como se realiza a Tradição Apostólica?

76

A Tradição Apostólica realiza-se de duas maneiras: mediante a transmissão viva da Palavra de Deus (chamada também

simplesmente a Tradição) e através da Sagrada Escritura que é o próprio anúncio da salvação transmitido por escrito.

14. Que relação existe entre a Tradição e a Sagrada Escritura?

80-82
97

A Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, ambas tornam

presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo e provêm da mesma fonte divina: constituem um só sagrado depósito

da fé, do qual a Igreja recebe a certeza acerca de todas as coisas reveladas.

15. A quem é confiado o depósito da fé?

84, 91
94, 99

O depósito da fé é confiado pelos Apóstolos a toda a Igreja. Todo o povo de Deus, mediante o sentido sobrenatural da

fé, conduzido pelo Espírito Santo, e guiado pelo Magistério da Igreja, acolhe a Revelação divina, compreende-a cada

vez mais e aplica-a à vida.

16. A quem compete interpretar autenticamente o depósito da fé?

85-90
100

A interpretação autêntica do depósito da fé compete exclusivamente ao Magistério vivo da Igreja, isto é, ao Sucessor

de Pedro, o Bispo de Roma, e aos Bispos em comunhão com ele. Ao Magistério, que, no serviço da Palavra de Deus, goza

do carisma certo da verdade, compete ainda definir os dogmas, que são formulações das verdades contidas na Revelação

divina; tal autoridade estende-se também às verdades necessariamente conexas com a Revelação.

17. Que relação existe entre a Escritura, a Tradição e o Magistério?

95

De tal maneira estão unidos, que nenhum deles existe sem os outros. Todos juntos contribuem eficazmente, cada um a

seu modo, sob a acção do Espírito Santo, para a salvação dos homens.



A SAGRADA ESCRITURA

18. Porque é que a Sagrada Escritura ensina a verdade?

105-108
135-136

Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura: por isso ela é dita inspirada e ensina sem erro aquelas

verdades que são necessárias para a nossa salvação. Com efeito, o Espírito Santo inspirou os autores humanos, os

quais escreveram aquilo que Ele nos quis ensinar. No entanto, a fé cristã não é «uma religião do Livro», mas da

Palavra de Deus, que não é «uma palavra escrita e muda, mas o Verbo Encarnado e vivo» (S. Bernardo de Claraval).

19. Como ler a Sagrada Escritura?

109-119
137

A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do Espírito Santo e sob a condução do Magistério da

Igreja segundo três critérios: 1) atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura; 2) leitura da Escritura na

Tradição viva da Igreja; 3) respeito pela analogia da fé, isto é, da coesão entre si das verdades da fé.

20. O que é o cânone das Escrituras?

120
138

O Cânone das Escrituras é a lista completa dos escritos sagrados, que a Tradição Apostólica levou a Igreja a

discernir. O Cânone compreende 46 escritos do Antigo Testamento e 27 do Novo.

21. Que importância tem o Antigo Testamento para os cristãos?

121-123

Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus: todos os seus escritos são divinamente

inspirados e conservam um valor permanente. Eles dão testemunho da divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Foram

escritos sobretudo para preparar o advento de Cristo Salvador do universo.

22. Que importância tem o Novo Testamento para os cristãos?

124-127
139

O Novo Testamento, cujo objecto central é Jesus Cristo, entrega-nos a verdade definitiva da Revelação divina. Nele,

os quatro Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, enquanto são o principal testemunho da vida e da doutrina de

Jesus, constituem o coração de todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja.

23. Que unidade existe entre o Antigo e o Novo Testamento?

128-130
140

A Escritura é una, uma vez que única é a Palavra de Deus, único é o projecto salvífico de Deus, única a inspiração

divina dos dois Testamentos. O Antigo Testamento prepara o Novo e o Novo dá cumprimento ao Antigo: os dois

iluminam-se mutuamente.

24. Qual a função da Sagrada Escritura na vida da Igreja?

131-133
141

A Sagrada Escritura dá sustento e vigor à vida da Igreja. É para os seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de

vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral. Diz o Salmista: ela é «lâmpada para os meus passos,

luz no meu caminho» (Sal 119,105). Por isso, a Igreja exorta à leitura frequente da Sagrada Escritura, uma vez que

«a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» (S. Jerónimo).



CAPÍTULO TERCEIRO

A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS

EU CREIO



25. Como responde o homem a Deus que se revela?

142- 43

Sustentado pela graça divina, o homem responde a Deus com a obediência da fé, que consiste em confiar-se

completamente a Deus e acolher a sua Verdade, enquanto garantida por Ele que é a própria Verdade.

26. Na Sagrada Escritura, quais são os principais testemunhos de obediência da fé?

144-149

Há muitos testemunhos, mas particularmente dois: Abraão, que, colocado à prova, «teve fé em Deus » (Rm 4,3) e

obedeceu sempre ao seu chamamento, tornando-se por isso «pai de todos os crentes» (Rm 4,11.18 ); e a Virgem Maria,

que realizou de modo mais perfeito, durante toda a sua vida, a obediência da fé: «Fiat mihi secundum Verbum tuum –

Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).

27. Que significa, de facto, para o homem crer em Deus?

150-152
176-178

Significa aderir ao próprio Deus, entregando-se a Ele e dando assentimento a todas as verdades por Ele reveladas,

porque Deus é a verdade. Significa crer num só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.

28. Quais as características da fé?

153-165
179-180
183-184

A Fé, dom gratuito de Deus e acessível a quantos a pedem humildemente, é uma virtude sobrenatural necessária para a

salvação. O acto de fé é um acto humano, isto é, um acto da inteligência do homem que, sob decisão da vontade movida

por Deus, dá livremente o seu assentimento à verdade divina. Além disso, a fé é certa porque fundada sobre a Palavra

de Deus; é operante «por meio da caridade» (Gal 5,6); é em contínuo crescimento, graças, em especial, à escuta da

Palavra de Deus e à oração. Ela faz-nos saborear, de antemão, a alegria celeste.

29. Porque não há contradições entre a fé e a ciência?

159

Embora a fé supere a razão, não poderá nunca existir contradição entre a fé e a ciência porque ambas têm origem em

Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem seja a luz da razão seja a luz da fé.

«Crê para compreender: compreende para crer» (Santo Agostinho)



NÓS CREMOS

30. Porque é que a fé é um acto pessoal e ao mesmo tempo eclesial?

166-169
181

A fé é um acto pessoal, enquanto resposta livre do homem a Deus que se revela. Mas é ao mesmo tempo um acto

eclesial, que se exprime na confissão: «Nós cremos». De facto, é a Igreja que crê: deste modo, ela, com a graça do

Espírito Santo, precede, gera e nutre a fé do indivíduo. Por isso a Igreja é Mãe e Mestra.



«Não pode ter a Deus por Pai quem não tem a Igreja por Mãe» (S. Cipriano)



31. Porque é que as fórmulas da fé são importantes?

170-171

As fórmulas da fé são importantes porque permitem exprimir, assimilar, celebrar e partilhar, juntamente com outros,

as verdades da fé, utilizando uma linguagem comum.

32. De que maneira a fé da Igreja é uma só?

172-175
182

A Igreja, embora formada por pessoas de diferentes línguas, culturas e ritos, professa, unânime e a uma só voz, a

única fé, recebida dum só Senhor e transmitida pela única Tradição Apostólica. Professa um só Deus – Pai, Filho e

Espírito Santo – e manifesta uma única via de salvação. Portanto, nós acreditamos, num só coração e numa só alma,

tudo o que está contido na Palavra de Deus, transmitida ou escrita, e nos é proposto pela Igreja como divinamente

revelado.



SEGUNDA SECÇÃO

A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ



O CREDO



Símbolo dos Apóstolos

Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra

E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo;
na santa Igreja Católica;
na comunhão dos Santos;
na remissão dos pecados;
na ressurreição da carne;
e na vida eterna. Amen

Credo Niceno-Constantinopolitano

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso
Criador do Céu e da Terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigénito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E por nós homens e para nossa salvação
desceu dos Céus.
E encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.

Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua glória
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu Reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida,
e procede do Pai e do Filho;
e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.

Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica.
Professo um só Baptismo para a remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos
e a vida do mundo que há-de vir. Ámen.



CAPÍTULO PRIMEIRO
CREIO EM DEUS PAI
OS SÍMBOLOS DA FÉ



33. O que são os Símbolos da Fé?

185-188
192. 197

São fórmulas articuladas, também chamadas «profissões de fé» ou «Credo», mediante as quais a Igreja, desde as suas

origens, exprimiu resumidamente e transmitiu a própria fé, numa linguagem normativa e comum a todos os fiéis.

34. Quais são os mais antigos Símbolos da fé?

189-191

São os Símbolos baptismais. Porque o Baptismo é administrado «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt

28,19), as verdades de fé neles professadas estão articuladas segundo a sua referência às três Pessoas da Santíssima

Trindade.

35. Quais são os mais importantes Símbolos da fé?

193-195

São o Símbolo dos Apóstolos, que é o antigo Símbolo baptismal da Igreja de Roma, e o Símbolo

niceno-constantinopolitano, fruto dos primeiros dois Concílios Ecuménicos de Niceia (325) e de Constantinopola

(381), e que é, ainda hoje, comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente.



«CREIO EM DEUS, PAI OMNIPOTENTE,
CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»



36. Porque é que a profissão de fé começa com «Creio em Deus»?

198-199

Porque a afirmação «Creio em Deus» é a mais importante, a fonte das outras verdades respeitantes ao homem, ao mundo

e à nossa vida de crentes n’Ele.

37. Porque professamos um só Deus?

200-202
228

Porque Ele se revelou ao povo de Israel como o Único, quando disse: «Escuta Israel, o Senhor é um só» (Dt 6,4), «não

há outros» (Is 45,22). O próprio Jesus o confirmou: Deus é «o único Senhor» (Mc 12,29). Professar que Jesus e o

Espírito Santo são também eles Deus e Senhor, não introduz nenhuma divisão no Deus Uno.

38. Com que nome Deus se revela?

203-205
230-231

Deus revela-se a Moisés como o Deus vivo, «o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob» (Ex 3,6). Ao mesmo

Moisés, Deus revela também o seu nome misterioso: «Eu Sou aquele que Sou (YHWH)». O nome inefável de Deus, já nos

tempos do Antigo Testamento, foi substituído pela palavra Senhor. Assim, no Novo Testamento, Jesus, chamado Senhor,

aparece como verdadeiro Deus.

39. Só Deus «é»?

212-213

Enquanto as criaturas receberam d’Ele tudo o que são e têm, só Deus é em si mesmo a plenitude do ser e de toda a

perfeição. Ele é «Aquele que é», sem origem e sem fim. Jesus revela que também Ele é portador do nome divino: «Eu

sou» (Jo 8, 28).

40. Porque é importante a revelação do nome de Deus?

206-213

Ao revelar o seu Nome, Deus dá a conhecer as riquezas do seu mistério inefável: só Ele é, desde sempre e para

sempre, Aquele que transcende o mundo e a história. Foi Ele que fez o céu e aterra. Ele é o Deus fiel, sempre

próximo do seu povo para o salvar. É o Santo por excelência, «rico de misericórdia» (Ef 2,4), sempre pronto a

perdoar. É o Ser espiritual, transcendente, omnipotente, eterno, pessoal, perfeito. É verdade e amor.



«Deus é o ser infinitamente perfeito que é a
Santíssima Trindade» (S. Turíbio de Mongrovejo).



41. Em que sentido Deus é a verdade?

214-217
231

Deus é a própria Verdade e como tal não se engana e não pode enganar. Ele «é luz e n’Ele não há trevas» (1 Jo 1,5).

O Filho eterno de Deus, Sabedoria encarnada, foi enviado ao mundo «para dar testemunho da Verdade» (Jo 18, 37).

42. De que maneira Deus revela que é amor?

218-221

Deus revela-se a Israel como Aquele que tem um amor mais forte que o pai ou a mãe pelos seus filhos ou o esposo pela

sua esposa. Ele, em Si mesmo, «é amor» (1 Jo 4,8.16), que se dá completa e gratuitamente, «que tanto amou o mundo

que lhe deu o seu próprio Filho unigénito, para que o mundo seja salvo por seu intermédio» (Jo 3,16-17). Enviando o

seu Filho e o Espírito Santo, Deus revela que Ele próprio é eterna permuta de amor.

43. O que implica crer em um só Deus?

222-227
229

Crer em Deus, o Único, implica: conhecer a sua grandeza e majestade; viver em acção de graças; confiar sempre n’Ele,

até nas adversidades; reconhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens, criados à imagem de Deus;

usar rectamente as coisas por Ele criadas.

44. Qual é o mistério central da fé e da vida cristã?

232-237

O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são baptizados no nome do

Pai e do Filho e do Espírito Santo.

45. O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido só pela razão humana?

237

Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como

Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha, e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação

do Filho de Deus e do envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os

outros mistérios.

46. O que nos revela Jesus Cristo sobre o mistério do Pai?

240-242

Jesus Cristo revela-nos que Deus é «Pai», não só enquanto é Criador do universo e do homem, mas sobretudo porque, no

seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu Verbo, «resplendor da sua glória, e imagem da sua substância» (Heb1,

3).

47. Quem é o Espírito Santo que Jesus Cristo nos revelou?

243-248

É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho. Ele «procede do Pai» (Jo 15,

26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque),

pelo dom eterno que o Pai faz de Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a

Igreja «ao conhecimento da Verdade total» (Jo 16, 13).

48. Como é que a Igreja exprime a sua fé trinitária?

249-256
266

A Igreja exprime a sua fé trinitária confessando um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três

Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina.

Elas são realmente distintas entre si, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho

é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.

49. Como operam as três Pessoas divinas?

257-260
267

Inseparáveis na sua única substância, as Pessoas divinas são inseparáveis também no seu operar: a Trindade tem uma

só e mesma operação. Mas no único agir divino, cada Pessoa está presente segundo o modo que lhe é próprio na

Trindade.



«Ó meu Deus, Trindade que eu adoro... pacificai a minha alma;
fazei dela o vosso céu, vossa morada querida e o lugar
do vosso repouso. Que eu não vos deixe nunca só, mas que
esteja lá, com todo o meu ser, toda vigilante na minha fé, toda
em adoração, toda oferecida à vossa acção criadora»
(Beata Isabel da Trindade).



50. O que significa que Deus é omnipotente?

268-278

Deus revelou-se como «o Forte, o Potente» (Sal 24, 8-10), Aquele para quem «nada é impossível» (Lc 1,37). A sua

omnipotência é universal, misteriosa, e manifesta-se na criação do mundo a partir do nada e na criação do homem por

amor, mas sobretudo na Encarnação e na Ressurreição do Seu Filho, no dom da adopção filial e no perdão dos pecados.

Por isso a Igreja dirige a sua oração ao «Deus omnipotente e eterno» («Omipotens sempiterne Deus»).

51. Porque é importante afirmar: «No princípio criou Deus o céu e a terra» (Gn 1,1)?

279-289
315

Porque a Criação é o fundamento de todos os projectos divinos de salvação; manifesta o amor omnipotente e sapiente

de Deus; é o primeiro passo para a Aliança do Deus único com o seu povo; é o início da história da salvação que

culmina em Cristo; é uma primeira resposta às questões fundamentais do homem acerca da sua própria origem e do seu

fim.

52. Quem criou o mundo?

290-292
316

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o princípio único e indivisível do mundo, ainda que a obra da criação do mundo

seja particularmente atribuída ao Pai.

53. Para que foi criado o mundo?

293-294
319

O mundo foi criado para a glória de Deus, que quis manifestar e comunicar a sua bondade, verdade e beleza. O fim

último da criação é que Deus, em Cristo, possa ser «tudo em todos» (1 Cor 15,28), para a sua glória e para a nossa

felicidade.



«A Glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem
é a visão de Deus» (Santo Ireneu).



54. Como é que Deus criou o universo?

295-301
317-320

Deus criou o universo livremente, com sabedoria e amor. O mundo não é o produto duma necessidade, dum destino cego

ou do acaso. Deus criou «do nada» (ex nihilo: 2Mac 7,28) um mundo ordenado e bom, que Ele transcende infinitamente.

Deus conserva no ser a sua criação e sustenta-a, dando-lhe a capacidade de agir, e conduzindo-a à sua realização,

por meio do seu Filho e do Espírito Santo.

55. Em que consiste a Providência divina?

302-306
321

A Providência divina consiste nas disposições com as quais Deus conduz as suas criaturas para a perfeição última, à

qual Ele as chamou. Deus é o autor soberano do seu desígnio. Mas para a realização do mesmo serve-se também da

cooperação das suas criaturas. Ao mesmo tempo, dá às criaturas a dignidade de agirem por si mesmas, de serem causas

umas das outras.

56. Como é que o homem colabora com a Providência divina?

307-308
323

Ao homem, Deus concede e requer, respeitando a sua liberdade, a colaboração através das suas acções, das suas

orações e mesmo com os seus sofrimentos, suscitando nele «o querer e o operar segundo os seus benévolos desígnios»

(Filp 2,13).

57. Se Deus é omnipotente e providente porque é que existe o mal?

309-310
324. 400

A esta pergunta, tão dolorosa quanto misteriosa, só o conjunto da fé cristã pode dar resposta. Deus não é de maneira

nenhuma, nem directamente nem indirectamente, a causa do mal. Ele ilumina o mistério do mal no seu Filho Jesus

Cristo, que morreu e ressuscitou para vencer aquele grande mal moral que é o pecado dos homens e que é a raiz dos

outros males.

58. Porque é que Deus permite o mal?

311-314
324

A fé dá-nos a certeza de que Deus não permitiria o mal se do próprio mal não extraísse o bem. Deus realizou

admiravelmente isso mesmo na morte e ressurreição de Cristo: com efeito, do maior mal moral, a morte do Seu Filho,

Ele retirou os bens maiores, a glorificação de Cristo e a nossa redenção.



O céu e a terra



59. O que é que Deus criou?

325-327

A Sagrada Escritura diz: «No princípio Deus criou o céu e a terra» (Gn 1,1). A Igreja, na sua profissão de fé,

proclama que Deus é o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis: de todos os seres espirituais e materiais,

isto é, dos anjos e do mundo visível, e em particular do homem.

60. Quem são os anjos?

328-333
350-351

Os anjos são criaturas puramente espirituais, incorpóreas, invisíveis e imortais, seres pessoais dotados de

inteligência e de vontade. Estes, contemplando incessantemente a Deus face a face, glorificam-no, servem-no e são os

seus mensageiros no cumprimento da missão de salvação, em prol de todos os homens.

61. Como é que os anjos estão presentes na vida da Igreja?

334-336
352

A Igreja une-se aos anjos para adorar a Deus, invoca a sua assistência e celebra liturgicamente a memória de alguns.



«Cada fiel tem ao seu lado um anjo como protector e pastor,
para o conduzir à vida» (S. Basílio Magno).



62. Que ensina a Sagrada Escritura sobre a criação do mundo visível?

337-344

Ao narrar os «seis dias» da criação, a Sagrada Escritura dá-nos a conhecer o valor dos seres criados e a sua

finalidade de louvor a Deus e serviço ao homem. Todas as coisas devem a sua existência a Deus, de quem recebem a sua

bondade e perfeição, as suas leis e o lugar no universo.

63. Qual é o lugar do homem na criação?

343-344
353

O homem é o vértice da criação visível, pois é criado à imagem e semelhança de Deus.

64. Que tipo de relação existe entre as coisas criadas?

342-354

Entre as criaturas existe uma interdependência e uma hierarquia queridas por Deus. Ao mesmo tempo, existe uma

unidade e solidariedade entre as criaturas, uma vez que todas têm o mesmo Criador, são por Ele amadas e estão

ordenadas para a sua glória. Respeitar as leis inscritas na Criação e as relações derivantes da natureza das coisas

é portanto um princípio de sabedoria e um fundamento da moral.

65. Qual a relação entre a obra da criação e a da redenção?

345-349

A obra da criação culmina na obra ainda maior da redenção. Com efeito, esta dá início à nova criação, na qual tudo

reencontrará o seu pleno sentido e o seu acabamento.



O homem



66. Em que sentido o homem é criado «à imagem de Deus»?

355-358

Afirmar que o homem é criado à imagem de Deus significa que ele é capaz de conhecer e amar, na liberdade, o próprio

Criador. É a única criatura, nesta terra, que Deus quis por si mesma e que chamou a partilhar a sua vida divina, no

conhecimento e no amor. Enquanto criado à imagem de Deus, o homem tem a dignidade de pessoa: não é uma coisa mas

alguém, capaz de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente e de entrar em comunhão com Deus e com as outras

pessoas.

67. Para que fim Deus criou o homem?

358-359

Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado para conhecer, servir e amar a Deus, para Lhe oferecer neste

mundo toda a criação em acção de graças e para ser elevado à vida com Deus no céu. Só no mistério do Verbo encarnado

se esclarece verdadeiramente o mistério do homem, predestinado a reproduzir a imagem do Filho de Deus feito homem,

que é a perfeita «imagem de Deus invisível» (Col 1, 15).

68. Porque é que os homens constituem uma unidade?

360-361

Todos os homens formam a unidade do género humano, graças à sua comum origem em Deus. Para além disso, Deus criou «a

partir de um só homem todo o género humano» (Act 17,26). Todos têm também um único Salvador e todos são chamados a

partilhar a eterna felicidade de Deus.

69. Como é que, no homem, a alma e o corpo formam uma unidade?

362-356
382

A pessoa humana é um ser ao mesmo tempo corpóreo e espiritual. O espírito e a matéria, no homem, formam uma única

natureza. Esta unidade é tão profunda que, graças ao princípio espiritual que é a alma, o corpo, que é material, se

torna um corpo humano e vivo e participa na dignidade de imagem de Deus.

70. Quem dá a alma ao ser humano?

366-368
383

A alma espiritual não vem dos pais, mas é criada directamente por Deus e é imortal. Separando-se do corpo no momento

da morte, ela não perece; voltará a unir-se novamente ao corpo, no momento da ressurreição final.

71. Que relação Deus estabeleceu entre o homem e a mulher?

369-373
383

O homem e a mulher foram criados por Deus com uma igual dignidade enquanto pessoas humanas e, ao mesmo tempo, numa

complementaridade recíproca enquanto masculino e feminino. Deus quis que fossem um para o outro, para uma comunhão

de pessoas. Juntos são também chamados a transmitir a vida humana, formando no matrimónio «uma só carne» (Gn 2, 24),

e a dominar a terra como «administradores» de Deus.

72. Qual era a condição originária do homem segundo o projecto de Deus?

374-379
384

Deus, criando o homem e a mulher, tinha-lhes dado uma participação especial na própria vida divina, em santidade e

justiça. Segundo o projecto de Deus, o homem não deveria nem sofrer nem morrer. Além disso, reinava uma harmonia

perfeita no próprio ser humano, entre a criatura e o criador, entre o homem e a mulher, bem como entre o primeiro

casal humano e toda a criação.



A queda



73. Como se compreende a realidade do pecado?

385-389

O pecado está presente na história do homem. Tal realidade só se esclarece plenamente à luz da Revelação divina, e

sobretudo à luz de Cristo Salvador universal, que fez superabundar a graça onde abundou o pecado.

74. O que é a queda dos anjos?

391-395
414

Com esta expressão indica-se que Satanás e os outros demónios de que falam a Sagrada Escritura e a Tradição da

Igreja, de anjos criados bons por Deus, se transformaram em maus, porque, mediante uma opção livre e irrevogável,

recusaram Deus e o seu Reino, dando assim origem ao inferno. Procuram associar o homem à sua rebelião contra Deus;

mas Deus afirma em Cristo a Sua vitória segura sobre o Maligno.

75. Em que consiste o primeiro pecado do homem?

396-403
415-417

O homem, tentado pelo diabo, deixou apagar no seu coração a confiança em relação ao seu Criador e,

desobedecendo-lhe, quis tornar-se «como Deus», sem Deus e não segundo Deus (Gn 3, 5). Assim, Adão e Eva perderam

imediatamente, para si e para todos os seus descendentes, a graça da santidade e da justiça originais.

76. O que é o pecado original?

404
419

O pecado original, no qual todos os homens nascem, é o estado de privação da santidade e da justiça originais. É um

pecado por nós «contraído» e não «cometido»; é uma condição de nascimento e não um acto pessoal. Por causa da

unidade de origem de todos os homens, ele transmite-se aos descendentes de Adão com a natureza humana, «não por

imitação mas por propagação». Esta transmissão permanece um mistério que não podemos compreender plenamente.

77. Que outras consequências provoca o pecado original?

405-409
418

Em consequência do pecado original, a natureza humana, sem ser totalmente corrompida, fica ferida nas suas forças

naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento, ao poder da morte, e inclinada ao pecado. Tal inclinação é chamada

concupiscência.

78. Depois do primeiro pecado, o que fez Deus?

410-412
420

Após o primeiro pecado, o mundo foi inundado por pecados, mas Deus não abandonou o homem ao poder da morte. Pelo

contrário, pré-anunciou de modo misterioso – no «Proto-evangelho» (Gn 3,15) – que o mal seria vencido e o homem

levantado da queda. É o primeiro anúncio do Messias redentor. Por isso a queda será mesmo chamada feliz culpa,

porque «mereceu um tal e tão grande Redentor» (Liturgia da Vigília pascal).



CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO,
O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS



79. Qual é a Boa Nova para o homem?

422-424

É o anúncio de Jesus Cristo, «o Filho do Deus vivo» (Mt 16,16), morto e ressuscitado. No tempo do rei Herodes e do

imperador César Augusto, Deus cumpriu as promessas feitas a Abraão e à sua descendência enviando «o Seu Filho,

nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei, e nos tornar seus filhos

adoptivos» (Gal 4, 4-5).

80. Como se difunde esta Boa Nova?

425-429

Desde o início os primeiros discípulos tiveram um ardente desejo de anunciar Jesus Cristo, com o fim de conduzir à

fé n’Ele. Também hoje, do amoroso conhecimento de Cristo nasce o desejo de evangelizar e catequizar, isto é, de

revelar na sua pessoa o pleno desígnio de Deus e de colocar a humanidade em comunhão com Ele.



«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»



81. Que significa o nome «Jesus»?

430-435
452

Dado pelo Anjo no momento da Anunciação, o nome «Jesus» significa «Deus salva». Exprime a sua identidade e a sua

missão, «porque é Ele que salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1,21). Pedro afirma que «não existe debaixo do

céu outro Nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos» (Act 4,12).

82. Porque é que Jesus é chamado «Cristo»?

436-440
453

«Cristo» em grego, «Messias» em hebraico, significa «ungido». Jesus é o Cristo porque é consagrado por Deus, ungido

pelo Espírito Santo para a missão redentora. Ele é o Messias esperado por Israel, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus

aceitou o título de Messias, precisando porém o seu sentido: «descido do céu» (Jo 3,13), crucificado e depois

ressuscitado, Ele é o Servo Sofredor «que dá a sua vida em resgate pela multidão» (Mt 20,28). Do nome Cristo é que

veio para nós o nome de cristãos.

83. Em que sentido Jesus é o «Filho Unigénito de Deus»?

441-445
454

No sentido único e perfeito. No momento do Baptismo e da Transfiguração, a voz do Pai designa Jesus como seu «Filho

predilecto». Apresentando-se a Si mesmo como o Filho que «conhece o Pai» (Mt 11,27), Jesus afirma a Sua relação

única e eterna com Deus Seu Pai. Ele é «o Filho Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da Trindade. É o

centro da pregação apostólica: os Apóstolos viram «a Sua glória, como de Unigénito do Pai» (Jo 1, 14).

84. O que significa o título «Senhor»?

446-451
455

Na Bíblia, este título designa habitualmente Deus Soberano. Jesus atribui-o a si mesmo e revela a sua soberania

divina através do poder sobre a natureza, sobre os demónios, sobre o pecado e sobre a morte, sobretudo com a sua

Ressurreição. As primeiras confissões cristãs proclamam que o poder, a honra e a glória devidas a Deus Pai são

também devidas a Jesus: Deus «deu-Lhe o Nome que está acima de todos os nomes» (Fil 2,9). Ele é o Senhor do mundo e

da história, o único a quem o homem deve submeter completamente a própria liberdade pessoal.



«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER
DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»



85. Porque é que o Filho de Deus se fez homem?

456-460

O Filho de Deus encarnou no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, por causa de nós homens e para nossa

salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para

ser o nosso modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4).

86. Que significa a palavra «Encarnação»?

461-463
483

A Igreja chama «Encarnação» ao mistério da admirável união da natureza divina e da natureza humana na única Pessoa

divina do Verbo. Para realizar a nossa salvação, o Filho de Deus fez-se «carne» (Jo 1,14) tornando-se

verdadeiramente homem. A fé na Encarnação é o sinal distintivo da fé cristã.

87. De que modo Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem?

464-467
469

Jesus é, inseparavelmente, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na unidade da sua Pessoa divina. Ele, o Filho de

Deus, que é «gerado, não criado, consubstancial ao Pai», fez-se verdadeiramente homem, nosso irmão, sem com isto

deixar de ser Deus, nosso Senhor.

88. Que ensina acerca disto o Concílio de Calcedónia (ano 451)?

467

O Concílio de Calcedónia ensina a confessar «um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na sua

divindade e perfeito na sua humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem, composto de alma racional e de corpo,

consubstancial ao Pai pela sua divindade, consubstancial a nós pela humanidade, “em tudo semelhante a nós, excepto

no pecado” (Heb 4, 15); gerado pelo Pai antes de todos os séculos, segundo a divindade e, nestes últimos tempos, por

nós homens e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria e Mãe de Deus, segundo a humanidade».

89. Como é que a Igreja exprime do mistério da Encarnação?

464-469
479-481

Exprime-o afirmando que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, com duas naturezas, a divina e a humana,

que se não confundem, mas estão unidas na Pessoa do Verbo. Portanto, na humanidade de Jesus, tudo – milagres,

sofrimento, morte – deve ser atribuído à sua Pessoa divina, que age através da natureza humana assumida.



«Ó Filho Unigénito e Verbo de Deus, Tu que és imortal, para a nossa salvação dignaste-Te encarnar no seio da santa

Mãe de Deus e sempre Virgem Maria ( ... ). Tu que és Um da Santa Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo,

salva-nos!» (Liturgia Bizantina de S. João Crisóstomo).



90. O Filho de Deus feito homem tinha uma alma com um conhecimento humano?

470-474
482

O Filho de Deus assumiu um corpo animado por uma alma racional humana. Com a sua inteligência humana, Jesus aprendeu

muitas coisas através da experiência. Mas também, como homem, o Filho de Deus tinha um conhecimento íntimo e

imediato de Deus seu Pai. Penetrava igualmente os pensamentos secretos dos homens e conhecia plenamente os desígnios

eternos que Ele viera revelar.

91. Como se harmonizam as duas vontades do Verbo encarnado?

475
482

Jesus tem uma vontade divina e uma vontade humana. Na sua vida terrena, o Filho de Deus quis humanamente o que

divinamente decidiu com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação. A vontade humana de Cristo segue, sem

oposição ou relutância, a vontade divina, ou melhor, está subordinada a ela.

92. Cristo tinha um verdadeiro corpo humano?

476-477

Cristo assumiu um verdadeiro corpo humano, através do qual Deus invisível se tornou visível. Por esta razão, Cristo

pode ser representado e venerado nas santas imagens.

93. O que significa o Coração de Jesus?

478

Jesus conheceu-nos e amou-nos com um coração humano. O Seu coração trespassado para nossa salvação é o símbolo

daquele infinito amor com o qual Ele ama o Pai e cada um dos homens.

94. «Concebido por obra do Espírito Santo...»: o que significa esta expressão?

484-486

Significa que a Virgem Maria concebeu o Filho eterno no seu seio, por obra do Espírito Santo e sem a colaboração de

homem: «O Espírito Santo descerá sobre ti» (Lc 1, 35), disse-lhe o Anjo na Anunciação.

95. «…Nascido da Virgem Maria»: porque é que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus?

495
509

Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque é a mãe de Jesus (Jo 2,1; 19,25). Com efeito, Aquele que foi concebido

por obra do Espírito Santo e que se tornou verdadeiramente Filho de Maria é o Filho eterno de Deus Pai. É Ele mesmo

Deus.

96. O que significa «Imaculada Conceição»?

487-492
508

Deus escolheu gratuitamente Maria desde toda a eternidade para que fosse a Mãe de seu Filho: para cumprir tal

missão, foi concebida imaculada. Isto significa que, pela graça de Deus e em previsão dos méritos de Jesus Cristo,

Maria foi preservada do pecado original desde a sua concepção.

97. Como colabora Maria no desígnio divino da salvação?

493-494
508-511

Durante toda a sua existência, por graça de Deus, Maria conservou-se imune de todo o pecado pessoal. É a «cheia de

graça» (Lc 1,28) e a «Toda Santa». Quando o Anjo lhe anuncia que dará à luz «o Filho do Altíssimo» (Lc 1,32), dá

livremente o seu assentimento com a «obediência da fé» (Rm 1,5). Maria entrega-se totalmente à Pessoa e obra do seu

Filho Jesus, abraçando com toda a alma a vontade divina de salvação.

98. Que significa a conceição virginal de Jesus?

496-498
503

Significa que Jesus foi concebido no seio da Virgem apenas pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção de homem.

Ele é o Filho do Pai celeste, segundo a natureza divina, e Filho de Maria segundo a natureza humana, mas

propriamente Filho de Deus nas suas naturezas, existindo nele uma única Pessoa, a divina.

99. Em que sentido Maria é «sempre Virgem»?

499-507
510-511

No sentido de que Maria «permaneceu Virgem na concepção do seu Filho, Virgem no parto, Virgem grávida, Virgem mãe,

Virgem perpétua» (Santo Agostinho). Portanto, quando os Evangelhos falam de «irmãos e irmãs de Jesus», trata-se de

parentes próximos de Jesus, segundo uma expressão usual na Sagrada Escritura.

100. De que modo é que a maternidade espiritual de Maria é universal?

501-507
511

Maria tem um único Filho, Jesus, mas, n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-se a todos os homens que Ele veio

salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a Virgem é a nova Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que

coopera com amor de mãe no seu nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura da

Igreja e a sua realização mais perfeita.

101. Em que sentido toda a vida de Cristo é Mistério?

512-521
561-562

Toda a vida de Cristo é acontecimento de revelação: o que é visível na vida terrena de Jesus conduz ao seu Mistério

invisível, sobretudo ao Mistério da sua filiação divina: «quem me vê, vê o Pai» (Jo 14, 19). Além disso, embora a

salvação provenha plenamente da cruz e da ressurreição, toda a vida de Cristo é Mistério de salvação, porque tudo o

que Jesus fez, disse e sofreu tinha como objectivo salvar o homem caído e restabelece-lo na sua vocação de filho de

Deus.

102. Quais foram as preparações para os Mistérios de Jesus?

522-524

Antes de mais, houve uma longa preparação de muitos séculos, que nós revivemos na celebração litúrgica do tempo do

Advento. Para além da obscura expectativa que colocou no coração dos pagãos, Deus preparou a vinda do seu Filho

através da Antiga Aliança, até João Baptista que é o último e o maior dos profetas.

103. Que ensina o Evangelho sobre os Mistérios do nascimento e da infância de Jesus?

525-530
563-564

No Natal, a glória do Céu manifesta-se na debilidade dum menino; a circuncisão de Jesus é sinal da pertença ao povo

hebraico e prefiguração do nosso Baptismo; a Epifania é a manifestação do Rei-Messias de Israel a todas as gentes;

na sua apresentação no templo, em Simeão e Ana é toda a esperança de Israel que vem ao encontro do seu Salvador; a

fuga para o Egipto e a matança dos inocentes anunciam que toda a vida de Cristo estará sob o sinal da perseguição; o

seu regresso do Egipto recorda o Êxodo e apresenta Jesus como o novo Moisés: Ele é o verdadeiro e definitivo

libertador.

104. O que é que nos ensina a vida oculta de Jesus em Nazaré?

533-534
564

Durante a vida oculta em Nazaré, Jesus permanece no silêncio duma vida normal. Permite-nos assim estar em comunhão

com Ele, na santidade duma vida quotidiana feita de oração, de simplicidade, de trabalho, de amor familiar. A sua

submissão a Maria e a José, seu pai putativo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai. Maria e José, com a sua

fé, acolhem o Mistério de Jesus, ainda que nem sempre o compreendam.

105. Porque é que Jesus recebe de João o «baptismo de conversão para o perdão dos pecados» (Lc 3, 3)?

535-537
565

Para dar início à sua vida pública e antecipar o «Baptismo» da Sua morte: aceita assim, embora sendo sem pecado, ser

contado entre os pecadores, Ele, «o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O Pai proclama-O Seu

«Filho predilecto» (Mt 3,17) e o Espírito desce sobre Ele. O baptismo de Jesus é a prefiguração do nosso baptismo.

106. O que revelam as tentações de Jesus no deserto?

538-540
566

As tentações de Jesus recapitulam a tentação de Adão no paraíso e as de Israel no deserto. Satanás tenta Jesus na

sua obediência à missão que Lhe tinha sido confiada pelo Pai. Cristo, novo Adão, resiste, e a sua vitória anuncia a

vitória da sua paixão, suprema obediência do seu amor filial. A Igreja une-se, em particular, a este Mistério, no

tempo litúrgico da Quaresma.

107. Quem é convidado para o Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus?

541-546
567

Jesus convida todos os homens a tomar parte no Reino de Deus. Mesmo o pior pecador é chamado a converter-se e a

aceitar a infinita misericórdia do Pai. O Reino pertence, já aqui sobre a terra, àqueles que o acolhem com coração

humilde. É a eles que são revelados os seus Mistérios.

108. Porque é que Jesus anuncia o Reino com sinais e milagres?

547-550
567

Jesus acompanha a sua palavra com sinais e milagres para atestar que o Reino está presente n’Ele, o Messias. Embora

Ele cure algumas pessoas, não veio para eliminar todos os males aqui na terra, mas, antes de mais, para nos libertar

da escravidão do pecado. A expulsão dos demónios anuncia que a sua cruz será vitoriosa sobre o «príncipe deste

mundo» (Jo 12,31).

109. Que autoridade confere Jesus aos seus Apóstolos, no Reino?

551-553
567

Jesus escolhe os Doze, futuras testemunhas da sua Ressurreição, e torna-os participantes da sua missão e da sua

autoridade para ensinar, absolver os pecados, edificar e governar a Igreja. Neste colégio, Pedro recebe «as chaves

do Reino» (Mt 16,19) e ocupa o primeiro lugar, com a missão de guardar a fé na sua integridade e de confirmar os

seus irmãos.

110. Qual o significado da transfiguração?

554-556
568

Na Transfiguração aparece antes de mais a Trindade: «O Pai na voz, o Filho no homem, o Espírito na nuvem brilhante»

(S. Tomás de Aquino). Evocando, com Moisés e Elias, a sua «partida» (Lc 9, 31), Jesus mostra que a sua glória passa

através da cruz e antecipa a sua ressurreição e a sua vinda gloriosa, pois «transfigurará o nosso pobre corpo para

transformá-lo no seu corpo glorioso» (Filp 3, 21).



«Transfiguraste-Te sobre a montanha e, na medida em que disso eram capazes, os teus discípulos contemplaram a Tua

glória, Cristo Deus, para que, quando te vissem crucificado, compreendessem que a Tua Paixão era voluntária, e

anunciassem ao mundo que Tu és verdadeiramente a irradiação do Pai» (Liturgia Bizantina).



111. Como se deu a entrada messiânica em Jerusalém?

557-560
569-570

No tempo estabelecido, Jesus decide subir a Jerusalém para sofrer a sua paixão, morrer e ressuscitar. Como Rei

Messias que manifesta a vinda do reino, Ele entra na sua cidade montado num jumento. É acolhido pelos humildes, cuja

aclamação é retomada no Sanctus eucarístico: «Bendito aquele que vem no nome do Senhor! Hossana (salva-nos)» (Mt

21,9). A liturgia da Igreja inicia a Semana Santa com a celebração desta entrada em Jerusalém.



«JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS,
FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO»



112. Qual é a importância do Mistério pascal de Jesus?

571-573

O Mistério pascal de Jesus, que compreende a sua paixão, morte, ressurreição e glorificação, está no centro da fé

cristã, porque o desígnio salvífico de Deus se realizou uma vez por todas com a morte redentora do seu Filho, Jesus

Cristo.

113. Quais as acusações para a condenação de Jesus?

574-576

Alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o templo de Jerusalém, e em particular contra a

fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de Deus. Por isso, O entregaram a Pilatos, para que O condenasse à

morte.

114. Qual o comportamento de Jesus, em relação à Lei de Israel?

577-582
592

Jesus não aboliu a Lei, dada por Deus a Moisés no Sinai, mas levou-a à plenitude, dando-lhe a interpretação

definitiva. É o Legislador divino que cumpre integralmente esta Lei. Além disso, Ele, o Servo fiel, oferece mediante

a sua morte expiadora o único sacrifício capaz de redimir todas «as faltas cometidas durante a primeira Aliança»

(Heb 9,15).

115. Qual a atitude de Jesus em relação ao templo de Jerusalém?

583-586
593

Jesus foi acusado de hostilidade em relação ao Templo. Contudo Ele venerou-o como «a morada do seu Pai» (Jo 2,16) e

consagrou-lhe uma parte importante do seu ensino. Mas predisse também a sua destruição, em relação com a sua própria

morte, e Ele mesmo se apresentou como a morada definitiva de Deus entre os homens.

116. Jesus contradisse a fé de Israel no Deus único e salvador?

587-591
594

Jesus nunca contradisse a fé num Deus único, nem sequer quando realizava a obra divina por excelência que cumpria as

promessas messiânicas e o revelava igual a Deus: o perdão dos pecados. A exigência feita por Jesus de fé na sua

pessoa e de conversão permite compreender a trágica incompreensão do Sinédrio que considerou Jesus merecedor de

morte porque blasfemo.

117. Quem é responsável pela morte de Jesus?

595-598

A paixão e a morte de Jesus não podem ser imputadas indistintamente nem a todos os judeus então vivos, nem aos

outros judeus que depois viveram no tempo e no espaço. Cada pecador, isto é, cada homem, é realmente causa e

instrumento dos sofrimentos do Redentor, e culpa maior têm aqueles, sobretudo se são cristãos, que mais

frequentemente caem no pecado ou se deleitam nos vícios.

118. Porque é que a morte de Cristo faz parte do desígnio de Deus?

599-605
619

Para reconciliar consigo todos os homens votados à morte por causa do pecado, Deus tomou a iniciativa amorosa de

enviar o Seu Filho para que se entregasse à morte pelos pecadores. Anunciada no Antigo Testamento, em particular

como sacrifício do Servo sofredor, a morte de Jesus acontece «segundo as Escrituras».

119. Com é que Cristo se ofereceu ao Pai?

606-609
620

Toda a vida de Cristo é oferta livre ao Pai para realizar o seu desígnio de salvação. Ele dá «a sua vida em resgate

por muitos» (Mc 10,45) e deste modo reconcilia com Deus toda a humanidade. O seu sofrimento e a sua morte manifestam

como a sua humanidade é o instrumento livre e perfeito do Amor divino que quer a salvação de todos os homens.

120. Como se manifesta na última Ceia a oferta de Jesus?

610-611
621

Na última Ceia com os Apóstolos, na vigília da paixão, Jesus antecipa, isto é, significa e realiza antecipadamente a

oferta voluntária de Si mesmo: «este é o meu corpo entregue por vós», «este é o meu sangue, que é derramado...» (Lc

22,19-20). Ele institui assim ao mesmo tempo a Eucaristia como «memorial» (1 Cor 11,25) do seu sacrifício e os seus

Apóstolos como sacerdotes da nova Aliança.

121. Que acontece na agonia do horto do Getsemani?

612

Apesar do horror que a morte provoca na humanidade santíssima d’Aquele que é o próprio «Autor da vida» (Act 3,15), a

vontade humana do Filho de Deus adere à vontade do Pai: para nos salvar, Jesus aceita carregar sobre Si os nossos

pecados no seu corpo, «fazendo-se obediente até à morte» (Fil 2,8).

122. Quais os efeitos do sacrifício de Cristo na cruz?

613-617
622-623

Jesus ofereceu livremente a Sua vida em sacrifício de expiação, isto é, reparou as nossas culpas com a plena

obediência do Seu amor até à morte. Este «amor até ao fim» (Jo 13,1) do Filho de Deus reconcilia com o Pai toda a

humanidade. O sacrifício pascal de Cristo resgata portanto os homens num modo único, perfeito e definitivo, e

abre-lhes a comunhão com Deus.

123. Porque é que Jesus convida os discípulos a tomar a sua cruz?

618

Chamando os discípulos a «tomar a sua cruz e a segui-Lo» (Mt 16,24), Jesus quer associar ao seu sacrifício redentor

aqueles mesmos que dele sãos os primeiros beneficiários.

124. Em que condições estava o corpo de Cristo no sepulcro?

624-630

Cristo conheceu uma verdadeira morte e uma verdadeira sepultura. Mas o poder divino preservou o seu corpo da

corrupção.



«JESUS CRISTO DESCEU AOS INFERNOS,
RESSUSCITOU DOS MORTOS AO TERCEIRO DIA»



125. O que são «os infernos», aos quais Jesus desceu?

632-637

Os «infernos» (não confundir com o inferno da condenação) ou mansão dos mortos, designam o estado de todos aqueles

que, justos ou maus, morreram antes de Cristo. Com a alma unida à sua Pessoa divina, Jesus alcançou, nos infernos,

os justos que esperavam o seu Redentor para acederem finalmente à visão de Deus. Depois de com a sua morte, ter

vencido a morte e o diabo «que da morte tem o poder» (Heb 2,14), libertou os justos que esperavam o Redentor, e

abriu-lhes as portas do Céu.

126. Que lugar ocupa a ressurreição de Cristo na nossa fé?

631, 638

A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo e representa, com a Cruz, uma parte essencial

do Mistério pascal.

127. Que «sinais» atestam a ressurreição de Jesus?

639-644
656-657

Para além do sinal essencial constituído pelo túmulo vazio, a Ressurreição de Jesus é atestada pelas mulheres que

foram as primeiras a encontrar Jesus e o anunciaram aos Apóstolos. A seguir, Jesus «apareceu a Cefas (Pedro) e

depois aos Doze. Seguidamente, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez» (1 Cor 15,5-6) e a outros ainda.

Os Apóstolos não teriam podido inventar a Ressurreição, uma vez que esta lhes parecia impossível: de facto, Jesus

repreendeu-os pela sua incredulidade.

128. Porque é que a Ressurreição é ao mesmo tempo um acontecimento transcendente?

647
656-657

Embora seja um acontecimento histórico, constatável e atestado através dos sinais e testemunhos, a Ressurreição,

enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus, transcende e supera a história, como mistério da fé. Por

este motivo, Cristo ressuscitado não se manifestou ao mundo mas aos seus discípulos, fazendo deles as suas

testemunhas junto do povo.

129. Qual é o estado do corpo ressuscitado de Jesus?

645-646

A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena. O Seu corpo ressuscitado é Aquele que foi crucificado e

apresenta os vestígios da Sua Paixão, mas é doravante participante da vida divina com as propriedades dum corpo

glorioso. Por esta razão, Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer aos seus discípulos como Ele quer,

onde Ele quer e sob aspectos diversos.

130. De que modo a Ressurreição é obra da Santíssima Trindade?

648-650

A Ressurreição de Cristo é uma obra transcendente de Deus. As três Pessoas actuam conjuntamente segundo o que lhes é

próprio: o Pai manifesta o Seu poder; o Filho «retoma» a vida que livremente ofereceu (Jo 10,17) reunindo a Sua alma

e o Seu corpo, que o Espírito vivifica e glorifica.

131. Qual o sentido e a importância da Ressurreição?

651-655
658

A Ressurreição é o culminar da Encarnação. Ela confirma a divindade de Cristo, e também tudo o que Ele fez e

ensinou, e realiza todas as promessas divinas em nosso favor. Além disso, o Ressuscitado, vencedor do pecado e da

morte, é o princípio da nossa justificação e da nossa Ressurreição: a partir de agora, Ele garante-nos a graça da

adopção filial que é a participação real na sua vida de Filho unigénito; depois, no final dos tempos, Ele

ressuscitará o nosso corpo.



«JESUS SUBIU AO CÉU
ESTÁ SENTADO À DIREITA DO PAI OMNIPOTENTE»



132. O que é que significa a Ascensão?

659-667

Passados os quarenta dias em que se mostrou aos Apóstolos sob as aparências duma humanidade normal que ocultavam a

sua glória de Ressuscitado, Cristo sobe ao céu e senta-se à direita do Pai. Ele é o Senhor que agora reina com a sua

humanidade na glória eterna de Filho de Deus e sem cessar intercede por nós junto do Pai. Envia-nos o Seu Espírito e

tendo-nos preparado um lugar, dá-nos a esperança de um dia ir ter com Ele.



«DE ONDE VIRÁ A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS»



133. Como reina agora o Senhor Jesus?

668-674
680

Senhor do cosmos e da história, Cabeça da sua Igreja, Cristo glorificado permanece misteriosamente sobre a terra,

onde o Seu Reino já está presente como germe e início na Igreja. Ele um dia voltará em glória, mas não sabemos

quando. Por isso, vivemos vigilantes, rezando: «Vem, Senhor» (Ap 22,20).

134. Como se realizará a vinda do Senhor na glória?

675-677
680

Após o último abalo cósmico deste mundo que passa, a vinda gloriosa de Cristo acontecerá com o triunfo definitivo de

Deus na Parusia de Cristo e com o Juízo final. Assim se cumprirá o Reino de Deus.

135. Como é que Cristo julgará os vivos e os mortos?

678-679
681-682

Cristo julgará com o poder adquirido como Redentor do mundo, vindo para salvar os homens. Os segredos dos corações

serão revelados, bem como o procedimento de cada um em relação a Deus e ao próximo. Cada homem será repleto de vida

ou condenado para a eternidade segundo as suas obras. Assim se realizará «a plenitude de Cristo» (Ef 4,13), na qual

«Deus será tudo em todos» (1 Cor 15,28).



CAPÍTULO TERCEIRO

CREIO NO ESPÍRITO SANTO

«CREIO NO ESPÍRITO SANTO»



136. Que quer dizer a Igreja quando professa: «Creio no Espírito Santo»?

683-686

Crer no Espírito Santo é professar a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho, e «com o

Pai e o Filho é adorado e glorificado». O Espírito foi «enviado aos nossos corações» (Gal 4,6) para recebermos a

vida nova de filhos de Deus.

137. Porque é que as missões do Filho e do Espírito são inseparáveis?

687-690
742-743

Na Trindade indivisível, o Filho e o Espírito são distintos mas inseparáveis. De facto, desde o princípio até ao

final dos tempos, quando o Pai envia o Seu Filho, envia também o Seu Espírito que nos une a Cristo na fé, para, como

filhos adoptivos, podermos chamar Deus «Pai» (Rm 8,15). O Espírito é invisível, mas nós conhecemo-lo através da sua

acção quando nos revela o Verbo e quando age na Igreja.

138. Quais são as designações do Espírito Santo?

691-693

«Espírito Santo» é o nome próprio da terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Jesus chama-lhe também: Espírito

Paráclito (Consolador, Advogado) e Espírito de Verdade. O Novo Testamento chama-o ainda: Espírito de Cristo, do

Senhor, de Deus, Espírito da glória, da promessa.

139. Com que símbolos se representa o Espírito Santo?

694-701

São numerosos: a água viva que jorra do coração trespassado de Cristo e dessedenta os baptizados; a unção com o óleo

que é o sinal sacramental da Confirmação; o fogo que transforma o que toca; a nuvem, obscura e luminosa, na qual se

revela a glória divina; a imposição das mãos mediante a qual é dado o Espírito; a pomba que desce sobre Cristo e

permanece sobre Ele no baptismo.

140. O que significa que o Espírito «falou pelos profetas»?

687-688
702-706
743

Com o termo profetas entende-se todos os que foram inspirados pelo Espírito Santo para falar em nome de Deus. O

Espírito conduz as profecias do Antigo Testamento ao seu pleno cumprimento em Cristo, de quem revela o mistério no

Novo Testamento.

141. O que é que o Espírito Santo realiza em João Baptista?

717-720

João Baptista, o último profeta do Antigo Testamento é cheio do Espírito Santo, que o envia a «preparar para o

Senhor um povo bem disposto» (Lc 1,17) e a anunciar a vinda de Cristo, Filho de Deus: Aquele sobre o qual João viu o

Espírito descer e permanecer, «Aquele que baptiza no Espírito» (Jo 1,33).

142. Qual é a obra do Espírito em Maria?

721-726
744

Em Maria, o Espírito Santo realiza as expectativas e a preparação do Antigo Testamento para a vinda de Cristo. De

forma única enche-a de graça e torna fecunda a sua virgindade para dar à luz o Filho de Deus encarnado. Faz dela a

Mãe do «Cristo total», isto é, de Jesus Cabeça e da Igreja que é o seu corpo. Maria está com os Doze no dia de

Pentecostes, quando o Espírito inaugura os «últimos tempos» com a manifestação da Igreja.

143. Qual a relação entre o Espírito e Cristo Jesus, na missão terrena?

727-730
745-746

O Filho de Deus é consagrado Messias através da unção do Espírito na sua humanidade desde a Encarnação. Ele revela-O

no seu ensino, cumprindo a promessa feita aos antepassados e comunica-O à Igreja nascente, soprando sobre os

Apóstolos depois da Ressurreição.

144. O que acontece no Pentecostes?

731-732
738

Cinquenta dias após a Ressurreição, no Pentecostes, Jesus Cristo glorificado infunde o Espírito em abundância e

manifesta-O como Pessoa divina, de modo que a Santíssima Trindade é plenamente revelada. A Missão de Cristo e do

Espírito torna-se a Missão da Igreja, enviada a anunciar e a difundir o mistério da comunhão trinitária.



«Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontrámos a verdadeira fé: adoramos a Trindade indivisível

porque nos salvou» (Liturgia Bizantina, Tropário das Vésperas de Pentecostes)



145. Que faz o Espírito Santo na Igreja?

733-741
747

O Espírito edifica, anima e santifica a Igreja: Espírito de Amor, Ele torna a dar aos baptizados a semelhança divina

perdida por causa do pecado e fá-los viver em Cristo da própria Vida da Santíssima Trindade. Envia-os a testemunhar

a Verdade de Cristo e organiza-os nas suas mútuas funções, para que todos dêem «o fruto do Espírito» (Gal 5,22).

146. Como actuam Cristo e o seu Espírito no coração dos fiéis?

738-741

Por meio dos sacramentos, Cristo comunica aos membros do Seu Corpo o Seu Espírito e a graça de Deus que produz os

frutos de vida nova, segundo o Espírito. Finalmente, o Espírito Santo é o Mestre da oração.



«CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA»

A Igreja no desígnio de Deus



147. O que significa a palavra Igreja?

751-752
777-804

Designa o povo que Deus convoca e reúne de todos os confins da terra, para constituir a assembleia daqueles que,

pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus, membros de Cristo e templo do Espírito Santo.

148. Há, na Bíblia, outros nomes e imagens para indicar a Igreja?

758-766
778

Na Sagrada Escritura encontramos muitas imagens que põem em evidência aspectos complementares do mistério da Igreja.

O Antigo Testamento privilegia as imagens ligadas ao povo de Deus; o Novo Testamento privilegia as imagens ligadas a

Cristo como Cabeça deste povo que é o Seu Corpo, e as imagens retiradas da vida pastoril (redil, rebanho, ovelhas),

agrícola (campo, oliveira, vinha) habitacional (morada, pedra, templo), familiar (esposa, mãe, família).

149. Quais são as origens e a realização plena da Igreja?

758-766
778

A Igreja encontra a sua origem e a sua realização plena no eterno desígnio de Deus. Foi preparada na Antiga Aliança

com a eleição de Israel, sinal da reunião futura de todas as nações. Fundada pelas palavras e acções de Jesus

Cristo, foi realizada sobretudo mediante a sua morte redentora e a sua ressurreição. Foi depois manifestada como

mistério de salvação mediante a efusão do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Terá a sua realização plena no fim

dos tempos, como assembleia celeste de todos os redimidos.

150. Qual é a missão da Igreja?

767-769

A missão da Igreja é a de anunciar e instaurar no meio de todos os povos o Reino de Deus inaugurado por Jesus

Cristo. Ela é, na terra, o germe e o início deste Reino salvífico.

151. Em que sentido a Igreja é Mistério?

770-773
779

A Igreja é Mistério enquanto na sua realidade visível está presente e operante uma realidade espiritual, divina, que

se descobre unicamente com os olhos da fé.

152. Que significa que a Igreja é sacramento universal de salvação?

774-776
780

Significa que é sinal e instrumento da reconciliação e da comunhão de toda a humanidade com Deus e da unidade de

todo o género humano.



A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo



153. Porque é que a Igreja é povo de Deus?

781
802-804

A Igreja é o povo de Deus porque aprouve a Deus santificar e salvar os homens não isoladamente mas constituindo-os

num só povo, reunido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

154. Quais são as características do povo de Deus?

782

Este povo, de que nos tornamos membros mediante a fé em Cristo e o Baptismo, tem por origem Deus Pai, por cabeça

Jesus Cristo, por condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, por lei o mandamento novo do amor, por

missão a de ser o sal da terra e a luz do mundo, por fim o Reino de Deus, já iniciado na terra.

155. Em que sentido o povo de Deus participa das três funções de Cristo: Sacerdote, Profeta e Rei?

783-786

O povo de Deus participa no ministério sacerdotal de Cristo, enquanto os baptizados são consagrados pelo Espírito

Santo para oferecer sacrifícios espirituais; participa no seu ministério profético, enquanto, com o sentido

sobrenatural da fé, a esta adere indefectivelmente, a aprofunda e testemunha; e participa no seu ministério real com

o serviço, imitando Jesus Cristo, que, rei do universo, se fez servo de todos, sobretudo dos pobres e dos que

sofrem.

156. Como é que a Igreja é corpo de Cristo?

787-791
805-806

Por meio do Espírito, Cristo morto e ressuscitado une intimamente a Si os seus fiéis. Deste modo, os crentes em

Cristo, enquanto unidos estreitamente a Ele, sobretudo na Eucaristia, são unidos entre si na caridade, formando um

só corpo, a Igreja, cuja unidade se realiza na diversidade dos membros e das funções.

157. Quem é a cabeça deste corpo?

792-795
807

Cristo «é a Cabeça do corpo, que é a Igreja (Col 1,18). A Igreja vive d’Ele, n’Ele e para Ele. Cristo e a Igreja

formam o «Cristo total» (S. Agostinho); «Cabeça e membros são, por assim dizer, uma só pessoa mística» (S. Tomás de

Aquino).

158. Porque é que a Igreja é chamada esposa de Cristo?

796
808

Porque o próprio Senhor Se definiu como o «Esposo» (Mc 2,19), que amou a Igreja, unindo-a a Si por uma Aliança

eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a purificar com o Seu sangue, «para a tornar santa» (Ef 5,26) e

fazer dela mãe fecunda de todos os filhos de Deus. Enquanto a palavra «corpo» evidencia a unidade da «cabeça» com os

membros, o termo «esposa» sublinha a distinção dos dois na relação pessoal.

159. Porque é que a Igreja é designada templo do Espírito Santo?

797-798
809-810

Porque o Espírito Santo reside no corpo que é a Igreja: na sua Cabeça e nos seus membros; para além disso, Ele

edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os sacramentos, as virtudes e os carismas.



«O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma, é para os nossos membros, o Espírito Santo é-o para os membros de

Cristo, para o corpo de Cristo, que é a Igreja» ( S. Agostinho).



160. Que são os carismas?

799-801

Os carismas são dons especiais do Espírito concedidos a alguém para o bem dos homens, para as necessidades do mundo

e em particular para a edificação da Igreja, a cujo Magistério compete o seu discernimento.



A Igreja é una, santa, católica e apostólica



161. Porque é que a Igreja é una?

813-815
866

A Igreja é una porque tem como origem e modelo a unidade na Trindade das Pessoas de um só Deus; porque tem como

fundador e cabeça Jesus Cristo, que restabelece a unidade de todos os povos num só corpo; e porque tem como alma o

Espírito Santo, que une todos os fiéis na comunhão em Cristo. Ela tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma única

sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade.

162. Onde subsiste a única Igreja de Cristo?

816
870

A única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e organizada no mundo, subsiste (subsistit in) na Igreja

católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele. Só por meio dela se pode obter toda a

plenitude dos meios de salvação, pois o Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança ao único colégio apostólico,

cuja cabeça é Pedro.

163. Como considerar os cristãos não católicos?

817-819

Nas Igrejas e comunidades eclesiais, que se desligaram da plena comunhão da Igreja católica, encontram-se muitos

elementos de santificação e de verdade. Todos estes bens provêm de Cristo e conduzem para a unidade católica. Os

membros destas Igrejas e comunidades são incorporados em Cristo pelo Baptismo: por isso, nós reconhecemo-los como

irmãos.

164. Como empenhar-se em favor da unidade dos cristãos?

820-822
866

O desejo de restabelecer a união de todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do Espírito. Ele diz respeito a

toda a Igreja e realiza-se mediante a conversão do coração, a oração, o recíproco conhecimento fraterno, o diálogo

teológico.

165. Em que sentido a Igreja é santa?

823-829
867

A Igreja é santa, porque Deus Santíssimo é o seu autor; Cristo entregou-se por ela, para a santificar e fazer dela

santificadora; e o Espírito Santo vivifica-a com a caridade. Nela se encontra a plenitude dos meios de salvação. A

santidade é a vocação de cada um dos seus membros e o fim de cada uma das suas actividades. A Igreja inclui no seu

interior a Virgem Maria e inumeráveis Santos, como modelos e intercessores. A santidade da Igreja é a fonte da

santificação dos seus filhos, que, aqui, na terra, se reconhecem todos pecadores, sempre necessitados de conversão e

de purificação.

166. Porque é que a Igreja se chama católica?

830-831
868

A Igreja é católica, isto é, universal, porque nela está presente Cristo: «Onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja

católica» (S. Inácio de Antioquia). Ela anuncia a totalidade e a integridade da fé; leva e administra a plenitude

dos meios de salvação; é enviada em missão a todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja a cultura a que

eles pertençam.

167. É também católica a Igreja particular?

832-835

É católica toda a Igreja particular (isto é, a diocese e a eparquia), formada pela comunidade de fiéis cristãos que

estão em comunhão de fé e de sacramentos seja com o seu Bispo, ordenado na sucessão apostólica, seja com a Igreja de

Roma, que «preside à caridade» (S. Inácio de Antioquia).

168. Quem pertence à Igreja católica?

836-838

Todos os homens, de diferentes modos, pertencem ou estão ordenados à unidade católica do povo de Deus. Estão

plenamente incorporados na Igreja católica aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, se encontram unidos a ela pelos

vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão. Os baptizados que não se

encontram plenamente nesta unidade católica estão numa certa comunhão, ainda que imperfeita, com a Igreja Católica.

169. Qual a relação da Igreja católica com o povo judeu?

839-840

A Igreja católica reconhece a sua relação com o povo judeu no facto de Deus ter escolhido este povo entre todos,

para primeiro acolher a sua Palavra. É ao povo judeu que pertencem «a adopção a filhos, a glória, as alianças, a

legislação, o culto, as promessas, os patriarcas; dele provém Cristo segundo a carne» (Rm 9,5). Diferentemente das

outras religiões não cristãs, a fé judaica é já resposta à Revelação de Deus na Antiga Aliança.

170. Que ligação há entre a Igreja católica e as religiões não cristãs?

846-848

Antes de mais, há o laço comum da origem e fim de todo o género humano. A Igreja católica reconhece que tudo o que

de bom e de verdadeiro existe nas outras religiões vem de Deus, é reflexo da sua verdade, pode preparar para acolher

o Evangelho e mover em direcção à unidade da humanidade na Igreja de Cristo.

171. Que significa a afirmação: «Fora da Igreja não há salvação»?

846-848

Significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é o seu corpo. Portanto não poderiam ser

salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por Cristo e necessária à salvação, nela não entrassem e nela não

perseverassem. Ao mesmo tempo, graças a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a salvação eterna todos os que, sem

culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja mas procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da

graça, se esforçam por cumprir a sua vontade, conhecida através do que a consciência lhes dita.

172. Porque é que a Igreja deve anunciar o Evangelho a todo o mundo?

849-851

Porque Cristo ordenou: «ide e ensinai todas as nações, baptizando-as no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»

(Mt 28,19). Este mandato missionário do Senhor tem a sua fonte no amor eterno de Deus, que enviou o seu Filho e o

seu Espírito porque «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2, 4).

173. Como é que a Igreja é missionária?

852-856

Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja continua no curso da história a missão do próprio Cristo. Os cristãos portanto

devem anunciar a todos a Boa Nova trazida por Cristo, seguindo o seu caminho, dispostos também ao sacrifício de si

mesmos até ao martírio.

174. Porque é que a Igreja é apostólica?

857-869

A Igreja é apostólica pela sua origem, sendo construída sobre o «fundamento dos Apóstolos» (Ef 2,20); pelo ensino,

que é o mesmo dos Apóstolos; pela sua estrutura, enquanto instruída, santificada e governada, até ao regresso de

Cristo, pelos Apóstolos, graças aos seus sucessores, os Bispos em comunhão, com o sucessor de Pedro.

175. Em que consiste a missão dos Apóstolos?

858 – 861

A palavra Apóstolo significa enviado. Jesus, o Enviado do Pai, chamou a Si doze entre os Seus discípulos e

constituiu-os como seus Apóstolos, fazendo deles testemunhas escolhidas da sua ressurreição e fundamentos da sua

Igreja. Deu-lhes o mandato de continuarem a sua missão, dizendo: «Como o Pai me enviou, assim também Eu vos envio a

vós» (Jo 20,21). E prometeu estar com eles até ao fim do mundo.

176. O que é a sucessão apostólica?

861- 865

A sucessão apostólica é a transmissão, mediante o sacramento da Ordem, da missão e do poder dos Apóstolos aos seus

sucessores, os Bispos. Graças a esta transmissão, a Igreja permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem,

enquanto ao longo dos séculos orienta todo o seu apostolado para a difusão do Reino de Cristo na terra.



Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada



177. Quem são os fiéis?

871 – 872
934

Os fiéis são aqueles que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, são constituídos membros do povo de Deus. Tornados

participantes, segundo a sua condição, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, são chamados a exercer a

missão confiada por Deus à Igreja. Entre eles subsiste uma verdadeira igualdade, na sua dignidade de filhos de Deus.

178. Como é formado o povo de Deus?

873

Na Igreja, por instituição divina, existem os ministros sagrados que receberam o sacramento da Ordem e formam a

hierarquia da Igreja. Os outros são chamados leigos. De uns e de outros, provêm fiéis, que se consagram de modo

especial a Deus com a profissão dos conselhos evangélicos: castidade no celibato, pobreza e obediência.

179. Porque é que Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica?

874-877
935

Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica com a missão de apascentar o povo de Deus em seu nome, e para isso lhe

deu autoridade. A hierarquia eclesiástica é formada por ministros sagrados: Bispos, presbíteros e diáconos. Graças

ao sacramento da Ordem, os Bispos e os presbíteros agem, no exercício do seu ministério, em nome e na pessoa de

Cristo cabeça; os diáconos servem o povo de Deus na diaconia (serviço) da palavra, da liturgia, da caridade.

180. Como se actua a dimensão colegial do ministério eclesial?

878

A exemplo dos doze Apóstolos escolhidos e enviados por Cristo, a união dos membros da hierarquia eclesiástica está

ao serviço da comunhão dos fiéis. Cada Bispo exerce o ministério, como membro do colégio episcopal, em comunhão com

o Papa, participando com ele na solicitude pela Igreja universal. Os sacerdotes exercem o seu ministério no

presbitério da Igreja particular, em comunhão com o próprio Bispo e sob a sua condução.

181. Porque é que o ministério eclesial tem um carácter pessoal?

879 – 880

O ministério eclesial tem também um carácter pessoal, pois, em virtude do sacramento da Ordem, cada um é responsável

diante de Cristo, que pessoalmente o chamou, conferindo-lhe a missão.

182. Qual é a missão do Papa?

881- 882
936 - 937

O Papa, Bispo de Roma e Sucessor de S. Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja. É

o vigário de Cristo, cabeça do colégio dos Bispos e pastor de toda a Igreja, sobre a qual, por instituição divina,

tem poder, pleno, supremo, imediato e universal.

183. Qual é a missão do colégio dos Bispos?

883 – 885

O colégio dos Bispos, em comunhão com o Papa e nunca sem ele, exerce também sobre a Igreja supremo e pleno poder.

184. Como é que os Bispos exercem a sua missão de ensinar?

886-890
939

Os Bispos, em comunhão com o Papa, têm o dever de anunciar o Evangelho a todos, fielmente e com autoridade, como

autênticas testemunhas da fé apostólica e revestidos da autoridade de Cristo. Mediante o sentido sobrenatural da fé,

o Povo de Deus, adere indefectivelmente à fé, sob a condução do Magistério vivo da Igreja.

185. Quando se exerce a infalibilidade do Magistério?

971

A infalibilidade exerce-se quando o Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de supremo Pastor da Igreja, ou o

Colégio Episcopal, em comunhão com o Papa, sobretudo reunido num Concílio Ecuménico, proclamam com um acto

definitivo uma doutrina respeitante à fé ou à moral, e também quando o Papa e os Bispos, no seu Magistério

ordinário, concordam ao propor uma doutrina como definitiva. A tais ensinamentos cada fiel deve aderir com o

obséquio da fé.

186. Como é que os Bispos exercem o ministério de santificar?

971

Os Bispos santificam a Igreja dispensando a graça de Cristo, mediante o ministério da palavra e dos sacramentos, em

particular da Eucaristia, e também com a oração e o seu exemplo e trabalho.

187. Como é que os Bispos exercem a função de governar?

894 – 896

Cada Bispo, enquanto membro do colégio episcopal, exerce colegialmente a solicitude por todas as Igrejas

particulares e por toda a Igreja, juntamente com os outros Bispos unidos ao Papa. O Bispo, a quem é confiada uma

Igreja particular, governa-a com a autoridade do poder sagrado, próprio, ordinário e imediato, exercido em nome de

Cristo, bom Pastor, em comunhão com toda a Igreja e sob a condução do sucessor de Pedro.

188. Qual é a vocação dos fiéis leigos?

897-900
940

Os fiéis leigos têm como vocação própria a de procurar o reino de Deus, iluminando e ordenando as realidades

temporais segundo Deus. Correspondem assim ao chamamento à santidade e ao apostolado, dirigido a todos os

baptizados.

189. Como participam os fiéis leigos na função sacerdotal de Cristo?

901-903

Participam nela oferecendo – como sacrifício espiritual «agradável a Deus por Jesus Cristo» (1 Ped 2,5), sobretudo

na Eucaristia – a sua vida com todas as obras, as orações e as iniciativas apostólicas, a vida familiar, o trabalho

de cada dia, as agruras da vida suportadas com paciência e os lazeres corporais e espirituais. Deste modo, os

leigos, dedicados a Cristo e consagrados pelo Espírito Santo, oferecem a Deus o próprio mundo.

190. Como participam na sua função profética?

904-907
942

Participam nela acolhendo cada vez mais na fé a Palavra de Cristo e anunciando-a ao mundo com o testemunho da vida e

da palavra, a acção evangelizadora e a catequese. Esta acção evangelizadora adquire uma particular eficácia pelo

facto de ser realizada nas condições ordinárias da vida secular.

191. Como participam na sua função real?

908 – 913
943

Os leigos participam na função real de Cristo, tendo recebido d’Ele o poder de vencer o pecado em si mesmos e no

mundo, mediante a abnegação de si e a santidade de vida. Exercem vários ministérios ao serviço da comunidade e

impregnam de valor moral as actividades temporais do homem e as instituições da sociedade.

192. O que é a vida consagrada?

914 – 916
944

É um estado de vida reconhecido pela Igreja. É uma resposta livre a um chamamento particular de Cristo, mediante a

qual os consagrados se entregam totalmente a Deus e tendem para a perfeição da caridade sob a moção do Espírito

Santo. Tal consagração caracteriza-se pela prática dos conselhos evangélicos.

193. O que é que a vida consagrada oferece à missão da Igreja?

931-933
945

A vida consagrada participa na missão da Igreja mediante uma plena dedicação a Cristo e aos irmãos, testemunhando a

esperança do Reino celeste.



Creio na Comunhão dos santos



194. O que significa a expressão comunhão dos santos?

946–953
960

Indica, antes de mais, a participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas (sancta): a fé, os

sacramentos, em especial a Eucaristia, os carismas e os outros dons espirituais. Na raiz da comunhão está a caridade

que «não procura o próprio interesse» (1 Cor 13, 5), mas move o fiel «a colocar tudo em comum» (Act 4, 32), mesmo os

próprios bens materiais ao serviço dos pobres.

195. O que significa ainda a expressão comunhão dos santos?

954–959;
961–962

Designa ainda a comunhão entre as pessoas santas (sancti), isto é, entre os que, pela graça, estão unidos a Cristo

morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na terra; outros, que já partiram desta vida, estão a purificar-se,

ajudados também pelas nossas orações; outros, enfim, gozam já da glória de Deus e intercedem por nós. Todos juntos

formam, em Cristo, uma só família, a Igreja, para louvor e glória da Trindade.



Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja



196. Em que sentido a Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja?

963 – 966
973

A Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja na ordem da graça porque deu à luz Jesus, o Filho de Deus, Cabeça do

corpo que é a Igreja. Jesus ao morrer na cruz, indicou-a como mãe ao discípulo com estas palavras: «Eis a tua Mãe»

(Jo 19, 27). ( )

197. Como é que a Virgem Maria ajuda a Igreja?

967 – 970

Após a Ascensão do Seu Filho, a Virgem Maria ajuda, com as suas orações, as primícias da Igreja e, mesmo depois da

sua assunção ao céu, continua a interceder pelos seus filhos, a ser para todos um modelo de fé e de caridade, e a

exercer sobre eles um influxo salutar, que nasce da superabundância dos méritos de Cristo. Os fiéis vêem nela uma

imagem e uma antecipação da ressurreição que os espera, invocando-a como advogada, auxiliadora, socorro, medianeira.

198. Que tipo de culto se presta à Virgem santíssima?

971

É um culto singular, que difere essencialmente do culto de adoração, prestado apenas à Santíssima Trindade. Tal

culto de especial veneração encontra uma particular expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na

oração mariana, como o santo Rosário, resumo de todo o Evangelho.

199. Como é que a bem-aventurada Virgem Maria é ícone escatológico da Igreja?

972;
974–975

Dirigindo o seu olhar para Maria, santíssima e já glorificada em corpo e alma, a Igreja contempla o que ela própria

é chamada a ser na terra e o que será na pátria celeste.



«CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS»



200. Como são perdoados os pecados?

976 – 980
984 – 985

O primeiro e principal sacramento para o perdão dos pecados é o Baptismo. Para os pecados cometidos depois do

Baptismo, Cristo instituiu o sacramento da Reconciliação ou Penitência, por meio do qual o baptizado é reconciliado

com Deus e com a Igreja.

201. Porque é que a Igreja tem o poder de perdoar os pecados?

981–983;
986–987

A Igreja tem a missão e o poder de perdoar os pecados, porque o próprio Cristo lho conferiu: «Recebei o Espírito

Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos» (Jo

20, 22-23).



«CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE»



202. Que indica a palavra carne e qual é a sua importância?

990
1015

O termo carne designa o homem na sua condição de debilidade e de mortalidade. «A carne é o eixo da salvação»

(Tertuliano). Com efeito, nós cremos em Deus que é o Criador da carne; cremos no Verbo que se fez carne para redimir

a carne; cremos na ressurreição da carne, acabamento da criação e da redenção da carne.

203. O que significa a «ressurreição da carne»?

990

Significa que o estado definitivo do homem não será só a alma espiritual separada do corpo, mas também que os nossos

corpos mortais um dia retomarão a vida.

204. Qual a relação entre a Ressurreição de Cristo e a nossa?

988 – 991,
1002 – 1003

Como Cristo verdadeiramente ressuscitou dos mortos e vive para sempre, assim Ele próprio nos ressuscitará a todos no

último dia, com um corpo incorruptível: «os que tiverem feito o bem para uma ressurreição de vida, e os que tiverem

feito o mal para uma ressurreição de condenação».

205. Com a morte, que sucede ao nosso corpo e à nossa alma?

992 – 1004;
1016 –1018

Com a morte, separação da alma e do corpo, o corpo cai na corrupção, enquanto a alma, que é imortal, vai ao encontro

do Julgamento divino e espera reunir-se ao corpo quando este, transformado, ressuscitar no regresso do Senhor.

Compreender como acontecerá a ressurreição supera as possibilidades da nossa imaginação e do nosso entendimento.

206. Que significa morrer em Cristo Jesus?

1005-1014.
1019

Significa morrer na graça de Deus, sem pecado mortal. O que crê em Cristo e segue o Seu exemplo pode assim

transformar a própria morte num acto de obediência e de amor ao Pai. «É certa esta palavra: se morrermos com Ele,

também com Ele viveremos» (2 Tim 2,11).



«CREIO NA VIDA ETERNA»



207. O que é a vida eterna?

1020 1051

A vida eterna é a que se iniciará imediatamente após a morte. Ela não terá fim. Será precedida para cada um por um

juízo particular realizado por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, e será confirmada pelo juízo final.

208. O que é o juízo particular?

1021 – 1022
1051

É o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a partir da morte, recebe de Deus na sua alma imortal, em

relação à sua fé e às suas obras. Tal retribuição consiste no acesso à bem-aventurança do céu, imediatamente ou

depois de uma adequada purificação, ou então à condenação eterna no inferno.

209. O que se entende por «céu»?

1023 – 1026
1053

Por «céu» entende-se o estado de felicidade suprema e definitiva. Os que morrem na graça de Deus e não precisam de

ulterior purificação são reunidos à volta de Jesus e de Maria, dos anjos e dos santos. Formam assim a Igreja do céu,

onde vêem Deus «face a face» (1 Cor 13,12), vivem em comunhão de amor com a Santíssima Trindade e intercedem por

nós.



«A vida na sua própria realidade e verdade é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo, sobre todos derrama como

fonte, os seus dons celestes. E, pela sua bondade, promete verdadeiramente também a nós homens os bens divinos da

vida eterna. (S. Cirilo de Jerusalém)



210. O que é o purgatório?

1030 – 1031
1054

O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus, mas, embora seguros da sua salvação eterna, precisam

ainda de purificação para entrar na alegria de Deus.

211. Como podemos ajudar a purificação das almas do purgatório?

1032

Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as almas do purgatório oferecendo

as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico, mas também esmolas, indulgências e obras de

penitência.

212. Em que consiste o inferno?

1033–1035.
1056–1057

Consiste na condenação eterna daqueles que, por escolha livre, morrem em pecado mortal. A pena principal do inferno

é a eterna separação de Deus, o único em quem o homem encontra a vida e a felicidade para que foi criado, e a que

aspira. Cristo exprime esta realidade com as palavras: «Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt 25,

41).

213. Como conciliar o inferno com a bondade infinita de Deus?

1036 – 1037

Deus, apesar de querer «que todos tenham modo de se arrepender» (2Ped 3,9), tendo criado o homem livre e

responsável, respeita as suas decisões. Portanto, é o próprio homem que, em plena autonomia, se exclui

voluntariamente da comunhão com Deus se, até ao momento da própria morte, persiste no pecado mortal, recusando o

amor misericordioso de Deus.

214. Em que consistirá o Juízo final?

1038–1041;
1058–1059

O juízo final (universal) consistirá na sentença de vida bem-aventurada ou de condenação eterna, que o Senhor Jesus,

no seu regresso como juiz dos vivos e dos mortos, pronunciará em relação aos «justos e injustos» (Act 24, 15),

reunidos todos juntos diante d’Ele. A seguir a tal juízo final, o corpo ressuscitado participará na retribuição que

a alma teve no juízo particular.

215. Quando terá lugar este juízo final?

1040

O juízo final terá lugar no fim do mundo, do qual só Deus conhece o dia e a hora.

216. Em que consiste a esperança dos novos céus e da nova terra?

1042 – 1050
1060

Depois do juízo final, o próprio universo, libertado da escravidão da corrupção, participará na glória de Cristo com

a inauguração dos «novos céus e da nova terra» (2 Ped 3,13). Será assim alcançada a plenitude do Reino de Deus, ou

seja a realização definitiva do desígnio salvífico de Deus de «recapitular em Cristo todas as coisas, as do céu e as

da terra» (Ef 1,10). Deus será então «tudo em todos» (1 Cor 15,28), na vida eterna.

«ÁMEN»

217. Que significa o Ámen, que conclui a nossa profissão de fé?

1064 – 1065

A palavra hebraica Amen, que conclui o último livro da Sagrada Escritura, algumas orações do Novo Testamento e as

orações litúrgicas da Igreja, significa o nosso «sim» confiante e total a tudo o que professamos crer, confiando

totalmente n’Aquele que é o «Ámen» (Ap 3,14) definitivo: Cristo Senhor.



SEGUNDA PARTE
A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO



PRIMEIRA SECÇÃO
A ECONOMIA SACRAMENTAL



218. O que é a liturgia?

1066 – 1070

A liturgia é a celebração do Mistério de Cristo e em particular do seu Mistério Pascal. Na liturgia, pelo exercício

da função sacerdotal de Jesus Cristo, a santificação dos homens é significada e realizada mediante sinais, e é

exercido, pelo Corpo místico de Cristo, ou seja pela Cabeça e pelos membros, o culto público devido a Deus.

219. Qual o lugar da liturgia na vida da Igreja?

1071 – 1075

A liturgia, acção sagrada por excelência, constitui o cume para onde tendem todas as acções da Igreja e,

simultaneamente, a fonte donde provém toda a sua força vital. Através da liturgia, Cristo continua na sua Igreja,

com ela e por meio dela, a obra da nossa redenção.

220. Em que consiste a economia sacramental?

1076

A economia sacramental consiste na comunicação (ou «dispensação») dos frutos da redenção de Cristo mediante a

celebração dos sacramentos da Igreja, principalmente da Eucaristia, «até que Ele venha» (1 Cor 11,26).



CAPÍTULO PRIMEIRO

O MISTÉRIO PASCAL NO TEMPO
DA IGREJA

LITURGIA – OBRA DA SANTÍSSIMA TRINDADE



221. De que modo o Pai é a fonte e o fim da liturgia?

1077 – 1083
1110

Na liturgia, o Pai enche-nos das suas bênçãos no Filho encarnado, morto e ressuscitado por nós, e derrama o Espírito

Santo nos nossos corações. Ao mesmo tempo a Igreja bendiz o Pai, mediante a adoração, o louvor e a acção de graças,

e implora o dom do seu Filho e do Espírito Santo.

222. Qual é a obra de Cristo na liturgia?

1084 – 1090

Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente o seu Mistério pascal. Doando o Espírito Santo aos

Apóstolos, concedeu-lhes a eles e aos seus sucessores o poder de realizar a obra da salvação por meio do Sacrifício

eucarístico e dos sacramentos, nos quais Ele próprio age agora para comunicar a sua graça aos fiéis de todos os

tempos e em todo o mundo.

223. Na liturgia, como actua o Espírito Santo em relação à Igreja?

1091 – 1109
1112

Na liturgia, realiza-se a mais estreita cooperação entre o Espírito Santo e a Igreja. O Espírito Santo prepara a

Igreja para encontrar o seu Senhor; recorda e manifesta Cristo à fé da assembleia; torna presente e actualiza o

Mistério de Cristo; une a Igreja à vida e à missão de Cristo e faz frutificar nela o dom da comunhão.



O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA IGREJA



224. O que são e quais são os sacramentos?

1113 – 1131

Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, mediante os

quais nos é concedida a vida divina. Os sacramentos são sete: o Baptismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência,

a Unção dos enfermos, a Ordem e o Matrimónio.

225. Qual a relação dos sacramentos com Cristo?

1114-1116

Os mistérios da vida de Cristo constituem o fundamento do que, de ora em diante, pelos ministros da sua Igreja,

Cristo dispensa nos sacramentos.

«O que era visível no nosso Salvador passou para os seus sacramentos» (S. Leão Magno).

226. Qual a ligação entre os sacramentos e a Igreja?

1117 – 1119

Cristo confiou os sacramentos à sua Igreja. Eles são «da Igreja» num duplo sentido: enquanto acção da Igreja, que é

sacramento da acção de Cristo, e enquanto existem «para ela», ou seja, enquanto edificam a Igreja.

227. O que é o carácter sacramental?

1121

É um selo espiritual, conferido pelos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Ordem. Este selo é promessa e

garantia da protecção divina. Em virtude de tal selo, o cristão é configurado a Cristo, participa de diversos modos

no seu sacerdócio, e faz parte da Igreja segundo estados e funções diversas, sendo pois consagrado ao culto divino e

ao serviço da Igreja. Dado que o carácter é indelével, os sacramentos que o imprimem recebem-se uma só vez na vida.

228. Qual é a relação dos sacramentos com a fé?

1122-1126
1133

Os sacramentos não apenas supõem a fé como também, através das palavras e elementos rituais, a alimentam, fortificam

e exprimem. Ao celebrá-los, a Igreja confessa a fé apostólica. Daí o adágio antigo: «lex orandi, lex credendi», isto

é, a Igreja crê no que reza.

229. Porque é que os sacramentos são eficazes?

1127-1128
1131

Os sacramentos são eficazes ex opere operato («pelo próprio facto de a acção sacramental ser realizada»), porque é

Cristo que neles age e comunica a graça que significam, independentemente da santidade pessoal do ministro, ainda

que os frutos dos sacramentos dependam também das disposições de quem os recebe.

230. Porque motivo os sacramentos são necessários para a salvação?

1129

Embora nem todos os sacramentos sejam conferidos a cada um dos fiéis, eles são necessários para a salvação dos que

crêem em Cristo, porque conferem as graças sacramentais, o perdão dos pecados, a adopção de filhos de Deus, a

conformação a Cristo Senhor e a pertença à Igreja. O Espírito Santo cura e transforma aqueles que os recebem.

231. O que é a graça sacramental?

1129; 1131;
1134; 2003

A graça sacramental é a graça do Espírito Santo, dada por Cristo e própria de cada sacramento. Tal graça ajuda o

fiel, no seu caminho de santidade, bem como a Igreja no seu crescimento na caridade e no testemunho.

232. Qual é a relação entre os sacramentos e a vida eterna?

1130

Nos sacramentos, a Igreja recebe já as arras da vida eterna, embora «aguardando a ditosa esperança e manifestação da

glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo» (Tit 2,13).



CAPÍTULO SEGUNDO

A CELEBRAÇÃO SACRAMENTAL DO MISTÉRIO PASCAL



CELEBRAR A LITURGIA DA IGREJA

Quem celebra?



233. Quem age na liturgia?

1135 – 1137
1187

Na liturgia age «o Cristo todo inteiro» («Christus Totus»), Cabeça e Corpo. Como sumo-sacerdote, Ele celebra com o

seu Corpo, que é a Igreja celeste e terrestre.

234. Por quem é celebrada a liturgia celeste?

1138 – 1139

A liturgia celeste é celebrada pelos anjos, pelos santos da Antiga e da Nova Aliança, em particular pela Mãe de

Deus, pelos Apóstolos, pelos mártires e por uma «numerosa multidão, que ninguém» pode contar, «de todas as nações,

tribos, povos e línguas» (Ap 7,9). Quando nos sacramentos celebramos o mistério da salvação, participamos nesta

liturgia eterna.

235. Como é que a Igreja na terra celebra a liturgia?

1140–1144
1188

A Igreja, na terra, celebra a liturgia, como povo sacerdotal, no qual cada um actua segundo a própria função, na

unidade do Espírito Santo: os baptizados oferecem-se em sacrifício espiritual; os ministros ordenados celebram

segundo a Ordem recebida para o serviço de todos os membros da Igreja; os Bispos e os presbíteros agem na pessoa de

Cristo Cabeça.



Como celebrar?



236. Como é celebrada a liturgia?

1145

A celebração litúrgica é tecida de sinais e de símbolos, cujo significado, radicado na criação e nas culturas

humanas, se esclarece nos acontecimentos da Antiga Aliança e se revela plenamente na Pessoa e na obra de Cristo.

237. Donde provêm os sinais sacramentais?

1146 - 1152 1189

Alguns provêm da criação (luz, água, fogo, pão, vinho, óleo); outros da vida social (lavar, ungir, partir o pão);

outros da história da salvação na Antiga Aliança (os ritos da Páscoa, os sacrifícios, a imposição das mãos, as

consagrações). Estes sinais, alguns dos quais são normativos e imutáveis, assumidos por Cristo tornam-se portadores

da acção salvífica e de santificação.

238. Qual o nexo entre as acções e as palavras, nas celebração sacramental?

1153- 1155
1190

Na celebração sacramental, acções e palavras estão intimamente ligadas. Mesmo que as acções simbólicas sejam já em

si uma linguagem, é todavia necessário que as palavras do rito acompanhem e vivifiquem estas acções. Enquanto sinais

e ensino, as palavras e os gestos são inseparáveis, uma vez que realizam aquilo que significam.

239. Quais os critérios do canto e da música na celebração litúrgica?

1156 – 1158
1191

Uma vez que o canto e a música estão intimamente conexos com a acção litúrgica, eles devem respeitar os seguintes

critérios: a conformidade à doutrina católica dos textos, tomados de preferência da Escritura e das fontes

litúrgicas; a beleza expressiva da oração; a qualidade da música; a participação da assembleia; a riqueza cultural

do Povo de Deus e o carácter sacro e solene da celebração. «Quem canta reza duas vezes» (S. Agostinho).

240. Qual a finalidade das imagens sagradas?

1159 – 1161
1192

A imagem de Cristo é o ícone litúrgico por excelência. As outras, que representam Nossa Senhora e os santos,

significam Cristo, que nelas é glorificado. Elas proclamam a mesma mensagem evangélica que a Sagrada Escritura

transmite através da palavra e ajudam a despertar e a alimentar a fé dos fiéis.



Quando celebrar?



241. Qual é o centro do tempo litúrgico?

1163-1167
1193

O centro do tempo litúrgico é o Domingo, fundamento e núcleo de todo o ano litúrgico, que tem o seu cume na Páscoa

anual, a festa das festas.

242. Qual é a função do ano litúrgico?

1168–1173.
1194–1195

No ano litúrgico, a Igreja celebra todo o Mistério de Cristo, da Encarnação até à sua vinda gloriosa. Nos dias

estabelecidos, a Igreja venera com especial amor a bem-aventurada Virgem Maria Mãe de Deus e também faz memória

Santos, que por Cristo viveram, com Ele sofreram e com Ele são glorificados.

243. O que é a liturgia das horas?

1174 – 1178
1196

A liturgia das horas, oração pública e comum da Igreja, é a oração de Cristo com o seu Corpo, a Igreja. Por ela, o

Mistério de Cristo, que celebramos na Eucaristia, santifica e transfigura o tempo de cada dia. Ela compõe-se

principalmente de Salmos e de outros textos bíblicos, e também de leituras dos Padres e dos mestres espirituais.



Onde celebrar?



244. A Igreja tem necessidade de lugares para celebrar a liturgia?

1179–1181.
1197–1198

O culto «em espírito e verdade» (Jo 4,24) da Nova Aliança não está ligado a nenhum lugar exclusivo, porque Cristo é

o verdadeiro templo de Deus, por meio do qual também os cristãos e toda a Igreja se tornam, sob a acção do Espírito

Santo, templos do Deus vivo. Todavia o Povo de Deus, na sua condição terrena, tem necessidade de lugares nos quais a

comunidade se possa reunir para celebrar a liturgia.

245. O que são os edifícios sagrados?

1181 .
1198-1199

São as casas de Deus, símbolo da Igreja que vive num lugar e também da morada celeste. São lugares de oração, nos

quais a Igreja celebra sobretudo a Eucaristia e adora Cristo realmente presente no tabernáculo.

246. Quais são os lugares privilegiados no interior dos edifícios sagrados?

1182 – 1186

São: o altar, o tabernáculo, o lugar onde se guarda o santo crisma e os outros óleos sagrados, a cadeira do Bispo

(cátedra) ou do presbítero, o ambão, a fonte baptismal, o confessionário.



DIVERSIDADE LITÚRGICA E UNIDADE DO MISTÉRIO



247. Porque é que a Igreja celebra o único Mistério de Cristo segundo tradições litúrgicas diferentes?

1200-1204
1207-1209

Porque a insondável riqueza do Mistério de Cristo não pode ser esgotada por uma única tradição litúrgica. Desde as

origens, esta riqueza encontrou, nos vários povos e culturas, expressões caracterizadas por uma admirável variedade

e complementaridade.

248. Qual é o critério, que assegura a unidade na diversidade?

1209

É a fidelidade à Tradição Apostólica, isto é, à comunhão na fé e nos sacramentos recebidos dos Apóstolos, comunhão

que é significada e garantida pela sucessão apostólica. A Igreja é católica: pode, portanto, integrar na sua unidade

todas as verdadeiras riquezas das culturas.

249. Na liturgia, tudo é imutável?

1205 – 1206

Na liturgia, sobretudo na dos sacramentos, existem elementos imutáveis, porque de instituição divina, e dos quais a

Igreja é guardiã. Existem depois elementos susceptíveis de mudança, que a Igreja tem o poder, e, muitas vezes o

dever, de adaptar às culturas dos diferentes povos.



SEGUNDA SECÇÃO
OS SETE SACRAMENTOS DA IGREJA



Os sete Sacramentos da Igreja

O Baptismo
a Confirmação
a Eucaristia
a Penitência,
a Unção dos Enfermos
a Ordem o Matrimónio.

250. Como agrupar os sacramentos da Igreja?

1210-1211

Em: sacramentos da iniciação cristã (Baptismo, Confirmação e Eucaristia); sacramentos da cura (Penitência e Unção

dos enfermos); sacramentos ao serviço da comunhão e da missão (Ordem e Matrimónio). Os sacramentos tocam todas as

etapas e momentos importantes da vida cristã. Todos os sacramentos estão ordenados para a Eucaristia «como para o

seu fim» (S. Tomás de Aquino).



CAPÍTULO PRIMEIRO

OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ



251. Como se realiza a iniciação cristã?

1210 – 1211

Realiza-se mediante os sacramentos que lançam os alicerces da vida cristã: os fiéis, renascidos pelo Baptismo, são

fortalecidos pela Confirmação e alimentados pela Eucaristia.



O SACRAMENTO DO BAPTISMO



252. Quais os nomes do primeiro sacramento da iniciação?

1213 – 1216
1276 – 1277

Antes de mais, chama-se Baptismo por causa do rito central com que é celebrado: baptizar significa «imergir» na

água. O que é baptizado é imerso na morte de Cristo e ressurge com Ele como «nova criatura» (2 Cor 5,17). Chama-se

também «banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo» (Tit 3,5) e «iluminação», porque o baptizado se torna

«filho da luz» (Ef 5, 8).

253. Como é prefigurado o Baptismo na Antiga Aliança?

1217-1222

Na Antiga Aliança encontram-se várias prefigurações do Baptismo: a água, fonte de vida e de morte; a arca de Noé,

que salva por meio da água; a passagem do Mar Vermelho, que liberta Israel da escravidão do Egipto; a travessia do

Jordão, que introduz Israel na terra prometida, imagem da vida eterna.

254. Quem conduz ao cumprimento tais prefigurações?

1223-1224

É Jesus Cristo, o qual, no início da sua vida pública, se fez baptizar por João Baptista, no Jordão: na cruz, do seu

lado trespassado, derramou sangue e água, sinais do Baptismo e da Eucaristia, e depois da Ressurreição confia aos

Apóstolos esta missão: «Ide e ensinai todos os povos, baptizando-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»

(Mt 28, 19-20).

255. Desde quando e a quem é que a Igreja administra o Baptismo?

1226 – 1228

Desde o dia de Pentecostes que a Igreja administra o Baptismo a quem crê em Jesus Cristo.

256. Em que consiste o rito essencial do Baptismo?

1229-1245
1278

O rito essencial deste sacramento consiste em imergir na água o candidato ou em derramar a água sobre a sua cabeça,

enquanto é invocado o Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

257. Quem pode receber o Baptismo?

1246 - 1252

É capaz para receber o Baptismo toda a pessoa ainda não baptizada.

258. Porque é que a Igreja baptiza as crianças?

1250

Porque tendo nascido com o pecado original, elas têm necessidade de ser libertadas do poder do Maligno e de ser

transferidas para o reino da liberdade dos filhos de Deus.

259. O que se requer dum baptizando?

1253-1255

Ao baptizando é exigida a profissão de fé, expressa pessoalmente no caso do adulto, ou então por parte dos pais e da

Igreja no caso da criança. Também o padrinho ou madrinha e toda a comunidade eclesial têm uma parte de

responsabilidade na preparação para o Baptismo (catecumenado), bem como no desenvolvimento da fé e da graça

baptismal.

260. Quem pode baptizar?

1266.
1284

Os ministros ordinários do Baptismo são o Bispo e o presbítero; na Igreja latina, também o diácono. Em caso de

necessidade, qualquer pessoa pode baptizar, desde que entenda fazer o que faz a Igreja e derrame água sobre a cabeça

do candidato, dizendo a fórmula trinitária baptismal: «Eu te baptizo em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo».

261. É necessário o Baptismo para a salvação?

1257

O Baptismo é necessário para a salvação daqueles a quem foi anunciado o Evangelho e que têm a possibilidade de pedir

este sacramento.

262. É possível ser salvo sem o Baptismo?

1258-1261
1281-1283

Porque Cristo morreu para a salvação de todos, podem ser salvos mesmo sem o Baptismo os que morrem por causa da fé

(Baptismo de sangue), os catecúmenos, e todos os que sob o impulso da graça, sem conhecer Cristo e a Igreja,

procuram sinceramente a Deus e se esforçam por cumprir a sua vontade (Baptismo de desejo). Quanto às crianças,

mortas sem Baptismo, a Igreja na sua liturgia confia-as à misericórdia de Deus.

263. Quais são os efeitos do Baptismo?

1262-1274
1279-1280

O Baptismo perdoa o pecado original, todos os pecados pessoais e as penas devidas ao pecado; faz participar na vida

divina trinitária mediante a graça santificante, a graça da justificação que incorpora em Cristo e na Igreja; faz

participar no sacerdócio de Cristo e constitui o fundamento da comunhão entre todos os cristãos; confere as virtudes

teologais e os dons do Espírito Santo. O baptizado pertence para sempre a Cristo: com efeito, é assinalado com o

selo indelével de Cristo (carácter).

264. Que significado assume o nome cristão recebido no Baptismo?

2156-2159
2167

O nome é importante, porque Deus conhece cada um pelo nome, isto é, na sua unicidade. Com o Baptismo, o cristão

recebe na Igreja o próprio nome, de preferência o de um santo, de maneira que este ofereça ao baptizado um modelo de

santidade e lhe assegure a sua intercessão junto de Deus.



O SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO



265. Qual é o lugar da Confirmação no desígnio divino da salvação?

1285- 1288
1315

Na Antiga Aliança, os profetas anunciaram a comunicação do Espírito do Senhor ao Messias esperado e a todo o povo

messiânico. Toda a vida e missão de Jesus se desenvolvem numa total comunhão com o Espírito Santo. Os Apóstolos

recebem o Espírito Santo no Pentecostes e anunciam «as grandes obras de Deus» (Act 2,11). Comunicam aos neófitos,

através da imposição das mãos, o dom do mesmo Espírito. Ao longo dos séculos, a Igreja continuou a viver do Espírito

e a comunicá-lo aos seus filhos.

266. Porque se chama Crisma ou Confirmação?

1289

Chama-se Crisma (nas Igrejas Orientais: Crismação com o Santo Myron) por causa do rito essencial que é a unção.

Chama-se Confirmação, porque confirma e reforça a graça baptismal.

267. Qual o rito essencial da Confirmação?

1290-1301
1318
1320-1321

O rito essencial da Confirmação é a unção com o santo crisma (óleo misturado com bálsamo, consagrado pelo Bispo),

feita com a imposição da mão por parte do ministro que pronuncia as palavras sacramentais próprias do rito. No

Ocidente, tal unção é feita sobre a fronte do baptizado com as palavras: «Recebe por este sinal, o Espírito Santo, o

Dom de Deus». Nas Igrejas Orientais de rito bizantino, a unção faz-se também noutras partes do corpo, com a fórmula:

« Selo do dom do Espírito Santo».

268. Qual é o efeito da Confirmação?

1302-1305
1316 – 1317

O efeito da Confirmação é a efusão especial do Espírito Santo, como no Pentecostes. Tal efusão imprime na alma um

carácter indelével e traz consigo um crescimento da graça baptismal: enraíza mais profundamente na filiação divina;

une mais firmemente a Cristo e à sua Igreja; revigora na alma os dons do Espírito Santo; dá uma força especial para

testemunhar a fé cristã.

269. Quem pode receber este sacramento?

1306–1311
1319

Pode e deve recebê-lo, uma só vez, quem já foi baptizado, o qual, para o receber eficazmente, deve estar em estado

de graça.

270. Quem é o ministro da Confirmação?

1312 – 1314

O ministro originário é o Bispo. Assim se manifesta o laço do crismado com a Igreja na sua dimensão apostólica.

Quando o presbítero confere este sacramento – como acontece ordinariamente no Oriente e em casos especiais no

Ocidente – o laço com o Bispo e com a Igreja é expresso pelo presbítero, colaborador do Bispo, e pelo santo crisma,

consagrado pelo Bispo.



O SACRAMENTO DA EUCARISTIA



271. O que é a Eucaristia?

1322-1323
1409

É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz

no decorrer dos séculos até ao seu regresso, confiando assim à sua Igreja o memorial da sua Morte e Ressurreição. É

o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e

nos é dado o penhor da vida eterna.

272. Quando é que Jesus Cristo instituiu a Eucaristia?

1323
1337-1340

Instituiu-a na Quinta Feira Santa, «na noite em que foi entregue» (1 Cor 11,23), ao celebrar a Última Ceia com os

seus Apóstolos.

273. Como é que a instituiu?

1337-1340
1365, 1406

Depois de reunir os Apóstolos no Cenáculo, Jesus tomou nas suas mãos o pão, partiu-o e deu-lho dizendo: «Tomai e

comei todos: isto é o meu corpo entregue por vós». Depois tomou nas suas mãos o cálice do vinho e disse-lhes: «tomai

e bebei todos: este é o cálice do meu sangue para a nova e eterna aliança, derramado por vós e por todos para a

remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim».

274. O que significa a Eucaristia na vida da Igreja?

1324-1327
1407

É fonte e cume da vida cristã. Na Eucaristia, atingem o auge a acção santificadora de Deus em nosso favor e o nosso

culto para com Ele. Nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja: o próprio Cristo, nossa Páscoa. A

comunhão da vida divina e a unidade do Povo de Deus são significadas e realizadas na Eucaristia. Pela celebração

eucarística unimo-nos desde já à liturgia do Céu e antecipamos a vida eterna.

275. Como é chamado este sacramento?

1328 – 1332

A insondável riqueza deste sacramento exprime-se com diferentes nomes que evocam alguns dos seus aspectos

particulares. Os mais comuns são: Eucaristia, Santa Missa, Ceia do Senhor, Fracção do pão, Celebração Eucarística,

Memorial da paixão, da morte e da ressurreição do Senhor, Santo Sacrifício, Santa e Divina Liturgia, Santos

Mistérios, Santíssimo Sacramento do altar, Santa Comunhão.

276. Qual o lugar da Eucaristia no desígnio da salvação?

1333 – 1344

Na Antiga Aliança, a Eucaristia é preanunciada sobretudo na ceia pascal anual, celebrada cada ano pelos judeus com

os pães ázimos, para recordar a imprevista e libertadora partida do Egipto. Jesus anuncia-a no seu ensino e

institui-a, celebrando com os seus Apóstolos a última Ceia, durante um banquete pascal. A Igreja, fiel ao mandamento

do Senhor: «Fazei isto em memória de mim» (1 Cor 11, 24), sempre celebrou a Eucaristia, sobretudo ao Domingo, dia da

ressurreição de Jesus.

277. Como se desenrola a celebração da Eucaristia?

1345 – 1355
1408

Desenrola-se em dois grandes momentos que formam um só acto de culto: a liturgia da Palavra, que compreende a

proclamação e escuta da Palavra de Deus; e a liturgia eucarística, que compreende a apresentação do pão e do vinho,

a oração ou anáfora, que contém as palavras da consagração, e a comunhão.

278. Quem é o ministro da celebração da Eucaristia?

1348
1411

É o sacerdote (Bispo ou presbítero), validamente ordenado, que age na Pessoa de Cristo Cabeça e em nome da Igreja.

279. Quais os elementos essenciais e necessários para realizar a Eucaristia?

1412

São o pão de trigo e o vinho da videira.

280. Como é que a Eucaristia é memorial do sacrifício de Cristo?

1362– 1367

A eucaristia é memorial no sentido que torna presente e actual o sacrifício que Cristo ofereceu ao Pai, uma vez por

todas, na cruz, em favor da humanidade. O carácter sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da

instituição: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós» e «este cálice é a nova aliança no meu sangue, que

vai ser derramado por vós» (Lc 22,19-20). O sacrifício da cruz e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício.

Idênticos são a vítima e Aquele que oferece, diverso é só o modo de oferecer-se: cruento na cruz, incruento na

Eucaristia.

281. Como é que a Igreja participa no sacrifício eucarístico?

1368 – 1372
1414

Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos membros do seu Corpo. A vida dos fiéis, o seu

louvor, o seu sofrimento, a sua oração, o seu trabalho são unidos aos de Cristo. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é

também oferecida por todos os fiéis vivos e defuntos, em reparação dos pecados de todos os homens e para obter de

Deus benefícios espirituais e temporais. A Igreja do céu está unida também à oferta de Cristo.

282. Como é que Jesus está presente na Eucaristia?

1373 – 1375
1413

Jesus Cristo está presente na Eucaristia dum modo único e incomparável. De facto, está presente de modo verdadeiro,

real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a sua Alma e a sua Divindade. Nela está presente em modo

sacramental, isto é, sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e homem.

283. Que significa transubstanciação?

1376 – 1377
1413

Transubstanciação significa a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo e de toda a

substância do vinho na substância do seu Sangue. Esta conversão realiza-se na oração eucarística mediante a eficácia

da palavra de Cristo e a acção do Espírito Santo. Todavia as características sensíveis do pão e do vinho, isto é as

«espécies eucarísticas», permanecem inalteradas.

284. A fracção do pão divide Cristo?

1377

A fracção do pão não divide Cristo: Ele está presente todo inteiro em cada uma das espécies eucarísticas e em cada

uma das suas partes.

285. Até quando continua a presença eucarística de Cristo?

1377

Ela continua enquanto subsistem as espécies eucarísticas.

286. Que tipo de culto é devido ao sacramento da Eucaristia?

1378 – 1381
1418

É devido o culto de latria, isto é, de adoração reservado só a Deus quer durante a celebração eucarística quer fora

dela. De facto, a Igreja conserva com a maior diligência as Hóstias consagradas, leva-as aos enfermos e às pessoas

impossibilitadas de participar na Santa Missa, apresenta-as à solene adoração dos fiéis, leva-as em procissão e

convida à visita frequente e à adoração do Santíssimo Sacramento conservado no tabernáculo.

287. Porque é que a Eucaristia é banquete pascal?

1382 – 1384
1391 – 1396

A Eucaristia é o banquete pascal, porque Cristo, pela realização sacramental da sua Páscoa, nos dá o seu Corpo e o

seu Sangue, oferecidos como alimento e bebida, e nos une a si e entre nós no seu sacrifício.

288. Que significa o altar?

1383
1410

O altar é o símbolo do próprio Cristo, presente como vítima sacrificial (altar- sacrifício da cruz) e como alimento

celeste que se nos dá (altar-mesa eucarística).

289. Quando é que a Igreja obriga a participar na santa Missa?

1389
1417

A Igreja obriga os fiéis a participar na santa Missa cada Domingo e nas festas de preceito, e recomenda a

participação nela também nos outros dias.

290. Quando se deve comungar?

1389

A Igreja recomenda aos fiéis que participam na santa Missa que também recebam, com as devidas disposições, a sagrada

Comunhão, prescrevendo a obrigação de a receber ao menos pela Páscoa.

291. Que se requer para receber a sagrada Comunhão?

1385–1389;
1415

Para receber a sagrada Comunhão é preciso estar plenamente incorporado à Igreja católica e em estado de graça, isto

é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem consciência de ter cometido pecado grave deve receber o sacramento da

Reconciliação antes da Comunhão. São também importante o espírito de recolhimento e de oração, a observância do

jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes), como sinal de respeito para com Cristo.

292. Quais são os frutos da sagrada Comunhão?

1391 – 1397
1416

A sagrada Comunhão aumenta a nossa união com Cristo e com a sua Igreja, conserva e renova a vida da graça recebida

no Baptismo e no Crisma, e faz-nos crescer no amor para com o próximo. Fortalecendo-nos na caridade, perdoa os

pecados veniais e preserva-nos dos pecados mortais, no futuro.

293. Quando é possível administrar a sagrada Comunhão aos outros cristãos?

1398-1401

Os ministros católicos administram licitamente a sagrada comunhão aos membros das Igrejas orientais que não têm

plena comunhão com a Igreja católica, sempre que estes espontaneamente a peçam e com as devidas disposições.

No que se refere aos membros doutras Comunidades eclesiais, os ministros católicos administram licitamente a sagrada

comunhão aos fiéis, que, por motivos graves, a peçam espontaneamente, tenham as devidas disposições e manifestem a

fé católica acerca do sacramento.

294. Porque é que a Eucaristia é «penhor da futura glória»?

1402 – 1405

Porque a Eucaristia nos enche das graças e bênçãos do Céu, fortalece-nos para a peregrinação desta vida, faz-nos

desejar a vida eterna, unindo-nos desde já a Cristo, sentado à direita do Pai, à Igreja do Céu, à santíssima Virgem

e a todos os santos.



Na Eucaristia, partimos «o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver

eternamente em Jesus Cristo» (S. Inácio de Antioquia).



CAPÍTULO SEGUNDO

OS SACRAMENTOS DA CURA



295. Porque é que Cristo instituiu os sacramentos da Penitência e da Unção dos enfermos?

1420 – 1421
1426

Cristo, médico da alma e do corpo, instituiu-os porque a vida nova, que Ele nos deu nos sacramentos da iniciação

cristã, pode ser enfraquecida e até perdida por causa do pecado. Por isso, Cristo quis que a Igreja continuasse a

sua obra de cura e de salvação mediante estes dois sacramentos.



O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA E DA RECONCILIAÇÃO



296. Como é chamado este sacramento?

1422 – 1424

É chamado sacramento da Penitência, da Reconciliação, do Perdão, da Confissão, da Conversão.

297. Porque existe um sacramento da Reconciliação depois do Baptismo?

1425 – 1426
1484

Porque a nova vida da graça, recebida no Baptismo, não suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a inclinação

para o pecado (isto é, a concupiscência), Cristo instituiu este sacramento para a conversão dos baptizados que pelo

pecado d’Ele se afastaram.

298. Quando foi instituído este sacramento?

1485

O Senhor ressuscitado instituiu este sacramento quando, na tarde de Páscoa, se mostrou aos Apóstolos e lhes disse:

«Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes

serão retidos» (Jo 20, 22-23).

299. Os baptizados têm ainda necessidade de conversão?

1427 – 1429

O apelo à conversão ressoa continuamente na vida dos baptizados. Esta conversão é um empenho contínuo para toda a

Igreja, que é santa mas contém pecadores no seu seio.

300. O que é a penitência interior?

1430 – 1433
1490

É o dinamismo do «coração contrito» (Sal 51,19), movido pela graça divina a responder ao amor misericordioso de

Deus. Implica a dor e a repulsa pelos pecados cometidos, o propósito firme de não mais pecar e a confiança na ajuda

de Deus. Alimenta-se da esperança na misericórdia divina.

301. Como se manifesta a penitência na vida cristã?

1434 – 1439

A penitência manifesta-se de muitas maneiras, em especial pelo jejum, a oração e a esmola. Estas e muitas outras

formas de penitência podem ser praticadas na vida quotidiana do cristão, especialmente no tempo da Quaresma e no dia

penitencial de Sexta-feira.

302. Quais os elementos essenciais do sacramento da Reconciliação?

1440 – 1449

São dois: os actos realizados pelo homem que se converte sob a acção do Espírito Santo e a absolvição do sacerdote,

que em Nome de Cristo concede o perdão e estabelece a modalidade da satisfação.

303. Quais são os actos do penitente?

1450 – 1460.
1487 – 1492

São: um diligente exame de consciência; a contrição (ou arrependimento), que é perfeita, quando é motivada pelo amor

a Deus, e imperfeita, se fundada sobre outros motivos, e que inclui o propósito de não mais pecar; a confissão, que

consiste na acusação dos pecados feita diante do sacerdote; a satisfação, ou seja, o cumprimento de certos actos de

penitência, que o confessor impõe ao penitente para reparar o dano causado pelo pecado.

304. Que pecados se devem confessar?

1456

Devem-se confessar todos os pecados graves ainda não confessados, dos quais nos recordamos depois dum diligente

exame de consciência. A confissão dos pecados graves é o único modo ordinário para obter o perdão.

305. Quando se é obrigado a confessar os pecados graves?

1457

Todo o fiel, obtida a idade da razão, é obrigado a confessar os seus pecados graves ao menos uma vez por ano e antes

de receber a Sagrada Comunhão.

306. Porque é que os pecados veniais podem ser também objecto da confissão sacramental?

1458

A confissão dos pecados veniais é muito recomendada pela Igreja, embora não estritamente necessária, porque nos

ajuda a formar uma consciência recta e a lutar contra as más inclinações, para nos deixarmos curar por Cristo e

progredirmos na vida do Espírito.

307. Quem é o ministro deste sacramento?

1461 – 1466
1495

Cristo confiou o ministério da reconciliação aos seus Apóstolos, aos Bispos seus sucessores e aos presbíteros seus

colaboradores, os quais portanto se convertem em instrumentos da misericórdia e da justiça de Deus. Eles exercem o

poder de perdoar os pecados no Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

308. A quem é reservada a absolvição de alguns pecados?

1463

A absolvição de alguns pecados particularmente graves (como os punidos com a excomunhão) é reservada à Sé Apostólica

ou ao Bispo do lugar ou aos presbíteros por ele autorizados, embora todo o sacerdote possa absolver de qualquer

pecado e excomunhão a quem se encontra em perigo de morte.

309. O Confessor é obrigado ao segredo?

1467

Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às pessoas, todo o confessor está obrigado a

manter o sigilo sacramental, isto é, o absoluto segredo acerca dos pecados conhecidos em confissão, sem nenhuma

excepção e sob penas severíssimas.

310. Quais são os efeitos deste sacramento?

1468 – 1470
1496

Os efeitos do sacramento da Penitência são: a reconciliação com Deus e portanto o perdão dos pecados; a

reconciliação com a Igreja; a recuperação, se perdida, do estado de graça; a remissão da pena eterna merecida por

causa dos pecados mortais e, ao menos em parte, das penas temporais que são consequência do pecado; a paz e a

serenidade da consciência, e a consolação do espírito; o acréscimo das forças espirituais para o combate cristão.

311. Quando se pode celebrar este sacramento com confissão genérica e absolvição colectiva?

1480 – 1484

Em casos de grave necessidade (como o perigo iminente de morte), pode-se recorrer à celebração comunitária da

Reconciliação com confissão genérica e absolvição colectiva, respeitando as normas da Igreja e com o propósito de

confessar individualmente os pecados graves no tempo oportuno.

312. O que são as indulgências?

1471-1479
1498

As indulgências são a remissão diante de Deus da pena temporal devida aos pecados, já perdoados quanto à culpa, que,

em determinadas condições, o fiel adquire para si ou para os defuntos mediante o ministério da Igreja, a qual, como

dispensadora da redenção, distribui o tesouro dos méritos de Cristo e dos Santos.



O SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS



313. Como é vivida a doença no Antigo Testamento?

1499-1502

No Antigo Testamento, o homem doente experimenta os seus limites e ao mesmo tempo percebe que a doença está ligada

misteriosamente ao pecado. Os profetas intuíram que a doença podia ter também um valor redentor em relação aos

próprios pecados e aos dos outros. Assim, a doença era vivida perante Deus, da qual o homem implorava a cura.

314. Que sentido tem a compaixão de Jesus pelos doentes?

1503-1505

A compaixão de Jesus pelos doentes e as numerosas curas de enfermos são um claro sinal de que, com Ele, chegou o

Reino de Deus e a vitória sobre o pecado, o sofrimento e a morte. Com a sua paixão e morte, Ele dá um novo sentido

ao sofrimento, o qual, se unido ao seu, pode ser meio de purificação e de salvação para nós e para os outros.

315. Qual é o comportamento da Igreja em relação aos doentes?

1506-1513;
1526-1527

A Igreja, tendo recebido do Senhor a ordem de curar os enfermos, procura pô-la em prática com os cuidados para com

os doentes, acompanhados da oração de intercessão. Ela possui sobretudo um sacramento específico em favor dos

enfermos, instituído pelo próprio Cristo e atestado por São Tiago: «Quem está doente, chame a si os presbíteros da

Igreja e rezem por ele, depois de o ter ungido com óleo no nome do Senhor» (Tg 5,14-15).

316. Quem pode receber o sacramento da Unção dos enfermos?

1514 –1515
1528- 1529

Este sacramento pode ser recebido pelo fiel que começa a encontrar-se em perigo de morte por doença ou velhice. O

mesmo fiel pode recebê-lo também outras vezes se a doença se agrava ou então no caso doutra doença grave. A

celebração deste sacramento, se possível, deve ser precedida pela confissão individual do doente.

317. Quem administra este sacramento?

1516. 1530

Só pode ser administrado pelos sacerdotes (Bispos ou presbíteros).

318. Como se celebra este sacramento?

1520 – 1523
1532

A celebração deste sacramento consiste essencialmente na unção com óleo benzido, se possível, pelo Bispo, na fronte

e nas mãos do doente (no rito romano, ou também noutras partes do corpo segundo outros ritos), acompanhada da oração

do sacerdote, que implora a graça especial deste sacramento.

319. Quais são os efeitos deste sacramento?

15120 – 1523
1532

Ele confere uma graça especial que une mais intimamente o doente à Paixão de Cristo, para o seu bem e de toda a

Igreja, dando-lhe conforto, paz, coragem, e também o perdão dos pecados, se o doente não se pode confessar. Este

sacramento consente por vezes, se for a vontade de Deus, também a recuperação da saúde física. Em todo o caso, esta

Unção prepara o doente para a passagem à Casa do Pai.

320. O que é o Viático?

1524 – 1525

É a Eucaristia recebida por aqueles que estão para deixar esta vida terrena e se preparam para a passagem à vida

eterna. Recebida no momento da passagem deste mundo ao Pai, a Comunhão do Corpo e Sangue de Cristo morto e

ressuscitado é semente de vida eterna e potência de ressurreição.



CAPÍTULO TERCEIRO

OS SACRAMENTOS AO SERVIÇO
DA COMUNHÃO E DA MISSÃO



321. Quais são os sacramentos ao serviço da comunhão e da missão?

1533–1535

Dois sacramentos, a Ordem e o Matrimónio, conferem uma graça especial para uma missão particular na Igreja em ordem

à edificação do povo de Deus. Eles contribuem em especial para a comunhão eclesial e para a salvação dos outros.



O SACRAMENTO DA ORDEM SACERDOTAL



322. O que é o sacramento da Ordem?

1536

É o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos seus Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até

ao fim dos tempos.

323. Porque se chama sacramento da Ordem?

1537 – 1538

Ordem indica um corpo eclesial, do qual se passa a fazer parte, mediante uma especial consagração (Ordenação), a

qual, por um particular dom do Espírito Santo, permite exercer um poder sagrado em nome e com a autoridade de Cristo

para o serviço do povo de Deus.

324. Qual o lugar do sacramento da Ordem no desígnio divino da salvação?

1539 – 1546
1590 - 1591

Na Antiga Aliança, este sacramento é prefigurado no serviço dos Levitas, no sacerdócio de Aarão e na instituição dos

setenta «Anciãos» (Num 11,25). Estas prefigurações encontraram realização em Cristo Jesus, o qual, com o sacrifício

da sua cruz, é o «único (...) mediador entre Deus e os homens» (1 Tim 2,5), o Sumo-sacerdote à maneira de

Melquisedec» (Heb 5,10). O único sacerdócio de Cristo é tornado presente pelo sacerdócio ministerial.



«Só Cristo é o verdadeiro sacerdote, os outros são seus ministros» (S. Tomás de Aquino)



325. De quantos graus se compõe o sacramento da Ordem?

1554
1593

Compõe-se de três graus, que são insubstituíveis para a estrutura orgânica da Igreja: o episcopado, o presbiterado e

o diaconado.

326. Qual é o efeito da Ordenação episcopal?

1557 – 1558

A Ordenação episcopal confere a plenitude do sacramento da Ordem, faz do Bispo o legítimo sucessor dos Apóstolos,

insere-o no Colégio episcopal, partilhando com o Papa e os outros Bispos a solicitude por todas as Igrejas, e

confere-lhe a missão de ensinar, santificar e governar.

327. Qual é a missão do Bispo na Igreja particular que lhe foi confiada?

1560 – 1561

O Bispo, ao qual é confiada uma Igreja particular, é o princípio visível e o fundamento da unidade dessa Igreja, a

favor da qual exerce, como vigário de Cristo, o ministério pastoral, coadjuvado pelos presbíteros e diáconos.

328. Qual é o efeito da Ordenação presbiteral?

1562 – 1567
1595

A unção do Espírito assinala o presbítero com um carácter espiritual indelével, configura-o a Cristo sacerdote e

torna-o capaz de agir em nome de Cristo Cabeça. Sendo cooperador da Ordem episcopal, ele é consagrado para pregar o

Evangelho, para celebrar o culto divino, sobretudo a Eucaristia, da qual o seu ministério recebe a força, e para ser

o pastor dos fiéis.

329. Como é que o presbítero exerce o seu ministério?

1568

Embora seja ordenado para uma missão universal, ele exerce-a numa Igreja particular, em fraternidade sacramental com

os outros presbíteros que formam o «presbitério» e que, em comunhão com o Bispo, e, em dependência dele, têm a

responsabilidade da Igreja particular.

330. Qual é o efeito da Ordenação diaconal?

1569 – 1571
1596

O diácono, configurado a Cristo servo de todos, é ordenado para o serviço da Igreja sob a autoridade do Bispo, em

relação ao ministério da Palavra, do culto divino, da condução pastoral e da caridade.

331. Como se celebra o sacramento da Ordem?

1572 – 1574
1597

Para cada um dos três graus, o sacramento da Ordem é conferido pela imposição das mãos sobre a cabeça do ordinando

por parte do Bispo, que pronuncia a solene oração consecratória. Com ela, o Bispo invoca de Deus, para o ordinando,

a especial efusão do Espírito Santo e dos seus dons, em ordem ao ministério.

332. Quem pode conferir este sacramento?

1575 - 1576.
1600

Compete aos Bispos validamente ordenados, enquanto sucessores dos Apóstolos, conferir os três graus do sacramento da

Ordem.

333. Quem pode receber este sacramento?

1577 – 1578 1598

Só o baptizado de sexo masculino o pode receber validamente: a Igreja reconhece-se vinculada a esta escolha feita

pelo próprio Senhor. Ninguém pode exigir a recepção do sacramento da Ordem, antes deve ser considerado apto para o

ministério pela autoridade da Igreja.

334. É requerido o celibato a quem recebe o sacramento da Ordem?

1579 – 1580
1599

Para o episcopado é sempre requerido o celibato. Na Igreja latina, para o presbiterado, são normalmente escolhidos

homens crentes que vivem celibatários e têm vontade de guardar o celibato «pelo reino dos céus» (Mt 19,12). Nas

Igrejas Orientais, não é consentido casar depois da Ordenação. O diaconado permanente pode ser conferido a homens já

casados.

335. Quais são os efeitos do sacramento da Ordem?

1547 – 1553

Este sacramento dá uma especial efusão do Espírito Santo, que configura o ordenado a Cristo na sua tríplice função

de Sacerdote, Profeta e Rei, segundo os respectivos graus do sacramento. A ordenação confere um carácter espiritual

indelével: por isso não pode ser repetida nem conferida por um tempo limitado.

336. Com que autoridade é exercido o sacerdócio ministerial?

1547 – 1553
1592

Os sacerdotes ordenados, no exercício do ministério sagrado, falam e agem não por autoridade própria, e nem sequer

por mandato ou delegação da comunidade, mas na Pessoa de Cristo Cabeça e em nome da Igreja. Portanto o sacerdócio

ministerial difere essencialmente, e não apenas em grau, do sacerdócio comum dos fiéis, para o serviço do qual

Cristo o instituiu.



O SACRAMENTO DO MATRIMÓNIO



337. Qual é o desígnio de Deus acerca do homem e da mulher?

1601 – 1605

Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os, no Matrimónio, a

uma íntima comunhão de vida e de amor entre eles, «de modo que já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19,6).

Abençoando-os, Deus disse-lhes: «sede fecundos e multiplicai-vos» (Gn 1,28).

338. Para que fins instituiu Deus o Matrimónio?

1659-1660

A união matrimonial do homem e da mulher, fundada e dotada de leis próprias pelo Criador, está por sua natureza

ordenada à comunhão e ao bem dos cônjuges e à geração e bem dos filhos. Segundo o desígnio originário de Deus, a

união matrimonial é indissolúvel, como afirma Jesus Cristo: «O que Deus uniu não o separe o homem» (Mc 10,9).

339. Como é que o pecado ameaça o Matrimónio?

1606-1608

Por causa do primeiro pecado, que provocou também a ruptura da comunhão do homem e da mulher, dada pelo Criador, a

união matrimonial é muitas vezes ameaçada pela discórdia e pela infidelidade. Todavia Deus, na sua infinita

misericórdia, dá ao homem e à mulher a sua graça para que possam realizar a união das suas vidas segundo o desígnio

originário de Deus.

340. O que é que o Antigo Testamento ensina sobre o Matrimónio?

1609-1611

Deus, sobretudo através da pedagogia da Lei e dos profetas, ajuda o seu povo a amadurecer progressivamente a

consciência da unicidade e da indissolubilidade do Matrimónio. A aliança nupcial de Deus com Israel prepara e

prefigura a Aliança nova realizada pelo Filho de Deus com a sua esposa, a Igreja.

341. Qual a novidade dada por Cristo ao Matrimónio?

1612-1617
1661

Jesus Cristo não só restabelece a ordem inicial querida por Deus, mas dá a graça para viver o Matrimónio na nova

dignidade de sacramento, que é o sinal do seu amor esponsal pela Igreja: «Vós maridos amai as vossas mulheres, como

Cristo amou a Igreja» (Ef 5,25).

342. O Matrimónio é uma obrigação para todos?

1618-1620

O Matrimónio não é uma obrigação para todos. Deus chama alguns homens e mulheres a seguir o Senhor Jesus na vida da

virgindade ou do celibato pelo Reino dos céus, renunciando ao grande bem do Matrimónio para se preocuparem com as

coisas do Senhor e para procurar agradar-Lhe, tornando-se assim sinal do absoluto primado do amor de Cristo e da

ardente esperança da sua vinda gloriosa.

343. Como se celebra o sacramento do Matrimónio?

1621-1624

Uma vez que o Matrimónio coloca os cônjuges num estado público de vida na Igreja, a sua celebração litúrgica é

pública, na presença do sacerdote (ou da testemunha qualificada da Igreja) e das outras testemunhas.

344. O que é o consentimento matrimonial?

1625-1632
1662-1663

O consentimento matrimonial é a vontade, expressa por um homem e por uma mulher, de se entregarem mutua e

definitivamente, com o fim de viver uma aliança de amor fiel e fecundo. Dado que o consentimento faz o Matrimónio,

ele é indispensável e insubstituível. Para que o Matrimónio seja válido, o consentimento deve ter como objecto o

verdadeiro Matrimónio e ser um acto humano, consciente e livre, não determinado pela violência ou por constrições.

345. Que se requer quando um dos esposos não é católico?

1633-1637

Para serem lícitos, os matrimónios mistos (entre católico e baptizado não católico) requerem a permissão da

autoridade eclesiástica. Aqueles com disparidade de culto (entre católico e não baptizado) para serem válidos

precisam duma dispensa. Em todo o caso, é essencial que os cônjuges não excluam a aceitação dos fins e das

propriedades essenciais do Matrimónio e que o cônjuge católico confirme o empenho, conhecido também do outro

cônjuge, de conservar a fé e de assegurar o Baptismo e a educação católica dos filhos.

346. Quais são os efeitos do sacramento do Matrimónio?

1638-1642

O sacramento do Matrimónio gera entre os cônjuges um vínculo perpétuo e exclusivo. O próprio Deus sela o

consentimento dos esposos. Portanto o Matrimónio concluído e consumado entre baptizados não pode ser nunca

dissolvido. Este sacramento confere também aos esposos a graça necessária para alcançar a santidade na vida conjugal

e para o acolhimento responsável dos filhos e a sua educação.

347. Quais são os pecados gravemente contrários ao sacramento do Matrimónio?

1645-1648

São: o adultério; a poligamia, porque em contradição com a igual dignidade do homem e da mulher e com a unicidade e

exclusividade do amor conjugal; a rejeição da fecundidade, que priva a vida conjugal do dom dos filhos; e o

divórcio, que se opõe à indissolubilidade.

348. Quando é que a Igreja admite a separação física dos esposos?

1629
1649

A Igreja admite a separação física dos esposos quando, por motivos graves, a sua coabitação se tornou praticamente

impossível, embora se deseje uma sua reconciliação. Mas eles, enquanto vive o cônjuge, não estão livres para

contrair uma nova união, a menos que o Matrimónio seja nulo e como tal seja declarado pela autoridade eclesiástica.

349. Qual é a atitude da Igreja para com os divorciados recasados?

1655-1558
1666

Fiel ao Senhor, a Igreja não pode reconhecer como Matrimónio a união dos divorciados recasados civilmente. «Quem

repudia a própria mulher e casa com outra comete adultério contra ela; se a mulher repudia o marido e casa com

outro, comete adultério» (Mc 10, 11-12). Para com eles, a Igreja desenvolve uma atenta solicitude, convidando-os a

uma vida de fé, à oração, às obras de caridade e à educação cristã dos filhos. Mas eles não podem receber a

absolvição sacramental nem abeirar-se da comunhão eucarística, nem exercer certas responsabilidades eclesiais

enquanto perdurar esta situação, que objectivamente contrasta com a lei de Deus.

350. Porque é que a família cristã é chamada Igreja doméstica?

1655-1658;
1666

Porque a família manifesta e realiza a natureza de comunhão e familiar da Igreja como família de Deus. Cada membro,

a seu modo, exerce o sacerdócio baptismal, contribuindo para fazer da família uma comunidade de graça e de oração,

escola das virtudes humanas e cristãs, lugar do primeiro anúncio da fé aos filhos.



CAPÍTULO QUARTO

AS OUTRAS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS



OS SACRAMENTAIS



351. O que são os sacramentais?

1667-1672
1677-1678

São sinais sagrados instituídos pela Igreja, por meio dos quais são santificadas algumas circunstâncias da vida.

Incluem sempre uma oração, muitas vezes acompanhada do sinal da cruz e de outros sinais. Entre os sacramentais,

figuram, em primeiro lugar, as bênçãos, que são um louvor a Deus e uma oração para obter os seus dons, as

consagrações de pessoas e as dedicações de coisas para o culto de Deus.

352. O que é o exorcismo?

1673

Fala-se de exorcismo, quando a Igreja pede com a sua autoridade, em nome de Jesus, que uma pessoa ou um objecto seja

protegido contra a acção do Maligno e subtraído ao seu domínio. É praticado de modo ordinário no rito do Baptismo. O

exorcismo solene, chamado o grande exorcismo, pode ser feito só por um sacerdote autorizado pelo Bispo.

353. Que formas de piedade popular acompanham a vida sacramental da Igreja?

1674-1676
1679

O sentido religioso do povo cristão encontrou sempre diversas expressões nas várias formas de piedade que acompanham

a vida sacramental da Igreja, como a veneração das relíquias, as visitas aos santuários, as peregrinações, as

procissões, a «via-sacra», o Rosário. As formas autênticas de piedade popular são favorecidas e iluminadas pela luz

da fé da Igreja.



AS EXÉQUIAS CRISTÃS



354. Que relação existe entre os sacramentais e a morte do cristão?

1680
1683

O cristão que morre em Cristo chega, no termo da sua existência terrena, à consumação da nova vida iniciada com o

Baptismo, revigorada pela Confirmação e alimentada pela Eucaristia, antecipação do banquete celeste. O sentido da

morte do cristão manifesta-se à luz da Morte e da Ressurreição de Cristo, nossa única esperança; o cristão que morre

em Cristo Jesus, vai «habitar junto do Senhor» (2 Cor 5,8).

355. O que exprimem as exéquias?

1684 – 1685

As exéquias, embora celebradas segundo diferentes ritos correspondentes às situações e às tradições de cada uma das

regiões, exprimem o carácter pascal da morte cristã na esperança da ressurreição e o sentido da comunhão com o

defunto particularmente mediante a oração pela purificação da sua alma.

356. Quais os momentos principais das exéquias?

1686 – 1690

Habitualmente as exéquias compreendem quatro momentos principais: o acolhimento da urna pela comunidade, com

palavras de conforto e de esperança; a liturgia da Palavra; o sacrifício eucarístico; e «a encomendação», com o qual

a alma do defunto é confiada a Deus, fonte de vida eterna, enquanto o seu corpo é sepultado na expectativa da

ressurreição.



TERCEIRA PARTE

A VIDA EM CRISTO



PRIMEIRA SECÇÃO
A VOCAÇÃO DO HOMEM:
A VIDA NO ESPÍRITO



357. Como é que a vida moral cristã está ligada à fé e aos sacramentos?

1691 – 1698

O que o Símbolo da fé professa, os sacramentos o comunicam. De facto, neles os fiéis recebem a graça de Cristo e os

dons do Espírito Santo, que os tornam capazes de viver a vida nova de filhos de Deus em Cristo acolhido com a fé.



«Reconhece, ó cristão, a tua dignidade» (S. Leão Magno)



CAPÍTULO PRIMEIRO

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA



O HOMEM IMAGEM DE DEUS



358. Qual é a raiz da dignidade humana?

1699 – 1715

A dignidade da pessoa humana radica na criação à imagem e semelhança de Deus. Dotada de uma alma espiritual e

imortal, de inteligência e de vontade livre, a pessoa humana está ordenada para Deus e chamada, com a sua alma e o

seu corpo, à bem-aventurança eterna.



A NOSSA VOCAÇÃO À BEM-AVENTURANÇA



359. Como é que o homem alcança a bem-aventurança?

1716

O homem alcança a bem-aventurança em virtude da graça de Cristo, que o torna participante da vida divina. Cristo no

Evangelho indica aos seus o caminho que conduz à felicidade sem fim: as Bem-aventuranças. A graça de Cristo opera

também em cada ser humano que, seguindo a recta consciência, procura e ama o verdadeiro e o bem e evita o mal.

360. Porque é que as Bem-aventuranças são importantes para nós?

1716-1717
1725-1726

As Bem-aventuranças estão no centro da pregação de Jesus, retomam e aperfeiçoam as promessas de Deus, feitas a

partir de Abraão. Mostram o próprio rosto de Jesus, caracterizam a autêntica vida cristã e revelam ao homem o fim

último do seu agir: a bem-aventurança eterna.

361. Que relação há entre as Bem-aventuranças e o desejo humano de felicidade?

1718-1719

As Bem-aventuranças respondem ao desejo inato de felicidade que Deus colocou no coração do homem para o atrair a Si,

e que só Ele pode saciar.

362. O que é a bem-aventurança eterna?

1720-1724
1727-1729

É a visão de Deus na vida eterna, em que seremos plenamente «participantes da natureza divina» (2 Ped 1,4), da

glória de Cristo e da felicidade da vida trinitária. A bem-aventurança ultrapassa as capacidades humanas: é um dom

sobrenatural e gratuito de Deus, como a graça que a ela conduz. A bem-aventurança prometida coloca-nos perante

escolhas morais decisivas em relação aos bens terrenos, estimulando-nos a amar a Deus acima de tudo.



A LIBERDADE DO HOMEM



363. O que é a liberdade?

1730-1733
1743-1744

É o poder, dado por Deus ao homem, de agir e não agir, de fazer isto ou aquilo, praticando assim por si mesmo acções

deliberadas. A liberdade caracteriza os actos propriamente humanos. Quanto mais faz o bem, mais alguém se torna

livre. A liberdade atinge a perfeição quando é ordenada para Deus, sumo Bem e nossa Bem-aventurança. A liberdade

implica também a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. A escolha do mal é um abuso da liberdade, que conduz

à escravatura do pecado.

364. Que relação existe entre liberdade e responsabilidade?

1734 –1737
1745-1746

A liberdade torna o homem responsável pelos seus actos, na medida em que são voluntários, embora a imputabilidade e

a responsabilidade de um acto possam ser diminuídas, e até anuladas, pela ignorância, a inadvertência, a violência

suportada, o medo, as afeições desordenadas e os hábitos.

365. Porque é que o homem tem direito ao exercício da liberdade?

1738
1747

O direito ao exercício da liberdade é próprio de cada homem enquanto é inseparável da sua dignidade de pessoa

humana. Portanto, tal direito deve ser sempre respeitado, principalmente em matéria moral e religiosa, e deve ser

reconhecido civilmente, e tutelado nos termos do bem comum e da justa ordem pública.

366. Qual é o lugar da liberdade humana na ordem da salvação?

1739-1742
1748

O primeiro pecado enfraqueceu a liberdade humana. Os pecados sucessivos vieram acentuar esta debilidade. Mas «foi

para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal 5,1). Com a sua graça, o Espírito Santo conduz-nos para a liberdade

espiritual, para fazer de nós colaboradores livres da sua obra na Igreja e no mundo.

367. Quais são as fontes da moralidade dos actos humanos?

1749-1754
1757-1758

A moralidade dos actos humanos depende de três fontes: do objecto escolhido, ou seja, dum bem verdadeiro ou

aparente; da intenção do sujeito que age, isto é, do fim que ele tem em vista ao fazer a acção; das circunstâncias

da acção, onde se incluem as suas consequências.

368. Quando é que o acto é moralmente bom?

1755-1756
1759-1760

O acto é moralmente bom quando supõe, ao mesmo tempo, a bondade do objecto, do [N63]fim em vista e das

circunstâncias. O objecto escolhido pode, por si só, viciar toda a acção, mesmo se a sua intenção for boa. Não é

lícito fazer o mal para que dele derive um bem. Um fim mau pode corromper a acção, mesmo que, em si, o seu objecto

seja bom. Pelo contrário, um fim bom não torna bom um comportamento que for mau pelo seu objecto, uma vez que o fim

não justifica os meios. As circunstâncias podem atenuar ou aumentar a responsabilidade de quem age, mas não podem

modificar a qualidade moral dos próprios actos, não tornam nunca boa uma acção que, em si, é má.

369. Há actos que são sempre ilícitos?

1756
1761

Há actos, cuja escolha é sempre ilícita, por causa do seu objecto (por exemplo, a blasfémia, o homicídio, o

adultério). A sua escolha comporta uma desordem da vontade, isto é, um mal moral, que não pode ser justificado com

os bens que eventualmente daí pudessem derivar.



A MORALIDADE DAS PAIXÕES



370. O que são as paixões?

1762-1766
1771-1772

São os afectos, as emoções ou os movimentos da sensibilidade – componentes naturais da psicologia humana – que

inclinam a agir ou a não agir em vista do que se percebeu como bom ou como mau. As principais são o amor e o ódio, o

desejo e o medo, a alegria, a tristeza e a cólera. A paixão fundamental é o amor, provocado pela atracção do bem.

Não se ama se não o bem, verdadeiro ou aparente.

371. As paixões são moralmente boas ou más?

1767-1770;
1773-1775

Enquanto movimentos da sensibilidade, as paixões não são nem boas nem más em si mesmas: são boas quando contribuem

para uma acção boa; são más, no caso contrário. Elas podem ser assumidas pelas virtudes ou pervertidas nos vícios.



A CONSCIÊNCIA MORAL



372. O que é a consciência moral?

1776–1780;
1795–1797

A consciência moral, presente no íntimo da pessoa, é um juízo da razão, que, no momento oportuno, ordena ao homem

que pratique o bem e evite o mal. Graças a ela, a pessoa humana percebe a qualidade moral dum acto a realizar ou já

realizado, permitindo-lhe assumir a responsabilidade. Quando escuta consciência moral, o homem prudente pode ouvir

a voz de Deus que lhe fala.

373. Que implica a dignidade da pessoa perante a consciência moral?

1780 – 1782
1798

A dignidade da pessoa humana implica rectidão da consciência moral (ou seja, estar de acordo com o que é justo e

bom, segundo a razão e a Lei divina). Por causa da sua dignidade pessoal, o homem não deve ser obrigado a agir

contra a consciência e, dentro dos limites do bem comum, nem sequer deve ser impedido de agir em conformidade com

ela, sobretudo em matéria religiosa.

374. Como formar a recta e verdadeira consciência moral?

1783-1788
1799
1800

A consciência moral recta e verdadeira forma-se com a educação e com a assimilação da Palavra de Deus e do ensino da

Igreja. É amparada com os dons do Espírito Santo e ajudada com os conselhos de pessoas sábias. Além disso, ajudam

muito na formação moral a oração e o exame de consciência.

375. Quais as normas que a consciência deve sempre seguir?

1789

Há três mais gerais: 1) nunca é permitido fazer o mal porque daí derive um bem; 2) a chamada regra de ouro: «tudo

quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também» (Mt 7, 12); 3) a caridade passa sempre pelo respeito

do próximo e da sua consciência, embora isto não signifique aceitar como um bem aquilo que é objectivamente um mal.

376. A consciência moral pode emitir juízos erróneos?

1790–1794;
1801–1802

A pessoa deve obedecer sempre ao juízo certo da sua consciência, mas esta também pode emitir juízos erróneos, por

causas nem sempre isentas de culpabilidade pessoal. Não é porém imputável à pessoa o mal realizado por ignorância

involuntária, mesmo que objectivamente não deixe de ser um mal. É preciso, pois, trabalhar para corrigir os erros da

consciência moral.



AS VIRTUDES



377. O que é a virtude?

1803, 1833

A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. «O fim de uma vida virtuosa é tornar-se semelhante a

Deus» (S. Gregório de Nissa). Há virtudes humanas e virtudes teologais.

378. O que são as virtudes humanas?

1804;
1810-1811:
1834, 1839

As virtudes humanas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade, que regulam os nossos actos,

ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por actos

moralmente bons e repetidos, são purificadas e elevadas pela graça divina.

379. Quais são as virtudes humanas principais?

1805;1834

São as virtudes, chamadas cardeais, que reagrupam todas as outras e que constituem a charneira da vida virtuosa. São

elas: prudência, justiça, fortaleza e temperança.

380. O que é a prudência?

1806
1835

A prudência dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o nosso verdadeiro bem e a escolher os justos

meios para o atingir. Ela conduz as outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida.

381. O que é a justiça?

1807
1836

A justiça consiste na constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido. A justiça para com Deus é

chamada «virtude da religião».

382. O que é a fortaleza?

1808; 1837

A fortaleza assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem, chegando até à capacidade do

eventual sacrifício da própria vida por uma causa justa.

383. O que é a temperança?

1809
1838

A temperança modera a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o

equilíbrio no uso dos bens criados.

384. O que são as virtudes teologais?

1812-1813
1840-1841

São as virtudes que têm como origem, motivo e objecto imediato o próprio Deus. São infundidas no homem com a graça

santificante, tornam-nos capazes de viver em relação com a Trindade e fundamentam e animam o agir moral do cristão,

vivificando as virtudes humanas. Elas são o penhor da presença e da acção do Espírito Santo nas faculdades do ser

humano.

385. Quais são as virtudes teologais?

1813

As virtudes teologais são: fé, esperança e caridade.

386. O que é a fé?

1814-1816
1842

A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e que a Igreja nos propõe para

acreditarmos, porque Ele é a própria Verdade. Pela fé, o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente

procura conhecer e fazer a vontade de Deus, porque «a fé opera pela caridade» (Gal 5,6).

387. O que é a esperança?

1817-1821;
1843

A esperança é a virtude teologal por meio da qual desejamos e esperamos de Deus a vida eterna como nossa felicidade,

colocando a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos na ajuda da graça do Espírito Santo para

merecê-la e perseverar até ao fim da vida terrena.

388. O que é a caridade?

1822-1829
1844

A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por

amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei. A caridade é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14)

e o fundamento das outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela «não sou nada» e «nada me aproveita» (1

Cor 13,1-3).

389. O que são os dons do Espírito Santo?

1830 – 1831
1845

Os dons do Espírito Santo são disposições permanentes que tornam o homem dócil para seguir as inspirações divinas.

São sete: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.

390. O que são os frutos do Espírito Santo?

1832

Os frutos do Espírito Santo são perfeições plasmadas por Ele em nós como primícias da glória eterna. A tradição da

Igreja enumera doze: «Amor, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade,

modéstia, continência, castidade» (Gal 5,22-23 vulgata).



O PECADO



391. O que exige de nós o acolhimento da misericórdia de Deus?

1846-1848
1870

Exige o reconhecimento das nossas culpas e o arrependimento dos nossos pecados. Pela sua Palavra e pelo seu

Espírito, o próprio Deus nos revela os nossos pecados, dá-nos a verdade da consciência e a esperança do perdão.

392. O que é o pecado?

1849 – 1851
1871-1872

É «uma palavra, um acto ou um desejo contrários à Lei eterna» (S. Agostinho). É uma ofensa a Deus, na desobediência

ao seu amor. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana. Cristo, na sua Paixão, revela

plenamente a gravidade do pecado e vence-o com a sua misericórdia.

393. Existe uma variedade de pecados?

1852–1853;
1873

A variedade dos pecados é grande. Distinguem-se segundo o seu objecto, ou segundo as virtudes ou os mandamentos a

que se opõem. Podem ser directamente contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos. Podemos ainda distinguir

entre pecados por pensamentos, por palavras, por acções e por omissões.

394. Como se distingue o pecado quanto à gravidade?

1854

Distingue-se entre pecado mortal e venial.

395. Quando se comete o pecado mortal?

1855-1861
1874

Comete-se pecado mortal quando, ao mesmo tempo, há matéria grave, plena consciência e deliberado consentimento. Este

pecado destrói a caridade, priva-nos da graça santificante e conduz-nos à morte eterna do inferno, se dele não nos

arrependermos. É perdoado ordinariamente mediante os sacramentos do Baptismo e da Penitência ou Reconciliação.

396. Quando se comete o pecado venial?

1862-1864
1875

O pecado venial, que difere essencialmente do pecado mortal, comete-se quando se trata de matéria leve, ou mesmo

grave, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento. Não quebra a aliança com Deus, mas enfraquece a

caridade; manifesta um afecto desordenado pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e

na prática do bem moral; merece penas purificatórias temporais.

397. Como prolifera em nós o pecado?

1865, 1876

O pecado arrasta ao pecado e a sua repetição gera o vício.

398. O que são os vícios?

1866-1867

Os vícios, sendo contrários às virtudes, são hábitos perversos que obscurecem a consciência e inclinam ao mal. Os

vícios podem estar ligados aos chamados sete pecados capitais, que são: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula

e preguiça ou negligência.

399. Temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros?

1868

Existe esta responsabilidade, quando culpavelmente neles cooperamos.

400. O que são as estruturas de pecado?

1869

São situações sociais ou instituições contrárias à lei divina, expressão e efeito de pecados pessoais.



CAPÍTULO SEGUNDO

A COMUNIDADE HUMANA



A PESSOA E A SOCIEDADE



401. Em que consiste a dimensão social do homem?

1877-1880;
1890-1891

Juntamente com o chamamento pessoal à bem-aventurança, o homem tem a dimensão social como componente essencial da

sua natureza e da sua vocação. De facto, todos os homens são chamados ao mesmo fim, que é o próprio Deus; existe uma

certa semelhança entre a comunhão das Pessoas divinas e a fraternidade que os homens devem instaurar entre si na

verdade e na caridade; o amor ao próximo é inseparável do amor a Deus.

402. Qual é a relação entre pessoa e sociedade?

1881-1882
1892-1893

Princípio, sujeito e fim de todas as instituições sociais é e deve ser a pessoa. Certas sociedades, como a família e

a sociedade civil, são necessárias para ela. São úteis ainda outras associações, tanto no interior das comunidades

políticas como a nível internacional, no respeito do princípio de subsidiariedade.

403. O que indica o princípio de subsidiariedade?

1883-1885
1894

Este princípio indica que uma sociedade de ordem superior não deve assumir uma tarefa que diga respeito a uma

sociedade de ordem inferior, privando-a das suas competências, mas deve, antes, apoiá-la em caso de necessidade.

404. Que outras coisas requer uma autêntica convivência humana?

1886-1889
1895-1896

Requer o respeito da justiça, a justa hierarquia de valores e a subordinação das dimensões materiais e instintivas

às superiores e espirituais. Em especial, onde o pecado perverte o clima social, é necessário apelar à conversão dos

corações e à graça de Deus, para obter mudanças sociais que estejam realmente ao serviço de cada pessoa e de toda a

pessoa. A caridade, que exige e torna capaz da prática da justiça, é o maior mandamento social.



A PARTICIPAÇÃO NA VIDA SOCIAL



405. Em que se funda a autoridade na sociedade?

1897-1902
1918-1920

Toda a comunidade humana tem necessidade duma autoridade legítima, que assegure a ordem e contribua para a

realização do bem comum. Tal autoridade encontra o seu fundamento na natureza humana, porque corresponde à ordem

estabelecida por Deus.

406. Quando é que a autoridade é exercida legitimamente?

1903-1904-
1921-1922

A autoridade é exercida legitimamente quando procura o bem comum e emprega meios moralmente lícitos para o

conseguir. Por isso, os regimes políticos devem ser determinados pela decisão livre dos cidadãos e devem respeitar o

princípio do «Estado de direito», no qual é soberana a lei e não a vontade arbitrária dos homens. As leis injustas e

as medidas contrárias à ordem moral não obrigam as consciências.

407. O que é o bem comum?

1905-1906
1924

Por bem comum entende-se o conjunto das condições de vida social que permitem aos grupos e aos indivíduos atingir a

sua perfeição.

408. O que é que comporta o bem comum?

1907-1909
1925

O bem comum comporta: o respeito e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa; o desenvolvimento dos bens

espirituais e temporais das pessoas e da sociedade; a paz e a segurança de todos.

409. Onde é que se realiza dum modo mais relevante o bem comum?

1910-1912
1927

A realização mais completa do bem comum encontra-se nas comunidades políticas, que defendem e promovem o bem dos

cidadãos e dos corpos intermédios, sem esquecer o bem universal da família humana.

410. Como é que o homem participa na promoção do bem comum?

1913-1917
1926

Cada ser humano, segundo o lugar que ocupa e o papel que desempenha, participa na promoção do bem comum respeitando

as leis justas e encarregando-se de sectores de que assume a responsabilidade pessoal, como o cuidado da própria

família e o empenho no seu trabalho. Para além disso, os cidadãos, na medida do possível, devem tomar parte activa

na vida pública.



A JUSTIÇA SOCIAL



411. Como é que a sociedade assegura a justiça social?

1928-133
1943-1944

A sociedade assegura a justiça social quando respeita a dignidade e os direitos da pessoa, que constituem o seu

próprio fim. Além disso, a sociedade procura a justiça social, que está conexa ao bem comum e ao exercício da

autoridade, quando realiza as condições que permitam às associações e ao indivíduo obter aquilo a que têm direito.

412. Em que se funda a igualdade entre os homens?

1934-1935
1945

Todos os homens gozam de igual dignidade e direitos fundamentais, uma vez que, criados à imagem do Deus único e

dotados duma alma racional, têm a mesma natureza e origem e são chamados, em Cristo único salvador, à mesma

bem-aventurança divina.

413. Como avaliar a desigualdade entre os homens?

1936-1938
1946-1947

Há iníquas desigualdades económicas e sociais, que ferem milhões de seres humanos; elas estão em contradição aberta

com o Evangelho, são contrárias à justiça, à dignidade das pessoas e à paz. Mas há também diferenças entre os

homens, causadas por factores que fazem parte do plano de Deus. Com efeito, Ele quer que cada um receba dos outros

aquilo de que precisa, e quer que os que dispõem de «talentos» particulares os partilhem com os outros. Tais

diferenças estimulam e obrigam, muitas vezes, as pessoas à magnanimidade, à benevolência e à partilha, e incitam as

culturas a enriquecerem-se umas às outras.

414. Como se manifesta a solidariedade humana?

1939 – 1942
1948

A solidariedade, exigência da fraternidade humana e cristã, manifesta-se, em primeiro lugar, na justa repartição dos

bens, équa na remuneração do trabalho e no esforço por uma ordem social mais justa. A virtude da solidariedade

pratica também a repartição dos bens espirituais da fé, ainda mais importantes que os materiais.



CAPÍTULO TERCEIRO

A SALVAÇÃO DE DEUS: A LEI E A GRAÇA



A LEI MORAL



415. O que é a lei moral?

1950

A lei moral é obra da Sabedoria divina. Prescreve-nos caminhos e normas de conduta que levam à bem-aventurança

prometida, proibindo-nos os caminhos que nos desviam de Deus.

416. Em que consiste a lei moral natural?

1954-1959
1978-1979

A lei natural, escrita pelo Criador no coração de cada ser humano, consiste numa participação na sabedoria e bondade

de Deus, e manifesta o sentido moral originário que permite ao homem discernir, pela razão, o bem e o mal. Ela é

universal e imutável, e constitui a base dos deveres e dos direitos fundamentais da pessoa, bem como da comunidade

humana e da própria lei civil.

417. Esta lei é percebida por todos?

1960

Por causa do pecado, a lei natural nem sempre é percebida por todos com igual clarerza e imediatez.



Por isso Deus «escreveu nas tábuas da Lei o que os homens não conseguiam ler nos seus corações» (S. Agostinho)



418. Qual é a relação entre a Lei Natural e a Antiga Lei?

1961-1964
1980-1982

A Antiga Lei é o primeiro estádio da Lei revelada. Ela exprime muitas verdades que são naturalmente acessíveis à

razão e que se encontram assim declaradas e autenticadas nas Alianças da salvação. As suas prescrições morais estão

compendiadas nos Dez Mandamentos do Decálogo, colocam os alicerces da vocação do homem, proíbem o que é contrário ao

amor de Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial.

419. Qual o lugar da antiga Lei, no plano da salvação?

1963-1964
1982

A Antiga Lei permite conhecer muitas verdades acessíveis à razão, indica o que se deve e o que se não deve fazer, e

sobretudo, como um sábio pedagogo, prepara e dispõe à conversão e ao acolhimento do Evangelho. Todavia, embora

santa, espiritual e boa, a Lei antiga é ainda imperfeita, pois, por si, não dá a força e a graça do Espírito para a

cumprir.

420. O que é a Nova Lei ou Lei evangélica?

1965-1972;
1983-1985

A Nova Lei ou Lei evangélica, proclamada e realizada por Cristo, é a perfeição e cumprimento da Lei divina, natural

e revelada. Resume-se no mandamento do amor a Deus e ao próximo, e de nos amarmos como Cristo nos amou; é também uma

realidade interior dada ao homem: a graça do Espírito Santo que torna possível um tal amor. É a «lei da liberdade»

(Tg 1,25), porque nos inclina a agir espontaneamente sob o impulso da caridade.



«A Lei nova é sobretudo a própria graça do Espírito Santo, dada aos crentes em Cristo» (S. Tomás de Aquino).



421. Onde se encontra a Lei nova?

1971-1974
1986

A Lei nova encontra-se em toda a vida e pregação de Cristo e na catequese moral dos Apóstolos: o Sermão do Senhor na

Montanha é a sua principal expressão.



GRAÇA E JUSTIFICAÇÃO



422. O que é a justificação?

1987-1995;
2017-2020

A justificação é a obra mais excelente do amor de Deus. É a acção misericordiosa e gratuita de Deus, que perdoa os

nossos pecados e nos torna justos e santos em todo o nosso ser. Isto tem lugar por meio da graça do Espírito Santo,

que nos foi merecida pela paixão de Cristo e nos foi dada no Baptismo. A justificação inicia a resposta livre do

homem, ou seja, a fé em Cristo e a colaboração com a graça do Espírito Santo.

423. O que é a graça que justifica?

1996-1998
2005 201

A graça é o dom gratuito que Deus nos dá para nos tornar participantes da sua vida trinitária e capaz de agir por

amor d’Ele. É chamada graça habitual ou santificante ou deificante, pois nos santifica e diviniza. É sobrenatural,

porque depende inteiramente da iniciativa gratuita de Deus e ultrapassa as capacidades da inteligência e das forças

do homem. Escapa, portanto, à nossa experiência.

424. Que outros tipos de graça existem?

1999-2000
2003-2004
2023-2024

Para além da graça habitual, existem: as graças actuais (dons circunstanciais); as graças sacramentais (dons

próprios de cada sacramento); as graças especiais ou carismas (que têm como fim o bem comum da Igreja), entre as

quais as graças de estado, que acompanham o exercício dos ministérios eclesiais e das responsabilidades da vida.

425. Qual é a relação entre a graça e a liberdade do homem?

2001-2002

A graça precede, prepara e suscita a resposta livre do homem. Responde às aspirações profundas da liberdade humana,

convida-a à colaboração e leva-a à sua perfeição.

426. O que é o mérito?

2006-2009;
2025-2027

O mérito é o que dá direito à recompensa por uma acção boa. Em relação a Deus, o homem, de si, não pode merecer

nada, tendo recebido gratuitamente tudo d’Ele. Todavia, Deus dá-lhe a possibilidade de adquirir méritos pela união à

caridade de Cristo, fonte dos nossos méritos diante de Deus. Os méritos das obras boas devem por isso ser atribuídos

antes de mais à graça de Deus e depois à vontade livre do homem.

427. Que bens podemos merecer?

2006-2009
2025-2027

Sob a moção do Espírito Santo, podemos merecer, para nós mesmos e para os outros, as graças úteis para nos

santificarmos e para alcançar a vida eterna, bem como os bens temporais necessários segundo os desígnios de Deus.

Ninguém pode merecer a graça primeira, que está na origem da conversão e da justificação.

428. Somos todos chamados à santidade cristã?

2012–2016
2028–2029

Todos os fiéis são chamados à santidade. Esta é a plenitude da vida cristã e a perfeição da caridade, que se obtém

mediante a íntima união com Cristo e, n’Ele, com a Santíssima Trindade. O caminho de santificação do cristão, depois

de ter passado pela cruz, terá o seu acabamento na ressurreição final dos justos, na qual Deus será tudo em todas as

coisas.



A IGREJA MÃE E MESTRA



429. Como é que a Igreja alimenta a vida moral do cristão?

2030-2031;
2047

A Igreja é a comunidade onde o cristão acolhe a Palavra de Deus que contém os ensinamentos da «Lei de Cristo» (Gal

6,2); recebe a graça dos sacramentos; une-se à oferta eucarística de Cristo de modo que a sua vida moral seja um

culto espiritual; e aprende o exemplo da santidade da Virgem Maria e dos Santos.

430. Porque é que o Magistério da Igreja intervém no campo moral?

2032-2040
2049-2051

Porque é missão do Magistério da Igreja pregar a fé que deve ser acreditada e aplicada na vida prática. Essa missão

estende-se também aos preceitos específicos da lei natural, porque a sua observância é necessária para a salvação.

431. Qual a finalidade dos preceitos da Igreja?

2041
2048

Os cinco preceitos da Igreja têm por fim garantir aos fiéis o mínimo indispensável do espírito de oração, da vida

sacramental, do empenho moral e do crescimento do amor de Deus e do próximo.

432. Quais são os preceitos da Igreja?

2042 – 2043

São: 1) participar na missa do Domingo e Dias Santos de Guarda e abster-se de trabalhos e actividades que impeçam a

santificação desses dias; 2) confessar os pecados recebendo o sacramento da Reconciliação ao menos uma vez cada ano;

3) comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição; 4) guardar a abstinência e jejuar nos dias marcados pela Igreja;

5) contribuir para as necessidades materiais da Igreja, cada um segundo as próprias possibilidades.

433. Porque é que a vida moral dos cristãos é indispensável para o anúncio do Evangelho?

2044-2046

Porque, com a sua vida conforme ao Senhor Jesus, os cristãos atraem os homens à fé no verdadeiro Deus, edificam a

Igreja, modelam o mundo com o espírito do Evangelho e apressam a vinda do Reino de Deus.



SEGUNDA SECÇÃO
OS DEZ MANDAMENTOS



Êxodo 20, 2-17

Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, dessa casa da escravidão.

Não terás outros deuses perante Mim. Não farás para ti nenhuma imagem esculpida, nem figura que existe lá no alto do

céu, ou cá em baixo, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas nem lhes prestarás

culto, porque Eu, o Senhor teu Deus, sou um Deus cioso: castigo a ofensa dos pais nos filhos até à terceira e quarta

geração daqueles que Me ofendem; mas uso de misericórdia até à milésima geração com aqueles que me amam e guardam os

meus mandamentos.



Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixa sem castigo quem invocar o seu Nome em

vão.



Recorda-te do dia do Sábado para o santificar. Durante seis dias trabalharás e farás todos os trabalhos. Mas o

sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus. Não farás nele nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho ou tua filha, nem

o teu servo nem a tua serva, nem teu gado, nem o estrangeiro que vive em tua cidade. Porque em seis dias o Senhor

fez o Céu e a Terra, o mar e o que eles contêm: mas ao sétimo descansou. Por isso o Senhor abençoou o dia de Sábado

e o consagrou .

Honra pai e mãe, a fim de prolongares os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te vai dar.

Não matarás.

Não cometerás adultério.

Não roubarás.

Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.

Não cobiçarás a casa do teu próximo.

Não desejarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo nem a sua serva, o seu boi ou o seu jumento, nem nada do que

lhe pertença.

Deuteronómio 5, 6-21

Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, dessa casa da escravidão.

Não terás outros deuses diante de Mim....

Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus....

Guarda o dia do Sábado para o santificar

Honra teu pai e tua mãe...

Não matarás.

Não cometerás adultério.

Não roubarás.

Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.

Não desejarás a mulher do teu próximo; Não cobiçarás… nada que pertença ao teu próximo.

Fórmula da Catequese

Eu sou o Senhor teu Deus:

Primeiro: Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas.

Segundo: Não invocar o santo nome de Deus em vão.

Terceiro: Santificar os Domingos e festas de guarda.

Quarto: Honrar pai e mãe (e os outros legítimos superiores).

Quinto: Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo).

Sexto: Guardar castidade nas palavras e nas obras.

Sétimo: Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo).

Oitavo: Não levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o próximo)

Nono: Guardar castidade nos pensamentos e desejos.

Décimo: Não cobiçar as coisas alheias.

Estes dez mandamentos
resumem-se em dois que são:
Amar a Deus sobre todas as coisas
E ao próximo como a nós mesmos.



434. «Mestre, que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?» (Mt 19,16)

2052-2054;
2075-2076

Ao jovem que lhe faz esta pergunta, Jesus responde: «Se queres entrar na vida, observa os mandamentos», e

acrescenta: «Vem e segue-me» (Mt 19,16-21). Seguir Jesus implica observar os mandamentos. A Lei não é abolida, mas o

homem é convidado a encontrá-la na pessoa do divino Mestre, que em si mesmo a cumpre perfeitamente, lhe revela o

pleno significado e atesta a sua perenidade.

435. Como é que Jesus interpreta a Lei?

2055

Jesus interpreta a Lei, à luz do duplo e único mandamento da caridade, que é a plenitude da Lei: «Amarás o Senhor

teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro dos

mandamentos. E o segundo é semelhante ao primeiro: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos

depende toda a Lei e os Profetas» (Mt 22,37-40).

436. O que significa o «Decálogo»?

2056-2057

Decálogo significa «dez palavras» (Ex 34,28). Estas palavras resumem a Lei, dada por Deus ao povo de Israel, no

contexto da Aliança, por meio de Moisés. Este, ao apresentar os mandamentos do amor a Deus (os três primeiros) e ao

próximo (os outros sete), traça, para o povo eleito e para cada um em particular, o caminho duma vida liberta da

escravidão do pecado.

437. Qual a relação do Decálogo com a Aliança?

2058-2063
2077

O Decálogo compreende-se à luz da Aliança, na qual Deus se revela, dando a conhecer a sua vontade. Na observância

dos mandamentos, o povo mostra a sua pertença a Deus e responde com gratidão à sua iniciativa de amor.

438. Que importância dá a Igreja ao Decálogo?

2064-2068

Fiel à Escritura e ao exemplo de Jesus, a Igreja reconhece ao Decálogo uma importância e um significado basilares.

Os cristãos estão obrigados a observá-lo.

439. Porque é que o Decálogo constitui uma unidade orgânica?

2069
2079

O Decálogo constitui um conjunto orgânico e indissociável, porque cada mandamento remete para os outros e para o

todo do Decálogo. Por isso, transgredir um mandamento é infringir toda a Lei.

440. Porque é que o Decálogo obriga gravemente?

2072 - 2073
2081

Porque enuncia deveres fundamentais do homem para com Deus e para com o próximo.

441. É possível observar o Decálogo?

2074
2082

Sim, porque Cristo, sem o qual nada podemos fazer, nos torna capazes de observá-lo, com o dom do seu Espírito e da

sua graça.



CAPÍTULO PRIMEIRO

« AMARÁS O SENHOR TEU DEUS COM
TODO TEU CORAÇÃO, COM TODA TUA ALMA
E COM TODAS AS TUAS FORÇAS »



O PRIMEIRO MANDAMENTO:
EU SOU O SENHOR TEU DEUS NÃO TERÁS
OUTRO DEUS ALÉM DE MIM



442. Que implica a afirmação: «Eu sou o Senhor teu Deus» (Ex 20,2)?

2083-2094
2133-2134

Implica, para o fiel, guardar e praticar as três virtudes teologais e evitar os pecados que se lhes opõem. A fé crê

em Deus e rejeita o que lhe é contrário, como, por exemplo, a dúvida voluntária, a incredulidade, a heresia, a

apostasia e o cisma. A esperança é a expectativa confiante da visão bem-aventurada de Deus e da sua ajuda, evitando

o desespero e a presunção. A caridade ama a Deus sobre todas as coisas: são rejeitadas portanto a indiferença, a

ingratidão, a tibieza, a acédia ou preguiça espiritual e o ódio a Deus, que nasce do orgulho.

443. Que implica a Palavra do Senhor: «Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto» (Mt 4,10)?

2095-2105
2135-2136

Implica adorar a Deus como Senhor de tudo o que existe; prestar-lhe o culto devido individual e comunitariamente;

rezar-lhe com expressões de louvor, de acção de graças, de intercessão e de súplica; oferecer-Lhe sacrifícios,

sobretudo o sacrifício espiritual da nossa vida, em união com o sacrifício perfeito de Cristo; e manter as promessas

e os votos que Lhe fizermos.

444. Como é que a pessoa realiza o próprio direito de prestar culto a Deus na verdade e na liberdade?

2104-2109
2137

Todo o homem tem o direito e o dever moral de procurar a verdade, em especial no que se refere a Deus e à sua

Igreja, e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar fielmente, prestando a Deus um culto autêntico. Ao mesmo tempo,

a dignidade da pessoa humana requer que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria

consciência nem seja impedido de agir em conformidade com ela, dentro dos limites da ordem pública, privada ou

publicamente, de forma individual ou associada.

445. Que proíbe Deus ao ordenar: «Não terás outros deuses perante Mim» (Ex 20,2)?

2110-2128
2138-2140

Este mandamento proíbe:

- o politeísmo e a idolatria, que diviniza uma criatura, o poder, o dinheiro, e até mesmo o demónio;

- a superstição, que é um desvio do culto devido ao verdadeiro Deus, e que se expressa nas várias formas de

adivinhação, magia, feitiçaria e espiritismo;

- a irreligião, expressa no tentar a Deus com palavras ou actos, no sacrilégio, que profana pessoas ou coisas

sagradas sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que pretende comprar ou vender realidades espirituais;

- o ateísmo, que nega a existência de Deus, fundando-se muitas vezes numa falsa concepção de autonomia humana;

- o agnosticismo, segundo o qual nada se poder saber de Deus, e que inclui o indiferentismo e o ateísmo prático.

446. Ao dizer: «não farás para ti qualquer imagem esculpida» (Ex 20,3) proíbe-se o culto das imagens?

2129-2132
2141

No Antigo Testamento, este mandamento proíbe representar o Deus absolutamente transcendente. Porém, a partir da

Encarnação do Filho de Deus, o culto cristão das imagens sagradas é justificado (como afirma o segundo Concílio de

Niceia, de 787), porque se funda no Mistério do Filho de Deus feito homem, no qual Deus transcendente se torna

visível. Não se trata duma adoração da imagem, mas de uma veneração de quem nela é representado: Cristo, a Virgem,

os Anjos e os Santos.



O SEGUNDO MANDAMENTO:
NÃO INVOCAR O SANTO NOME DE DEUS EM VÃO



447. Como respeitar a santidade do Nome de Deus?

2142-2149
2160-2162

Invocando, bendizendo, louvando e glorificando o santo Nome de Deus. Deve pois ser evitado o abuso de invocar o Nome

de Deus para justificar um crime, e ainda todo o uso inconveniente do seu Nome, como a blasfémia, que por sua

natureza é um pecado grave, as imprecações e a infidelidade às promessas feitas em Nome de Deus.

448. Porque se proíbe o juramento falso?

2150-2151
2163-2164

Porque, assim, se chama a Deus, que é a própria Verdade, como testemunha da mentira.



«Não jurar nem pelo Criador, nem pela criatura, senão com verdade, por necessidade e com reverência» (S. Inácio de

Loiola).



449. O que é o perjúrio?

2152-2155

É fazer, sob juramento, uma promessa com intenção de a não manter ou de violar a promessa feita sob juramento. É um

pecado grave contra Deus, que é sempre fiel às suas promessas.



O TERCEIRO MANDAMENTO:
SANTIFICAR OS DOMINGOS E FESTAS DE GUARDA



450. Porque é que Deus «abençoou o dia de Sábado e o declarou sagrado» (Ex 20,11)?

2168-2172
2189

Porque o dia de Sábado recorda o repouso de Deus no sétimo dia da criação e também a libertação de Israel da

escravidão do Egipto e a Aliança que Deus estabeleceu com o povo.

451. Qual a atitude de Jesus em relação ao Sábado?

2173

Jesus reconhece a santidade do Sábado e, com a sua autoridade divina, dá-lhe a sua interpretação autêntica: «O

Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado» (Mc 2,27).

452. Porque motivo, para os cristãos, o Sábado é substituído pelo Domingo?

2174-2176
2190-2191

Porque o Domingo é o dia da ressurreição de Cristo. Como «primeiro dia da semana» (Mc 16,2) ele evoca a primeira

criação; como «oitavo dia», que segue o Sábado, significa a nova criação, inaugurada com a Ressurreição de Cristo.

Tornou-se assim para os cristãos o primeiro de todos os dias e de todas as festas: o dia do Senhor, no qual Ele, com

a sua Páscoa, leva à realização a verdade espiritual do Sábado judaico e anuncia o repouso eterno do homem em Deus.

453. Como santificar o Domingo?

2177-2185
2192-2193

Os cristãos santificam o Domingo e as festas de preceito participando na Eucaristia do Senhor e abstendo-se também

das actividades que o impedem de prestar culto a Deus e perturbam a alegria própria do dia do Senhor ou o devido

descanso da mente e do corpo. São permitidas as actividades ligadas a necessidades familiares ou a serviços de

grande utilidade social, desde que não criem hábitos prejudiciais à santificação do Domingo, à vida de família e à

saúde.

454. Porque é importante reconhecer civilmente o Domingo como dia festivo?

2186-2188
2194-2195

Para que todos possam gozar de repouso suficiente e de tempo livre, que lhes permitam cuidar da vida religiosa,

familiar, cultural e social; para dispor de tempo propício à meditação, reflexão, silêncio e estudo; e para fazer

boas obras, servir os doentes e os anciãos.



CAPÍTULO SEGUNDO

«AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO»



O QUARTO MANDAMENTO:
HONRAR PAI E MÃE



455. O que nos manda o quarto mandamento?

2196 –2200
2247 – 2248

Manda honrar e respeitar os nossos pais e aqueles que Deus, para o nosso bem, revestiu com a sua autoridade.

456. Qual é a natureza da família no plano de Deus?

2201-2205
2249

Um homem e uma mulher, unidos em matrimónio, formam com os filhos uma família. Deus instituiu a família e dotou-a da

sua constituição fundamental. O matrimónio e a família são ordenados ao bem dos esposos e à procriação e educação

dos filhos. Entre os membros da família estabelecem-se relações pessoais e responsabilidades primárias. Em Cristo, a

família torna-se igreja doméstica, porque ela é comunidade de fé, de esperança e de amor.

457. Que lugar ocupa a família na sociedade?

2207-2208

A família é a célula originária da sociedade humana e precede qualquer reconhecimento da autoridade pública. Os

princípios e os valores familiares constituem o fundamento da vida social. A vida de família é uma iniciação à vida

da sociedade.

458. Quais os deveres da sociedade em relação à família?

2209-2213
2250

A sociedade tem o dever de sustentar e consolidar o matrimónio e a família, no respeito também do princípio de

subsidiariedade. Os poderes públicos devem respeitar, proteger e favorecer a verdadeira natureza do matrimónio e da

família, a moral pública, os direitos dos pais e a prosperidade doméstica.

459. Quais os deveres dos filhos para com os pais?

2214-2220
2251

Em relação aos pais, os filhos devem respeito (piedade filial), reconhecimento, docilidade e obediência,

contribuindo assim, também com as boas relações entre irmãos e irmãs, para o crescimento da harmonia e da santidade

de toda a vida familiar. Se os pais se encontrarem em situação de indigência, de doença, de solidão ou de velhice,

os filhos adultos devem-lhes ajuda moral e material.

460. Quais os deveres dos pais para com os filhos?

2252 – 2253

Os pais, participantes da paternidade divina, são os primeiros responsáveis da educação dos filhos e os primeiros

anunciadores da fé. Têm o dever de amar e respeitar os filhos como pessoas e filhos de Deus e, dentro do possível,

de prover às suas necessidades materiais e espirituais, escolhendo para eles uma escola adequada e ajudando-os com

prudentes conselhos na escolha da profissão e do estado de vida. Em particular, têm a missão de educá-los na fé

cristã.

461. Como é que os pais educam os filhos na fé cristã?

2252-2253

Principalmente com o exemplo, a oração, a catequese familiar e a participação na vida eclesial.

462. Os laços familiares são um bem absoluto?

2232-2233

Os laços familiares são importantes mas não absolutos, porque a primeira vocação do cristão é seguir Jesus,

amando-o: «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; quem ama a filha ou o filho mais do que a

Mim não é digno de Mim» (Mt 10,37). Os pais devem, com alegria, ajudar os filhos no seguimento de Jesus, em todos os

estados de vida, mesmo na vida consagrada ou no ministério sacerdotal.

463. Como exercer a autoridade nos diferentes âmbitos da sociedade civil?

2234-2237
2254

A autoridade deve ser exercida, como um serviço, respeitando os direitos fundamentais da pessoa humana, uma justa

hierarquia de valores, as leis, a justiça distributiva, e o princípio de subsidiariedade. No exercício da

autoridade, cada um deve procurar o interesse da comunidade em vez do próprio e deve inspirar as suas decisões na

verdade acerca de Deus, do homem e do mundo.

464. Quais os deveres dos cidadãos em relação às autoridades civis?

2238-2241
2255

Os que estão submetidos à autoridade vejam os superiores como representantes de Deus e colaborem lealmente no bom

funcionamento da vida pública e social. Isto comporta o amor e o serviço da pátria, o direito e o dever de votar, o

pagamento dos impostos, a defesa do país e o direito a uma crítica construtiva.

465. Quando é que o cidadão não deve obedecer à autoridade civil?

2242-2243
2256

Em consciência, o cidadão não deve obedecer quando os mandamentos das autoridades civis se opõem às exigências da

ordem moral: «É necessário obedecer mais a Deus do que aos homens» (Act 5,29).



O QUINTO MANDAMENTO:
NÃO MATAR



466. Porque respeitar a vida humana?

2258-2262
2318-2320

Porque é sagrada. Desde o seu início ela supõe a acção criadora de Deus e mantém-se para sempre numa relação

especial com o Criador, seu único fim. A ninguém é lícito destruir directamente um ser humano inocente, pois é um

acto gravemente contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador. «Não causarás a morte do inocente e do

justo» (Ex 23, 7).

467. Porque é que a legítima defesa das pessoas e das sociedades não vai contra tal norma?

2263-2265

Porque com a legítima defesa se exerce a escolha de defender e valorizar o direito à própria vida e à dos outros, e

não a escolha de matar. Para quem tem responsabilidade pela vida do outro, a legítima defesa pode até ser um dever

grave. Todavia ela não deve comportar um uso da violência maior que o necessário.

468. Para que serve uma pena?

2266

A pena, infligida por uma legítima autoridade pública, tem como objectivo compensar a desordem introduzida pela

culpa, preservar a ordem pública e a segurança das pessoas, e contribuir para a emenda dos culpados.

469. Que pena se pode aplicar?

2267

A pena infligida deve ser proporcionada à gravidade do delito. Hoje, na sequência das possibilidades do Estado para

reprimir o crime tornando inofensivo o culpado, os casos de absoluta necessidade da pena de morte «são agora muito

raros, se não mesmo praticamente inexistentes» (Evangelium vitae). Quando forem suficientes os meios incruentos, a

autoridade deve limitar-se ao seu uso, porque correspondem melhor às condições concretas do bem comum, são mais

conformes à dignidade da pessoa humana e não retiram definitivamente ao culpado a possibilidade de se redimir.

470. Que proíbe o quinto mandamento?

2268-2283
2321-2326

O quinto mandamento proíbe como gravemente contrários à lei moral:

O homicídio directo e voluntário e a cooperação nele;

O aborto directo, querido como fim ou como meio, e também a cooperação nele, crime que leva consigo a pena de

excomunhão, porque o ser humano, desde a sua concepção, deve ser, em modo absoluto, respeitado e protegido

totalmente;

A eutanásia directa, que consiste em pôr fim à vida de pessoas com deficiências, doentes ou moribundas, mediante um

acto ou omissão duma acção devida;

O suicídio e a cooperação voluntária nele, enquanto ofensa grave ao justo amor de Deus, de si e do próximo: a

responsabilidade pode ser ainda agravada por causa do escândalo ou atenuada por especiais perturbações psíquicas ou

temores graves.

471. O que é consentido, medicamente, quando a morte é tida como iminente?

2278-2279

Os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos. São legítimos o uso

de analgésicos, que não têm como fim a morte, e também a renúncia ao «excesso terapêutico», isto é, à utilização de

tratamentos médicos desproporcionados e sem esperança razoável de êxito positivo.

472. Porque é que a sociedade deve proteger o embrião?

2274

O direito inalienável à vida de cada ser humano, desde a sua concepção, é um elemento constitutivo da sociedade

civil e da sua legislação. Quando o Estado não coloca a sua força ao serviço dos direitos de todos e em particular

dos mais fracos, e entre eles dos concebidos ainda não nascidos, passam a ser minados os próprios fundamentos do

Estado de direito.

473. Como se evita o escândalo?

2284-2287

O escândalo, que consiste em levar alguém a fazer o mal, evita-se respeitando a alma e o corpo da pessoa. Se alguém

induz deliberadamente outro a pecar gravemente, comete uma culpa grave.

474. Que deveres temos em relação ao corpo?

2288-2291

O dever dum razoável cuidado da saúde física, da nossa e da dos outros, evitando todavia o culto do corpo e toda a

espécie de excessos. Evitar o uso de estupefacientes, com gravíssimos danos para a saúde e a vida humana e também o

abuso dos alimentos, do álcool, do tabaco e dos remédios.

475. Quando são moralmente legítimas as experiências científicas, médicas ou psicológicas, sobre pessoas ou grupos

humanos?

2292-2295

São moralmente legítimas se estão ao serviço do bem integral da pessoa e da sociedade e não trazem riscos

desproporcionados à vida e à integridade física e psíquica dos indivíduos, que devem ser oportunamente esclarecidos

e dar o seu consentimento.

476. São consentidos a transplantação e doação de órgãos, antes e depois da morte?

2296

A transplantação de órgãos é moralmente aceitável com o consentimento do doador e sem riscos excessivos para ele.

Para o acto nobre da doação de órgãos depois da morte, deve acertar-se plenamente a morte real do doador.

477. Quais as práticas contra o respeito à integridade corpórea da pessoa humana?

2297-2298

São: os raptos e sequestros de pessoas, o terrorismo, a tortura, as violências, a esterilização directa. As

amputações e as mutilações duma pessoa só são moralmente consentidas para indispensáveis fins terapêuticos da mesma.

478. Que cuidado ter com os moribundos?

2299

Os moribundos têm direito a viver com dignidade os últimos momentos da sua vida terrena, sobretudo com a ajuda da

oração e dos sacramentos que preparam para o encontro com o Deus vivo.

479. Como tratar os corpos dos defuntos?

2300 – 2301

Os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade. A sua cremação é permitida, se não puser em causa

a fé na ressurreição dos corpos.

480. Que pede o Senhor a cada um em ordem à paz?

2302 – 2303

O Senhor, que proclama «bem-aventurados os obreiros da paz» (Mt 5, 9), pede a paz do coração e denuncia a

imoralidade da ira, que é desejo de vingança pelo mal recebido, e do ódio, que leva a desejar o mal ao próximo.

Estas atitudes, se voluntárias e consentidas em matéria de grande importância, são pecados graves contra a caridade.

481. O que é a paz no mundo?

2304-2305

A paz no mundo, a qual é exigida para o respeito e desenvolvimento da vida humana, não é a simples ausência de

guerra ou equilíbrio entre as forças em contraste, mas é «a tranquilidade da ordem» (S. Agostinho), «fruto da

justiça» (Is 32, 17) e efeito da caridade. A paz terrena é imagem e fruto da paz de Cristo.

482. O que exige a paz no mundo?

2304;
2307–2308

Exige a distribuição equitativa e a tutela dos bens das pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o

respeito da dignidade das pessoas e dos povos, a assídua prática da justiça e da fraternidade.

483. Quando é moralmente consentido o uso da força militar?

2307-2310

O uso da força militar é moralmente justificado pela presença contemporânea das seguintes condições: certeza de um

dano permanente e grave; ineficácia doutras alternativas pacíficas; fundadas possibilidades de êxito; ausência de

males piores, considerado o poder actual dos meios de destruição.

484. A quem compete a avaliação rigorosa dessas condições, em caso de guerra?

2309

Compete ao juízo prudente dos governantes, aos quais compete também o direito de impor aos cidadãos a obrigação da

defesa nacional, salvo o direito pessoal à objecção de consciência, a realizar-se com outra forma de serviço à

comunidade humana.

485. O que exige a lei moral, em caso de guerra?

2312-2314
2328

A lei moral permanece sempre válida, mesmo em caso de guerra. Devem tratar-se com humanidade os não combatentes, os

soldados feridos e os prisioneiros. As acções deliberadamente contrárias ao direito dos povos e as disposições que

as impõem são crimes que a obediência cega não pode desculpar. Devem-se condenar as destruições em massa, bem como o

extermínio de um povo ou duma minoria étnica, que são pecados gravíssimos e obrigam moralmente a resistir às ordens

de quem os ordena.

486. O que se deve fazer para evitar a guerra?

2315-2317
2327-2330

Devemos fazer tudo o que é razoavelmente possível para evitar de qualquer modo a guerra, devido aos males e

injustiças que ela provoca. É necessário, em especial, evitar a acumulação e comércio de armas não devidamente

regulamentadas pelos poderes legítimos; as injustiças sobretudo económicas e sociais; as discriminações étnicas e

religiosas; a inveja, a desconfiança, o orgulho e o espírito de vingança. Tudo quanto se fizer para eliminar estas e

outras desordens ajudará a construir a paz e a evitar a guerra.



SEXTO MANDAMENTO:
NÃO COMETER O ADULTÉRIO



487. Qual a missão da pessoa humana em relação à própria a identidade sexual?

2331-2336.
2392-2393

Deus criou o ser humano como homem e mulher, com igual dignidade pessoal, e inscreveu nele a vocação ao amor e à

comunhão. Compete a cada um aceitar a sua identidade sexual, reconhecendo a sua importância para a pessoa toda, bem

como o valor da especificidade e da complementaridade.

488. O que é a castidade?

2337-2338

A castidade é a integração positiva da sexualidade na pessoa. A sexualidade torna-se verdadeiramente humana quando é

bem integrada na relação pessoa a pessoa. A castidade é uma virtude moral, um dom de Deus, uma graça, um fruto do

Espírito.

489. O que supõe a virtude da castidade?

2339-2341

Supõe a aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia de liberdade humana aberta ao dom de si. Para tal fim, é

necessária uma educação integral e permanente, através de etapas graduais de crescimento.

490. Quais os meios que ajudam a viver a castidade?

2340-2347

São numerosos os meios à disposição: a graça de Deus, a ajuda dos sacramentos, a oração, o conhecimento de si, a

prática duma ascese adaptada às situações, o exercício das virtudes morais, em particular da virtude da temperança,

que procura fazer com que as paixões sejam guiadas pela razão.

491. Como é que todos são chamados a viver a castidade?

2348 – 2350
2394

Todos, seguindo Cristo modelo de castidade, são chamados a levar uma vida casta, segundo o próprio estado de vida:

uns na virgindade ou no celibato consagrado, forma eminente de uma mais fácil entrega a Deus com um coração

indiviso; os outros, se casados, vivendo a castidade conjugal; os não casados vivem a castidade na continência.

492. Quais os principais pecados contra a castidade?

2351 – 2359
2396

São pecados gravemente contrários à castidade, cada um segundo a natureza do objecto: o adultério, a masturbação, a

fornicação, a pornografia, a prostituição, o estupro, os actos homossexuais. Estes pecados são expressão do vício da

luxúria. Cometidos contra os menores, são atentados ainda mais graves contra a sua integridade física e moral.

493. Porque é que o sexto mandamento, que diz «não cometerás adultério», proíbe todos os pecados contra a castidade?

2336

Embora no texto bíblico se leia «não cometerás adultério» (Ex 20,14), a Tradição da Igreja segue complexivamente

todos os ensinamentos morais do Antigo e Novo Testamento, e considera o sexto mandamento como englobando todos os

pecados contra a castidade.

494. Qual a missão das autoridades civis em relação à castidade?

2354

As autoridades civis, obrigadas a promover o respeito pela dignidade da pessoa, devem contribuir para criar um

ambiente favorável à castidade, mesmo impedindo, com leis apropriadas, a difusão de algumas das chamadas graves

ofensas à castidade, para proteger sobretudo os menores e os mais débeis.

495. Quais os bens do amor conjugal a que a sexualidade se ordena?

2360-2361;
2397-2398

Os bens do amor conjugal, que para os baptizados é santificado pelo sacramento do matrimónio, são: a unidade, a

fidelidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade.

496. Qual o significado do acto conjugal?

2362-2367

O acto conjugal tem um duplo significado: unitivo (a mútua doação dos esposos) e procriador (a abertura à

transmissão da vida). Ninguém deve quebrar a conexão inquebrável que Deus quis entre os dois significados do acto

conjugal, excluindo um deles.

497. Quando é que a regulação dos nascimentos é moral?

2368-2369
2399

A regulação dos nascimentos, que é uma componente da paternidade e maternidade responsáveis, é objectivamente

conforme à moralidade quando é realizada pelos esposos sem imposições externas, nem por egoísmo, mas com base em

motivos sérios e o recurso a métodos conformes aos critérios objectivos da moralidade, isto é, com a continência

periódica e o recurso aos períodos infecundos.

498. Quais os meios imorais na regulação dos nascimentos?

2370 – 2372

É intrinsecamente imoral toda a acção – como, por exemplo, a esterilização directa ou a contracepção – que, na

previsão do acto conjugal ou na sua realização ou no desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha,

como objectivo ou como meio, impedir a procriação.

499. Porque é que a inseminação e a fecundação artificiais são imorais?

2373-2377

São imorais porque dissociam a procriação do acto com que os esposos se entregam mutuamente, instaurando assim um

domínio da técnica sobre a origem e o destino da pessoa humana. Além disso, a inseminação e a fecundação heteróloga,

com o recurso a técnicas que envolvem uma pessoa estranha ao casal dos esposos, prejudicam o direito do filho a

nascer dum pai e duma mãe conhecidos por ele, ligados entre si pelo matrimónio e tendo o direito exclusivo a

tornarem-se pais, só um através do outro.

500. Como deve ser considerado um filho?

2378

O filho é um dom de Deus, o maior dom do matrimónio. Não existe um direito a ter filhos («o filho exigido, a todo o

custo»). Existe, ao contrário, o direito do filho a ser o fruto do acto conjugal dos seus progenitores e o direito a

ser respeitado como pessoa desde o momento da sua concepção.

501. Que devem fazer os esposos sem filhos?

2379

No caso em que o dom do filho não lhes tivesse sido concedido, os esposos, esgotados os recursos médicos legítimos,

podem mostrar a sua generosidade, mediante o cuidado ou a adopção, ou então realizando serviços significativos em

favor do próximo. Deste modo, realizarão uma preciosa fecundidade espiritual.

502. Quais são as ofensas contra a dignidade do matrimónio?

2380-2391
2400

São: o adultério, o divórcio, a poligamia, o incesto, a união de facto (convivência, concubinato) e o acto sexual

antes ou fora do matrimónio.



O SÉTIMO MANDAMENTO:
NÃO ROUBAR



503. Que diz o sétimo mandamento?

2401-2402

Ele enuncia o destino, a distribuição universal e a propriedade privada dos bens, e ainda o respeito das pessoas,

dos seus bens e da integridade da criação. A Igreja encontra fundada neste mandamento também a sua doutrina social,

que compreende o recto agir na actividade económica e na vida social e política, o direito e o dever do trabalho

humano, a justiça e a solidariedade entre as nações, o amor aos pobres.

504. Em que condições existe o direito à propriedade privada?

2403

O direito à propriedade privada existe se ela for adquirida ou recebida de modo justo e desde que seja respeitado o

destino universal dos bens para a satisfação das necessidades fundamentais de todos os homens.

505. Qual é o fim da propriedade privada?

2404-2406

O fim da propriedade privada é a garantia da liberdade e da dignidade de cada uma das pessoas, ajudando-as a

satisfazer as necessidades fundamentais próprias daqueles por quem se tem a responsabilidade e dos outros que vivem

em necessidade.

506. O que prescreve o sétimo mandamento?

2407
2450-2451

O sétimo mandamento prescreve o respeito dos bens alheios, mediante a prática da justiça e da caridade, da

temperança e da solidariedade. Em particular, exige o respeito das promessas e dos contractos estipulados; a

reparação da injustiça cometida e a restituição do mal feito; o respeito pela integridade da criação mediante o uso

prudente e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais que há no universo, com especial atenção para com as

espécies ameaçadas de extinção.

507. Como é que o homem se deve comportar com os animais?

2416-2418
257

O homem deve tratar os animais, criaturas de Deus, com benevolência, evitando quer o amor excessivo para com eles,

quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para experimentações científicas efectuadas para lá dos limites razoáveis e

com sofrimentos inúteis para os próprios animais. ( )

508. Que proíbe o sétimo mandamento?

2408-2413 2453-2455

O sétimo mandamento, antes de mais, proíbe o furto que é a usurpação do bem alheio contra a razoável vontade do seu

proprietário. É o que também sucede no pagamento de salários injustos; na especulação sobre o valor dos bens para

obter vantagens com prejuízo para os outros; na falsificação de cheques ou facturas. Proíbe, além disso, cometer

fraudes fiscais ou comerciais, causar um dano às propriedades privadas ou públicas. Proíbe também a usura, a

corrupção, o abuso privado dos bens sociais, os trabalhos culpavelmente mal feitos e o esbanjamento. ( )

509. Qual é o conteúdo da doutrina social da Igreja?

2419-2423

A doutrina social da Igreja, como desenvolvimento orgânico da verdade do Evangelho sobre a dignidade da pessoa

humana e sobre a sua dimensão social, contém princípios de reflexão, formula critérios de juízo, oferece normas e

orientações para a acção.

510. Quando é que a Igreja intervém em matéria social?

2420; 2458

A Igreja emite um juízo moral em matéria económica e social quando isto é exigido pelos direitos fundamentais da

pessoa, do bem comum ou da salvação das almas.

511. Como se deve exercer a vida social e económica?

2459

Segundo os seus próprios métodos, no âmbito da ordem moral, ao serviço da pessoa humana na sua integridade e de toda

a comunidade humana, no respeito da justiça social. Ela deve ter o homem como seu autor, centro e fim.

512. O que é que se opõe à doutrina social da Igreja?

2424 – 2425

Opõem-se à doutrina social da Igreja os sistemas económicos e sociais que sacrificam os direitos fundamentais das

pessoas ou que fazem do lucro a sua regra exclusiva ou o seu fim último. Por isso, a Igreja rejeita as ideologias

associadas, nos tempos modernos, ao «comunismo» ou às formas ateias e totalitárias de «socialismo». Rejeita, além

disso, na prática do «capitalismo», o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano.

513. Qual é o significado do trabalho para o homem?

2426-2428 2460 – 2461

O trabalho é para o homem um dever e um direito, mediante o qual ele colabora com Deus criador. Com efeito,

trabalhando com empenho e competência, a pessoa põe em acção capacidades inscritas na sua natureza, exalta os dons

do Criador e os talentos recebidos, sustenta-se a si e aos seus familiares, serve a comunidade humana. Além disso,

com a graça de Deus, o trabalho pode ser meio de santificação e de colaboração com Cristo para a salvação dos

outros.

514. A que tipo de trabalho tem direito a pessoa humana?

2429;
2433-2434

A todos deve ser possível obter um trabalho seguro e honesto, sem discriminações injustas, respeitando a livre

iniciativa económica e uma justa retribuição.

515. Qual a responsabilidade do Estado acerca do trabalho?

2431

Compete ao Estado fornecer a segurança das garantias das liberdades individuais e da propriedade, para além duma

moeda estável e de serviços públicos eficientes; compete-lhe ainda zelar e orientar o exercício dos direitos humanos

no sector económico. A sociedade deve ajudar os cidadãos a encontrar trabalho, conforme as circunstâncias.

516. Qual a missão dos responsáveis das empresas?

2432

Os responsáveis das empresas têm a responsabilidade económica e ecológica das suas operações. Estão obrigados a ter

em conta o bem das pessoas e não apenas o aumento dos lucros, embora estes sejam necessários para assegurar os

investimentos, o futuro das empresas, o emprego e o bom andamento da vida económica.

517. Quais os deveres dos trabalhadores?

2435

Devem realizar o seu trabalho, com consciência, competência e dedicação, procurando resolver, com o diálogo,

eventuais controvérsias. O recurso à greve não violenta é moralmente legítimo quando se apresenta como instrumento

necessário, em vista dum benefício proporcionado e tendo em conta o bem comum.

518. Como realizar a justiça e a solidariedade entre as nações?

2437-2441

No plano internacional, todas as nações e instituições devem actuar na solidariedade e na subsidiariedade, com vista

a eliminar, ou pelo menos reduzir, a miséria, a desigualdade dos recursos e dos meios económicos, as injustiças

económicas e sociais, a exploração das pessoas, a acumulação da dívida dos países pobres, os mecanismos perversos

que criam obstáculos ao progresso dos países menos desenvolvidos.

519. Como é que os cristãos participam na vida política e social?

2442

Os fiéis leigos intervêm directamente na vida política e social animando, com espírito cristão, as realidades

temporais e colaborando com todos, como autênticas testemunhas do Evangelho e promotores da paz e da justiça.

520. Em que se inspira o amor aos pobres?

2443 – 2449
2462 – 2463

O amor aos pobres inspira-se no Evangelho das bem-aventuranças e no exemplo de Jesus com a sua constante atenção aos

pobres. Jesus disse: «Todas as vezes que fizerdes isto a um só destes irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes» (Mt

25,40). O amor aos pobres manifesta-se na acção contra a pobreza material e contra as numerosas formas de pobreza

cultural, moral e religiosa. As obras de misericórdia, espirituais e corporais e as numerosas instituições de

beneficência que surgiram ao longo dos séculos, constituem um concreto testemunho do amor preferencial pelos pobres

que caracteriza os discípulos de Jesus.



OITAVO MANDAMENTO:
NÃO LEVANTAR FALSOS TESTEMUNHOS



521. Qual o dever do homem em relação à verdade?

2464 – 2470
2504

Toda a pessoa é chamada à sinceridade e à veracidade no agir e no falar. Cada um tem o dever de procurar a verdade e

de aderir a ela, organizando toda a sua vida segundo as exigências da verdade. Em Jesus Cristo, a verdade de Deus

manifestou-se na sua totalidade: Ele é a Verdade. Seguir Jesus é viver do «Espírito de verdade» (Jo 14,17) e evitar

a duplicidade, a simulação e a hipocrisia.

522. Como dar testemunho da verdade?

2471-2474
2505-2506

O cristão deve testemunhar a verdade evangélica em todos os campos da actividade pública e privada, mesmo com o

sacrifício da própria vida, se necessário. O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé.

523. O que proíbe o oitavo mandamento?

2475-2487;
2507-2509

O oitavo mandamento proíbe:

O falso testemunho, o perjúrio e a mentira, cuja gravidade se mede pela natureza da verdade que ela deforma, das

circunstâncias, das intenções do mentiroso e dos danos causados às vítimas;

O juízo temerário, a maledicência, a difamação, a calúnia, que lesam ou destroem a boa reputação e a honra a que a

pessoa tem direito;

A lisonja, a adulação ou complacência, sobretudo se finalizadas à realização de pecados graves ou à obtenção de

vantagens ilícitas;

Uma culpa contra a verdade exige a reparação, quando se ocasionou dano a outrem.

524. Que requer o oitavo mandamento?

2488-2492
2510-2511

O oitavo mandamento requer o respeito da verdade, acompanhado pela discrição da caridade: na comunicação e na

informação, que devem assegurar o bem pessoal e comum, a defesa da vida particular e o perigo de escândalo; na

reserva dos segredos profissionais, que se devem sempre manter, salvo em casos excepcionais, por motivos graves e

proporcionados. Exige-se também o respeito pelas confidências feitas sob o sigilo do segredo.

525. Como usar os meios de comunicação social?

2493-2499
2512

A informação mediática deve estar ao serviço do bem comum, ser sempre verdadeira no conteúdo e, salva a justiça e a

caridade, deve ser também íntegra. Além disso deve expressar-se em modo honesto e conveniente, respeitando

escrupulosamente as leis morais, os direitos legítimos e a dignidade da pessoa.

526. Qual a relação entre a verdade, a beleza e a arte sacra?

2500-2503
2513

A verdade é bela por si mesma. Ela comporta o esplendor da beleza espiritual. Além da palavra, existem numerosas

formas de expressão da verdade, em especial as obras artísticas. São o fruto do talento dado por Deus e do esforço

do homem. A arte sacra, para ser verdadeira e bela, deve evocar e glorificar o Mistério de Deus revelado em Cristo e

conduzir à adoração e ao amor de Deus Criador e Salvador, Beleza excelsa de Verdade e de Amor.



NONO MANDAMENTO:
GUARDAR CASTIDADE NOS PENSAMENTOS E NOS DESEJOS



527. O que exige o nono mandamento?

2514-2516;
2528-2530

O nono mandamento exige vencer a concupiscência carnal nos pensamentos e nos desejos. A luta contra a concupiscência

passa pela purificação do coração e pela prática da virtude da temperança.

528. Que proíbe o nono mandamento?

2517-2519;
2531-2532

O nono mandamento proíbe cultivar pensamentos e desejos relativos às acções proibidas pelo sexto mandamento.

529. Como chegar à pureza do coração?

2520

O baptizado, com a graça de Deus, em luta contra os desejos desordenados, chega à pureza do coração mediante a

virtude e o dom da castidade, a pureza de intenção e do olhar exterior e interior, com a disciplina dos sentidos e

da imaginação e pela oração.

530. Quais as outras exigências da pureza?

2521- 2527
2533

A pureza exige o pudor, que, preservando a intimidade da pessoa, exprime a delicadeza da castidade e orienta os

olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e da sua comunhão. Ela liberta do erotismo difuso e

afasta de tudo aquilo que favorece a curiosidade mórbida. Requer uma purificação do ambiente social, mediante uma

luta constante contra a permissividade dos costumes, que assenta numa concepção errónea da liberdade humana.



DÉCIMO MANDAMENTO:
NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS



531. Que exige e que proíbe o décimo mandamento?

2534-2540
2551-2554

Este mandamento completa o precedente e exige uma atitude interior de respeito em relação à propriedade alheia.

Proíbe a avidez, a cupidez desregrada dos bens dos outros e a inveja, que consiste na tristeza que se experimenta

perante os bens alheios e o desejo imoderado de deles se apoderar.

532. Que pede Jesus com a pobreza de coração?

2544-2547
2556

Jesus requer aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos. O desprendimento das riquezas – segundo o espírito

da pobreza evangélica – e o abandono à providência de Deus, que nos liberta da preocupação pelo amanhã, preparam-nos

para a bem-aventurança dos «pobres em espírito, porque deles é já o reino dos céus» (Mt 5, 3).

533. Qual é o maior desejo do homem?

2548 - 2550
2557

O maior desejo do homem é ver a Deus. Este é o grito de todo o seu ser: «Quero ver a Deus!». De facto, o homem

realiza a verdadeira e perfeita felicidade na visão e na bem-aventurança d’Aquele que o criou por amor e o atrai a

Si no seu infinito amor.



«Aquele que vê a Deus, obteve todos os bens que se podem imaginar» (S. Gregório de Nisa)



QUARTA PARTE

A ORAÇÃO CRISTÃ



PRIMEIRA SECÇÃO
A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ



534. O que é a oração?

2558-2565
2590

A oração consiste em elevar a alma a Deus ou em pedir a Deus bens conformes à sua vontade. Ela é sempre um dom de

Deus que vem ao encontro do homem. A oração cristã é relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o Pai

infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo que habita no coração daqueles.



CAPÍTULO PRIMEIRO

A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO



535. Porque é que existe um chamamento universal à oração?

2566-2567

Porque primeiramente Deus, através da criação, chama do nada todos os seres e ainda porque, mesmo depois da queda, o

homem continua a ser capaz de reconhecer o seu Criador, conservando o desejo d’Aquele que o chamou à existência.

Todas as religiões e, em especial, toda a história da salvação, testemunham este desejo de Deus por parte do homem,

se bem que é sempre Deus que primeiro e incessantemente atrai cada uma das pessoas para o encontro misterioso da

oração.



A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO



536. Como é que Abraão é um modelo de oração?

2570-2573
2592

Abraão é um modelo de oração porque caminha na presença de Deus, O escuta e Lhe obedece. A sua oração é um combate

da fé, porque ele continua a crer na fidelidade de Deus mesmo nos momentos de provação. Além disso, depois de

receber na sua tenda a visita do Senhor, que lhe confia os seus desígnios, Abraão ousa interceder pelos pecadores,

com audaciosa confiança.

537. Como rezava Moisés?

2574-2577
2593

A oração de Moisés é o tipo da oração contemplativa: Deus, que, da Sarça ardente, chama Moisés, conversa muitas

vezes e longamente com ele «face a face, como um homem com o seu amigo» (Ex 33,11). Nesta intimidade com Deus,

Moisés recebe a força para interceder tenazmente em favor do povo: a sua oração prefigura assim a intercessão do

único mediador, Cristo Jesus.

538. Quais as relações do templo e do rei com a oração, no Antigo Testamento?

2578-2580;
2594

À sombra da morada de Deus – a Arca da Aliança e mais tarde o templo – cresce a oração do Povo de Deus, sob a

orientação dos seus pastores. Entre eles, David é o rei «segundo o coração de Deus», o pastor que reza pelo seu

povo. A sua oração é um modelo da oração do povo pois é adesão à promessa divina e confiança cheia de amor n’Aquele

que é o único Rei e Senhor.

539. Qual a importância da oração na missão dos profetas?

2581-2584

Os profetas recebem da oração luz e força para exortar o povo à fé e à conversão do coração. Entram numa grande

intimidade com Deus e intercedem pelos irmãos, aos quais anunciam tudo o que viram e ouviram da parte do Senhor.

Elias é o pai dos profetas, isto é, dos que procuram o Rosto de Deus. No Monte Carmelo, obtém o regresso do povo à

fé, graças à intervenção de Deus, a quem suplica: «Responde-me Senhor, responde-me!» (1 Re 18,37).

540. Qual é a importância da oração dos salmos?

2579;
2585-2589
2596-2597

Os Salmos são o vértice da oração no Antigo Testamento: a Palavra de Deus torna-se oração do homem. Inseparavelmente

pessoal e comunitária, esta oração, inspirada pelo Espírito Santo, canta as maravilhas de Deus na criação e na

história da salvação. Cristo rezou os Salmos, e deu-lhes pleno cumprimento. E é por isso que eles permanecem um

elemento essencial e permanente da oração da Igreja, adaptados aos homens de todas as condições e de todos os

tempos.



A ORAÇÃO PLENAMENTE REVELADA
E REALIZADA EM JESUS



541. Quem ensinou Jesus a rezar?

2599
2620

Jesus, segundo o seu coração de homem, foi ensinado a rezar por sua Mãe e pela tradição judaica. Mas a sua oração

brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho eterno de Deus, que, na sua santa humanidade, dirige a seu Pai a

oração filial perfeita.

542. Quando Jesus rezava?

2600-2604
2620

O Evangelho apresenta muitas vezes Jesus em oração. Ele retira-se para a solidão, mesmo de noite. Jesus reza antes

dos momentos decisivos da sua missão ou da missão dos Apóstolos. De facto, toda a sua vida é oração, porque Ele

existe numa comunhão constante de amor com o Pai.

543. Como rezou Jesus na sua paixão?

2605-2606
2620

A oração de Jesus durante a agonia no Jardim de Getsemani e nas últimas palavras sobre a cruz revelam a profundidade

da sua oração filial: Jesus conduz à sua realização o desígnio de amor do Pai e toma sobre si todas as angústias da

humanidade, todas as interrogações e intercessões da história da salvação. Ele apresenta-as ao Pai que as acolhe e

escuta, para lá de toda a esperança, ressuscitando-O dos mortos.

544. Como Jesus nos ensina a rezar?

2608 – 2614
2621

Jesus ensina-nos a rezar, não só com a oração do Pai nosso, mas também com a sua própria oração. Assim, para além do

conteúdo, ensina-nos as disposições requeridas para uma verdadeira oração: a pureza do coração que procura o Reino e

perdoa aos inimigos; a confiança audaz e filial que se estende para além do que sentimos e compreendemos; a

vigilância que protege o discípulo da tentação; a oração no Nome de Jesus, nosso Mediador junto do Pai.

545. Porque é eficaz a nossa oração?

2615-2616

A nossa oração é eficaz porque está unida à de Jesus mediante a fé. N’Ele, a oração cristã torna-se comunhão de amor

com o Pai. Podemos, neste caso, apresentar os nossos pedidos a Deus e ser atendidos: «Pedi e recebereis, assim a

vossa alegria será completa» (Jo 16,24).

546. Como é que a Virgem Maria rezava?

2617; 2622;
2618;2674;
2679

A oração de Maria caracteriza-se pela fé e pela oferta generosa de todo o seu ser a Deus. A Mãe de Jesus é a Nova

Eva, a «Mãe dos viventes»: ela pede a Jesus, seu Filho, pelas necessidades de todos os homens.

547. Existe no Evangelho uma oração de Maria?

2619

Para além da intercessão de Maria em Caná da Galileia, o Evangelho apresenta-nos o Magnificat (Lc 1,46-55), cântico

da Mãe de Deus e da Igreja, jubilosa acção de graças que se eleva do coração dos pobres porque a sua esperança foi

realizada pelo cumprimento das promessas divinas.



A ORAÇÃO NO TEMPO DA IGREJA



548. Como rezava a primeira comunidade cristã de Jerusalém?

2623 - 2624

No início dos Actos dos Apóstolos está escrito que na primeira comunidade de Jerusalém, educada pelo Espírito Santo

na vida de oração, os crentes «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, fiéis à união fraterna, à fracção do pão e às

orações» (Act 2, 42).

549. Como intervém o Espírito Santo na oração da Igreja?

2623; 2625

O Espírito Santo, Mestre interior da oração cristã, forma a Igreja para a vida de oração e a faz entrar cada vez

mais profundamente na contemplação e na união com o insondável mistério de Cristo. As formas de oração, tais como as

revelam os Escritos apostólicos e canónicos, permanecerão sempre normativas para a oração cristã.

550. Quais são as formas essenciais da oração cristã?

2643 – 2644

São a bênção e a adoração, a oração de petição e a intercessão, a acção de graças e o louvor. A Eucaristia contém e

exprime todas as formas de oração.

551. O que é a bênção?

2626-2627;
2645

A bênção é a resposta do homem aos dons de Deus: nós bendizemos o Omnipotente que primeiramente nos abençoa e enche

dos seus dons.

552. Como se pode definir a adoração?

2628

A adoração é a prostração do homem que se reconhece criatura diante do seu Criador três vezes santo.

553. Quais são as diversas formas da oração de petição?

2629- 2633
2646

Pode ser um pedido de perdão ou mesmo uma súplica humilde e confiante em relação a todas as nossas necessidades

espirituais ou materiais. Mas a primeira realidade a desejar é a vinda do Reino.

554. Em que consiste a intercessão?

2634 – 2636
2647

A intercessão consiste no pedir em favor doutro. Ela conforma-nos e une-nos à oração de Jesus que intercede junto do

Pai por todos os homens, em especial pelos pecadores. A intercessão deve estender-se também aos inimigos.

555. Quando se dá a Deus acção de graças?

A Igreja dá graças a Deus incessantemente, sobretudo ao celebrar a Eucaristia, na qual Cristo a faz participar na

sua acção de graças ao Pai. Todos os acontecimentos se convertem para o cristão em motivo de acção de graças. (

2637-2638; 2648 )

556. O que é a oração de louvor?

2639 – 2643
2649

O louvor é a forma de oração que mais imediatamente reconhece que Deus é Deus. É completamente desinteressada: canta

Deus por Ele ser quem é e glorifica-O porque Ele é.



CAPÍTULO SEGUNDO


A TRADIÇÃO DA ORAÇÃO



557. Qual a importância da Tradição em relação à oração?

2650-2651

Na Igreja, é através duma Tradição viva que o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a orar. A oração não se reduz,

com efeito, ao brotar espontâneo dum impulso interior, mas implica contemplação, estudo e compreensão das realidades

espirituais que se experimentam.



NAS FONTES DA ORAÇÃO



558. Quais as fontes da oração cristã?

2652 – 2662

São: a Palavra de Deus, que nos dá a «sublime ciência de Cristo» (Filp 3,8); a Liturgia da Igreja que anuncia,

actualiza e comunica o mistério da salvação; as virtudes teologais; as situações quotidianas, porque nelas podemos

encontrar Deus.



«Eu Vos amo, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de Vos amar eternamente. Meu Deus, se a minha língua não pode

repetir, a todo o momento, que Vos amo, quero que o meu coração o repita tantas vezes quantas eu respiro» (S. João

Maria Vianney).



O CAMINHO DA ORAÇÃO



559. Na Igreja existem diferentes caminhos de oração?

2663

Na Igreja existem diferentes caminhos de oração, segundo os diferentes contextos históricos, sociais e culturais.

Pertence ao Magistério discernir a sua fidelidade à tradição da fé apostólica e aos pastores e catequistas o

explicar-lhe o sentido, que é sempre referido a Jesus Cristo.

560. Qual é o caminho da nossa oração?

2664;
2680 – 2681

O caminho da nossa oração é Cristo, porque ela se dirige a Deus nosso Pai, mas aquela só chega até Ele, se, ao menos

implicitamente, rezamos no Nome de Jesus. A sua humanidade é, pois, o único caminho pelo qual o Espírito Santo nos

ensina a rezar a Deus nosso Pai. Por isso as orações litúrgicas concluem-se com a fórmula: «Por nosso Senhor Jesus

Cristo».

561. Qual o papel do Espírito Santo na oração?

2670-2672
2680 – 2681

Uma vez que o Espírito Santo é o Mestre interior da oração cristã e «nós não sabemos o que devemos pedir» (Rm 8,26),

a Igreja exorta-nos a invocá-lo e a implorá-lo em todas as ocasiões: «Vinde, Espírito Santo!».

562. Em que é que a oração cristã é mariana?

2673-2679
2682

Em virtude da sua singular cooperação com a acção do Espírito Santo, a Igreja gosta de orar a Maria e de orar com

Maria, a Orante perfeita, para com Ela engrandecer e invocar o Senhor. De facto, Maria, «mostra-nos o caminho» que é

o Seu Filho, o único Mediador.

563. Como é que a Igreja reza a Maria?

2676-2678
2682

Antes de mais com a Ave Maria, oração mediante a qual a Igreja pede a intercessão da Virgem. Outras orações marianas

são o Rosário o hino Acatistos, a Paraclisis, os hinos e os cânticos das diversas tradições cristãs.



GUIAS PARA A ORAÇÃO



564. Como é que os Santos são guias de oração?

2683 - 2684
2692 - 2693

Os santos são modelos de oração e a eles pedimos para, junto da Santíssima Trindade, intercederem por nós e pelo

mundo inteiro. A sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao desígnio de Deus. Na comunhão dos santos,

desenvolveram-se, ao longo da história da Igreja, diversos tipos de espiritualidade, que ensinam a viver e a pôr em

prática a oração.

565. Quem pode educar na oração?

2685-2690
2694-2695

A família cristã é o primeiro lugar da educação na oração. A oração familiar quotidiana é especialmente recomendada

porque é o primeiro testemunho da vida de oração da Igreja. A catequese, os grupos de oração, a «direcção

espiritual» constituem uma ajuda e uma escola de oração.

566. Quais os lugares favoráveis à oração?

2691; 2696

Em toda a parte se pode rezar, mas a escolha de um lugar apropriado não é indiferente para a oração. A igreja é o

lugar próprio da oração litúrgica e da adoração eucarística. Também outros lugares ajudam a rezar, como um «recanto

de oração» em casa; um mosteiro; um santuário.



CAPÍTULO TERCEIRO

A VIDA DE ORAÇÃO



567. Quais os momentos mais indicados para a oração?

2697-2698
2720

Todos os momentos são indicados para a oração, mas a Igreja propõe aos fiéis ritmos destinados a alimentar a oração

contínua: orações da manhã e da noite, antes e depois das refeições, liturgia das Horas; Eucaristia dominical; Santo

Rosário; festas do ano litúrgico.



«Devemos lembrar-nos de Deus, com mais frequência do que respiramos» (S. Gregório de Nazianzo).



568. Quais as expressões da vida de oração?

2697 – 2699

A tradição cristã conservou três modos para expressar e viver a oração: a oração vocal, a meditação e a oração

contemplativa. Têm em comum o recolhimento do coração.



AS EXPRESSÕES DA ORAÇÃO



569. Como se caracteriza a oração vocal?

2700-2704
2722

A oração vocal associa o corpo à oração interior do coração. Mesmo a mais interior das orações não poderia

prescindir da oração vocal. Em todo o caso, ela deve brotar duma fé pessoal. Com o Pai Nosso, Jesus ensinou-nos uma

fórmula perfeita de oração vocal.

570. O que é a meditação?

2705-2708
2723

A meditação é uma reflexão orante, que parte sobretudo da Palavra de Deus na Bíblia. Mobiliza a inteligência, a

imaginação, a emoção, o desejo, para aprofundar a nossa fé, suscitar a conversão do nosso coração e fortalecer a

nossa vontade de seguir a Cristo. É uma etapa preliminar em direcção à união de amor com o Senhor.

571. O que é a oração contemplativa?

2709-2719;
2724;
2739-2741

A oração contemplativa é um simples olhar sobre Deus no silêncio e no amor. É um dom de Deus, um momento de fé pura

durante o qual o orante procura Cristo, se entrega à vontade amorosa do Pai e concentra o seu ser sob a acção do

Espírito. Santa Teresa de Ávila define-a como uma íntima relação de amizade, «em que muitas vezes dialogamos a sós

com Deus, por Quem sabemos ser amados».



O COMBATE DA ORAÇÃO



572. Porque é que a oração é um combate?

2725

A oração é um dom da graça, mas pressupõe sempre uma resposta decidida da nossa parte, porque o que reza combate

contra si mesmo, contra o ambiente e sobretudo contra o Tentador, que faz tudo para retirá-lo da oração. O combate

da oração é inseparável do progresso da vida espiritual. Reza-se como se vive, porque se vive como se reza.

573. Quais as objecções à oração?

2726-2728
2752-2753

Para lá das formas erróneas de conceber a oração, muitos pensam que não têm tempo para rezar ou então que seja

inútil. Os que rezam podem desanimar perante as dificuldades e os insucessos aparentes. Para vencer estes obstáculos

são necessárias a humildade, a confiança e a perseverança.

574. Quais as dificuldades da oração?

2729-2733;
2754-2755

A distracção é a dificuldade habitual da nossa oração. Ela afasta da atenção a Deus e pode também revelar aquilo a

que estamos apegados. O nosso coração deve então regressar humildemente ao Senhor. A oração é muitas vezes insidiada

pela aridez, cuja superação, na fé, permite aderir ao Senhor, mesmo sem uma consolação sensível. A acédia é uma

forma de preguiça espiritual devida ao relaxamento da vigilância e à negligência na guarda do coração.

575. Como fortalecer a nossa confiança filial?

2734-2741
2756

A confiança filial é posta à prova quando pensamos que não somos atendidos. Devemos interrogar-nos, então, se Deus é

para nós um Pai do qual procuramos cumprir a vontade, ou não será antes um simples meio para obter o que queremos.

Se a nossa oração se une à de Jesus, sabemos que Ele nos concede muito mais do que este ou aquele dom: recebemos o

Espírito Santo que transforma o nosso coração.

576. É possível rezar a todo o momento?

2742-2745 2757

Orar é sempre possível porque o tempo do cristão é o tempo de Cristo ressuscitado, o qual «permanece connosco todos

os dias» (Mt 28,20). Oração e vida cristã são por isso inseparáveis.



«É possível, mesmo no mercado ou durante um passeio sozinho, fazer oração frequente e fervorosa. É possível mesmo

sentados na vossa loja, a tratar de compras e vendas, ou até mesmo a cozinhar»(S. João Crisóstomo).



577. O que é a oração da Hora de Jesus?

2604;
2746-275;
2758

É a chamada oração sacerdotal de Jesus na Última Ceia. Jesus, o Sumo Sacerdote da Nova Aliança, dirige-a ao Pai

quando chega a Hora da sua «passagem» para Ele, a Hora do seu sacrifício.



SEGUNDA SECÇÃO
A ORAÇÃO DO SENHOR:
PAI NOSSO



Pai Nosso

Pai Nosso que estais nos Céus,
santificado seja o vosso Nome,
venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade
assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.

Pater Noster

Pater noster, qui es in cælis:
sanctificétur Nomen Tuum:
advéniat Regnum Tuum:
fiat volúntas Tua,
sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum
cotidiánum da nobis hódie,
et dimítte nobis débita nostra,
sicut et nos
dimíttimus debitóribus nostris.
et ne nos indúcas in tentatiónem;
sed líbera nos a Malo.



578. Qual é a origem da oração do Pai Nosso?

2759-2760 2773

Jesus ensinou-nos esta oração cristã insubstituível, o Pai Nosso, um dia quando um dos discípulos, vendo-O rezar,

lhe pediu: «Ensina-nos a rezar» (Lc 11, 1). A tradição litúrgica da Igreja usou sempre o texto de S. Mateus (6,

9-13).



«A SÍNTESE DE TODO O EVANGELHO»



579. Qual é o lugar do Pai Nosso nas Escrituras?

2761-2764
2774

O Pai Nosso é a «síntese de todo o Evangelho» (Tertuliano), «a oração perfeitíssima» (S. Tomás de Aquino). Situado

no centro do Discurso da Montanha (Mt 5-7), retoma, sob a forma de oração, o conteúdo essencial do Evangelho.

580. Porque se chama «a oração do Senhor»?

2765-2766
2775

O Pai Nosso é a «Oração dominical», ou seja «a oração do Senhor», porque nos foi ensinado pelo próprio Senhor Jesus.

581. Que lugar ocupa o Pai Nosso na oração da Igreja?

2767-2772
2776

O Pai Nosso é a oração da Igreja por excelência e é «entregue» no Baptismo para manifestar o novo nascimento para a

vida divina dos filhos de Deus. A Eucaristia mostra-lhe o sentido pleno, visto que as suas petições, fundadas no

mistério da salvação já realizada, e que serão plenamente atendidas na vinda do Senhor. O Pai Nosso é também parte

integrante da liturgia das Horas.



«PAI NOSSO, QUE ESTAIS NOS CÉUS»



582. Porque podemos «ousar aproximar-nos com toda a confiança» do Pai?

2777-2778
2797

Porque Jesus, nosso Redentor, nos apresenta diante do Rosto do Pai, e o seu Espírito faz de nós filhos. Podemos

assim rezar o Pai Nosso com uma confiança simples e filial, com uma alegre segurança e uma audácia humilde, com a

certeza de ser amados e atendidos.

583. Como é possível invocar a Deus como «Pai»?

2779-2785;
2789;
2798-2800

Podemos invocar o «Pai», porque Ele nos foi revelado por seu Filho feito homem e porque o seu Espírito no-Lo faz

conhecer. A invocação do Pai introduz-nos no seu mistério com uma admiração sempre nova e suscita em nós o desejo

dum comportamento filial. Ao rezar a oração do Senhor estamos conscientes de sermos filhos no Filho do eterno Pai.

584. Porque dizemos «Pai Nosso»?

2786-2790
2801

«Nosso» exprime uma relação totalmente nova com Deus. Sempre que rezamos ao Pai, adoramo-Lo e glorificamo-Lo com o

Filho e o Espírito. Em Cristo, somos o «seu» Povo e Ele é o «nosso» Deus, desde agora e para a eternidade. Dizemos,

com efeito, Pai «nosso», porque a Igreja de Cristo é a comunhão duma multidão de irmãos que têm «um só coração e uma

só alma» (Act 4,32).

585. Com que espírito de comunhão e missão dizemos ao rezar a Deus Pai «nosso»?

2791-2793
2801

Dado que rezar o Pai «nosso» é um bem comum de todos os baptizados, estes sentem o apelo urgente a participar na

oração de Jesus pela unidade dos seus discípulos. Rezar o «Pai Nosso» é rezar com e por todos os homens, para que

conheçam o único e verdadeiro Deus e sejam reunidos na unidade.

586. Que significa a expressão «que estais nos céus»?

2794-2796
2802

Esta expressão bíblica não indica um lugar mas uma maneira de ser: Deus está para lá e acima de tudo. Designa a

majestade, a santidade de Deus, e também a sua presença no coração dos justos. O céu, ou a Casa do Pai, constitui a

verdadeira pátria para a qual tendemos na esperança, enquanto estamos ainda na terra. Nós vivemos já nela

«escondidos com Cristo em Deus» (Col 3, 3).



AS SETE PETIÇÕES



587. Como é composta a oração do Senhor?

2803-2806;
2857

A oração do Senhor contém sete petições a Deus Pai. As primeiras três, mais teologais, aproximam-nos d’Ele, para a

sua glória: pois é próprio do amor pensar antes de mais n’Aquele que amamos. Elas sugerem o que em especial devemos

pedir-Lhe: a santificação do seu Nome, a vinda do seu Reino, a realização da sua Vontade. As últimas quatro

apresentam ao Pai de misericórdia as nossas misérias e as nossas expectativas. Pedimos que nos alimente, nos perdoe,

nos defenda nas tentações e nos livre do Maligno.

588. O que quer dizer «santificado seja o Vosso nome»?

2807-2812
2858

Santificar o Nome de Deus é, antes de mais, um louvor que reconhece Deus como Santo. De facto, Deus revelou o seu

santo Nome a Moisés e quis que o seu povo lhe fosse consagrado como uma nação santa na qual Ele habita.

589. Como é santificado o Nome de Deus em nós e no mundo?

2813-2815

Santificar o Nome de Deus que nos chama «à santificação» (1 Tes 4,7) é desejar que a consagração baptismal vivifique

toda a nossa vida. É pedir, além disso, com a nossa vida e a nossa oração, que o Nome de Deus seja conhecido e

bendito por todos os homens.

590. Que pede a Igreja rezando: «Venha a nós o vosso Reino»?

2816-2821
2859

A Igreja pede a vinda final do Reino de Deus mediante o regresso de Cristo na glória. Mas a Igreja reza, também,

para que o Reino de Deus cresça, já hoje, graças à santificação dos homens no Espírito e graças ao seu empenho ao

serviço da justiça e da paz, segundo as Bem-aventuranças. Este pedido é o grito do Espírito e da Esposa: «Vem Senhor

Jesus» (Ap 22,20).

591. Porque pedir: «Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu»?

2822-2827
2860

A vontade do Pai é que «todos os homens sejam salvos» (1 Tim 2,3). Para isso é que Jesus veio: para realizar

perfeitamente a Vontade salvífica do Pai. Nós pedimos a Deus Pai que una a nossa vontade à do seu Filho, a exemplo

de Maria Santíssima e dos Santos. Pedimos que o seu desígnio de benevolência se realize plenamente na terra como no

céu. É mediante a oração que podemos «discernir a vontade de Deus» (Rm 12,2) e obter a «perseverança para a cumprir»

(Heb 10, 36).

592. Que significa o pedido: «O pão nosso de cada dia nos dai hoje»?

2828-2834
2861

Ao pedir a Deus, com o confiante abandono dos filhos, o alimento quotidiano necessário a todos para a subsistência,

reconhecemos o quanto Deus nosso Pai é bom e está acima de toda a bondade. Pedimos também a graça de saber agir de

modo que a justiça e a partilha façam com que a abundância de uns possa prover às necessidades dos outros.

593. Qual é o específico sentido cristão deste pedido?

2835-2837
2861

Porque «o homem não vive só de pão, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4,4), este pedido refere-se

igualmente à fome da Palavra de Deus e à do Corpo de Cristo recebido na Eucaristia, bem como à fome do Espírito

Santo. Pedimo-Lo, com uma confiança absoluta, para hoje, o hoje de Deus, o qual nos é dado sobretudo na Eucaristia

que antecipa o banquete do reino que há-de vir.

594. Porque dizer: «Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido»?

2838-2839
2862

Ao pedir a Deus Pai para nos perdoar, reconhecemo-nos pecadores diante d’Ele. E, ao mesmo tempo, confessamos a sua

misericórdia, porque, no seu Filho e através dos sacramentos, «recebemos a redenção, o perdão dos pecados» (Col

1,14). Porém, o nosso pedido só será atendido se tivermos perdoado aos que nos ofenderam.

595. Como é que é possível o perdão?

2840-2845
2862

A misericórdia penetra no nosso coração só se também nós soubermos perdoar, até aos nossos inimigos. Ora, mesmo que

ao homem pareça impossível satisfazer esta exigência, o coração que se oferece ao Espírito Santo pode, como Cristo,

amar até ao extremo do amor, mudar a ferida em compaixão, transformar a ofensa em intercessão. O perdão participa da

misericórdia divina e é um vértice da oração cristã.

596. O que significa: «Não nos deixeis cair em tentação»?

2846-2849
2863

Pedimos a Deus Pai que não nos deixe sozinhos e à mercê da tentação. Pedimos ao Espírito para sabermos discernir

entre a provação que ajuda a crescer no bem e a tentação que conduz ao pecado e à morte, e, ainda, entre ser

tentados e consentir na tentação. Esta petição coloca-nos em união com Jesus, que, com a sua oração, venceu a

tentação e solicita a graça da vigilância e da perseverança final.

597. Porque concluímos pedindo: «Mas livra-nos do Mal»?

2850-2854
2864

O Mal indica a pessoa de Satanás que se opõe a Deus e que é «o sedutor de toda a terra» (Ap 12, 9). A vitória sobre

o diabo já foi alcançada por Cristo. Mas nós pedimos para que a família humana seja libertada de Satanás e das suas

obras. Pedimos também o dom precioso da paz e a graça da esperança perseverante da vinda de Cristo, que nos

libertará definitivamente do Maligno.

598. O que significa o Ámen final?

2855 - 2856
2865

«Depois, acabada a oração, tu dizes: Ámen, corroborando com o Ámen, que significa “Assim seja, que isso se faça”,

tudo o que está contido na «oração que Deus nos ensinou»(S. Cirilo de Jerusalém).



APÊNDICE

A) ORAÇÕES COMUNS

B) FÓRMULAS DE DOUTRINA CATÓLICA

A) ORAÇÕES COMUNS

Sinal da Cruz

Em nome do Pai e do Filho
e do Espírito Santo. Ámen.

Glória ao Pai

Glória ao Pai e ao Filho
e ao Espírito Santo.
Como era, no princípio,
agora e sempre.
Ámen.

Avé Maria

Avé Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre as mulheres
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós pecadores,
agora e na hora da nossa morte. Ámen

Ao Anjo da Guarda

Santo Anjo do Senhor,
meu zeloso guardador,
pois que a ti me confiou a Piedade divina,
hoje e sempre
me governa, rege, guarda e ilumina.
Ámen.

Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso

Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso
Entre os esplendores da luz perpétua.
Descansem em paz. Ámen.

Angelus (A Trindades)

V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria

R. E Ela concebeu pelo Espírito Santo
Avé Maria...

V. Eis a escrava do Senhor.

R. Faça-se em mim,
segundo a Vossa palavra.
Avé Maria....

V. E o Verbo Divino encarnou.

R. E habitou entre nós.
Avé Maria.......

V. Rogai por nós, santa Mãe de Deus.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Oremos:

Infundi, Senhor, a vossa graça, em nossas almas,
para que nós, que, pela anunciação do Anjo,
conhecemos a encarnação de Cristo,
vosso Filho,
pela sua paixão e morte na cruz,
sejamos conduzidos à glória da Ressurreição.
Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. Ámen.

Rainha do Céu
(no Tempo Pascal)

Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!

Oremos.
Ó Deus, que enchestes o mundo de alegria
com a ressurreição do Vosso Filho, nosso
Senhor Jesus Cristo,
concedei, nós vo-lo pedimos,
que pela intercessão da Virgem Maria,
Sua Mãe,
alcancemos as alegrias da vida eterna.
Por Cristo, Senhor nosso.

Salvé Rainha

Salvé, Rainha,
mãe de misericórdia,
vida, doçura, esperança nossa, salve!
A Vós bradamos,
os degredados filhos de Eva.
A Vós suspiramos, gemendo e chorando
neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa,
esses Vossos olhos misericordiosos
a nós volvei.
E, depois deste desterro,
nos mostrai Jesus, bendito fruto
do Vosso ventre.
Ó clemente, ó piedosa,
ó doce Virgem Maria.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Magnificat

A minha alma glorifica ao Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu Israel seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência
para sempre.
Glória ao Pai e ao Filho
e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre.
Ámen.

Sob a Tua Protecção

À Vossa protecção, recorremos,
Santa Mãe de Deus;
não desprezeis as nossas súplicas
em nossas necessidades;
mas livrai-nos
de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e bendita.

Benedictus

Bendito o Senhor Deus de Israel
que visitou e redimiu o seu povo,
e nos deu um Salvador poderoso
na casa de David, seu servo,
conforme prometeu pela boca
dos seus santos,
os profetas dos tempos antigos,
para nos libertar dos nossos inimigos,
e das mãos daqueles que nos odeiam.
Para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais,
recordando a sua sagrada aliança,
e o juramento que fizera a Abraão,
nosso pai,
que nos havia de conceder esta graça:
de O servirmos um dia, sem temor,
livres das mãos dos nossos inimigos,
em santidade e justiça, na sua presença,
todos os dias da nossa vida.
E tu, menino, serás chamado profeta
do Altíssimo,
porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,
para dar a conhecer ao seu povo a salvação
pela remissão dos seus pecados,
graças ao coração misericordioso
do nosso Deus,
que das alturas nos visita
como sol nascente,
para iluminar os que jazem nas trevas
e na sombra da morte
e dirigir os nossos passos no caminho da paz.
Glória ao Pai e ao Filho
e ao Espírito Santo.
Como era no princípio,
agora e sempre. Ámen.

Te Deum

Nós Vos louvamos, ó Deus,
nós Vos bendizemos, Senhor.
Toda a terra Vos adora,
Pai eterno e omnipotente.
Os Anjos, os Céus
e todas as Potestades,
os Querubins e os Serafins
Vos aclamam sem cessar:
Santo, Santo, Santo,
Senhor Deus do Universo,
o céu e a terra proclamam a vossa glória.
O coro glorioso dos Apóstolos,
a falange venerável dos Profetas,
o exército resplandecente dos Mártires
cantam os vossos louvores.
A santa Igreja anuncia por toda a terra
a glória do vosso nome:
Deus de infinita majestade,
Pai, Filho e Espírito Santo.
Senhor Jesus Cristo, Rei da glória,
Filho do Eterno Pai,
para salvar o homem, tomastes
a condição humana no seio da Virgem Maria.
Vós despedaçastes as cadeias da morte
e abristes as portas do céu.
Vós estais sentado à direita de Deus,
na glória do Pai,
e de novo haveis de vir para julgar
os vivos e os mortos.
Socorrei os vossos servos, Senhor,
que remistes com vosso Sangue precioso;
e recebei-os na luz da glória,
na assembleia dos vossos Santos.
Salvai o vosso povo, Senhor,
e abençoai a vossa herança;
sede o seu pastor e guia através dos tempos
e conduzi-o às fontes da vida eterna.
Nós Vos bendiremos todos os dias da nossa vida
e louvaremos para sempre o vosso nome.
Dignai-Vos, Senhor, neste dia, livrar-nos do pecado.
Tende piedade de nós,
Senhor, tende piedade de nós.
Desça sobre nós a vossa misericórdia,
Porque em Vós esperamos.
Em Vós espero, meu Deus,
não serei confundido eternamente.

Veni Creator Spiritus

Vem, ó Espírito Santo,
E da tua luz celeste
Soltando raios piedosos
Nossos ânimos reveste.
Pai carinhoso dos pobres.
Distribuidor da riqueza,
Vem, ó luz dos corações,
Amparar a natureza.

Vem, Consolador supremo,
Das almas hóspede amável,
Suavíssimo refrigério
Do mortal insaciável.

És no trabalho descanso,
Refresco na calma ardente;
És no pranto doce alívio
De um ânimo penitente.

Suave origem do bem,
Ó fonte da luz divina,
Enche nossos corações,
Nossas almas ilumina.

Sem o teu celeste influxo,
No mortal nada há perfeito;
A tudo quanto é nocivo
Está o homem sujeito.

Lava o que nele há de impuro,
Quanto há de árido humedece;
Sara-lhe quanto é moléstia,
Quanto na vida padece.

O que há de dureza abranda,
O que há de mais frio aquece;
Endireita o desvairado
Que o caminho desconhece.

Os sete dons com que alentas
Os que humildes te confessam,
Aos teus devotos concede
Sempre fiéis to mereçam.

Por virtudes merecidas,
Dá-lhes fim que leve aos Céus;
Dá-lhes eternas delícias
Que aos bons prometes, meu Deus.

Vem, Espírito Santo
(Sequência de Pentecostes)

Vinde, ó santo Espírito,
vinde Amor ardente,
acendei na terra vossa luz fulgente.
Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.
Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.
Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.
Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis,
Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.
Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.
Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.
Vossos sete dons
concedei à alma
do que em Vós confia:
Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.

Alma de Cristo

Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro das Vossas chagas, escondei-me.
Não permitais que eu me separe de Vós.
Do inimigo maligno defendei-me.
Na hora da minha morte, chamai-me.
Mandai-me ir para Vós,
Para que Vos louve com os Vossos Santos
Pelos séculos dos séculos. Ámen.

Lembrai-vos

Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria,
que nunca se ouviu dizer que algum
daqueles que tenha recorrido à Vossa protecção,
implorado a Vossa assistência e reclamado o Vosso socorro,
fosse por Vós desamparado.

Animado eu, pois, de igual confiança,
a Vós, Virgem entre todas singular,
como a Mãe recorro, de Vós me valho,
e, gemendo sob o peso dos meus pecados,
me prostro aos Vossos pés.
Não desprezeis as minhas súplicas,
ó Mãe do Filho de Deus humanado,
mas dignai- Vos de as ouvir propícia
e de me alcançar o que Vos rogo. Ámen.

Rosário

Mistérios Gozosos
(Segundas e Sábados)

A anunciação do Anjo à Virgem Maria.
A visita de Maria a Santa Isabel.
O nascimento de Jesus em Belém.
A apresentação de Jesus no Templo.
A perda e encontro de Jesus no Templo.

Mistérios da Luz
(Quintas Feiras)

O baptismo de Jesus no Jordão.
A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná.
O anúncio do Reino e o convite à conversão.
A transfiguração de Jesus no Tabor.
A instituição da Eucaristia.

Mistérios Dolorosos
(Terças e Sextas)

Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras.
Flagelação de Jesus, preso à coluna.
Coroação de espinhos.
Jesus carrega a cruz a caminho do Calvário.
Jesus é crucificado e morre na cruz.

Mistérios Gloriosos
(Quartas e Domingo )

A ressurreição de Jesus.
A ascensão de Jesus ao céu.
A descida do Espírito Santo.
A assunção da Santíssima Virgem ao céu.
A coroação de Nossa Senhora,
como Rainha do céu e da terra.

Oração no fim do Santo Rosário

D./ Rogai por nós, santa Mãe de Deus.
C./ Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos:

Ó Deus, que, pela vida, morte e ressurreição do Vosso Filho Unigénito, nos adquiristes o prémio da salvação eterna:

concedei-nos, Vos pedimos, que venerando os mistérios do santíssimo Rosário da Virgem Maria, imitemos o que eles

contêm e alcancemos o que eles prometem. Por Cristo Senhor nosso. Ámen.

Oração do Incenso
(Tradição Copta)

Ó Rei da paz, concedei-nos a Vossa paz e perdoai os nossos pecados. Afugentai os inimigos da Igreja e defendei-a,

para que não pereça. O Emanuel, nosso Deus, está no meio de nós na glória do Pai e do Espírito Santo. Ele nos

abençoe, purifique o nosso coração e cure as doenças da alma e do corpo. Nós Vos adoramos, ó Cristo, com o Vosso Pai

misericordioso e o Espírito Santo, porque viestes até junto de nós e nos salvastes.

Oração de «Adeus ao Altar», antes de deixar a Igreja após a liturgia
(Tradição Siro-Maronita)

Permanece em paz, ó Altar de Deus. A oblação que de ti recebi me sirva para remissão das ofensas e perdão dos

pecados, e me obtenha a graça de comparecer diante do tribunal de Cristo sem condenação e sem confusão. Não sei se

me será concedido voltar e oferecer sobre ti um outro Sacrifício. Protegei-me, Senhor, e conservai a Vossa Igreja,

como caminho de verdade e salvação. Ámen.

Oração pelos Defuntos
(Tradição bizantina)

Ó Deus dos espíritos e de toda a carne, que vencestes a morte, aniquilastes o diabo e destes a vida ao mundo; Vós, ó

Senhor, concedei à alma do Vosso servo N. defunto o descanso num lugar luminoso, num lugar verdejante, num lugar de

frescura, onde não há sofrimento, dor e gemidos.

Porque sois um Deus bom e misericordioso, perdoai toda a culpa por ele cometida em palavras, obras ou pensamentos,

uma vez que não há homem que não peque, que só Vós sois sem pecado, a Vossa justiça é justiça eterna e a Vossa

palavra é a verdade.

Vós que sois a ressurreição, a vida e o repouso do Vosso servo N. defunto, ó Cristo nosso Deus, nós Vos damos

glória, em comunhão com o Vosso Pai ingénito e com o Vosso santíssimo bom e vivificante Espírito, agora e sempre e

pelos séculos dos séculos. Descanse em paz. Ámen.

Acto de Fé

Meu Deus, eu creio tudo o que Vós revelastes e a Santa Igreja nos ensina, porque não podeis enganar-Vos nem

enganar-nos.

E, expressamente, creio em Vós, único e verdadeiro Deus em três pessoas iguais e distintas: Pai, Filho e Espírito

Santo; e creio em Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado, morto e ressuscitado por nós, e que a cada um dará, segundo

as suas obras, o prémio ou o castigo eterno. Nesta fé quero viver e morrer.

Senhor, aumentai a minha fé. Ámen.

Acto de Esperança

Meu Deus, porque sois omnipotente, infinitamente misericordioso e fidelíssimo às Vossas promessas, eu espero da

Vossa bondade que, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, nosso Salvador, me dareis a vida eterna e as graças

necessárias para a alcançar, como prometestes aos que praticassem as boas obras, que eu me proponho realizar ajudado

com o auxílio da Vossa divina graça. Senhor, minha esperança, na qual quero viver e morrer: jamais serei confundido.

Ámen.

Acto de Caridade

Meu Deus, porque sois infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, eu Vos amo de todo o meu

coração, a exemplo de Jesus; e, por Vosso amor, amo também o meu próximo como a mim mesmo. Senhor, fazei que eu Vos

ame cada vez mais. Ámen.

Acto de Contrição

Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração, pesa-me de Vos ter ofendido e, com o

auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero o

perdão das minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia. Ámen.



Signum Crucis

In nómine Patris
et Filii
et Spíritus Sancii. Amen.


Gloria Patri

Glória Patri
et Fílio
et Spirítui Sancto.
Sicut erat in princípio,
et nunc et semper
et in sǽcula sæculórum. Amen.


Ave, Maria

Ave, Maria, grátia plena,
Dóminus tecum.
Benedícta tu in muliéribus,
et benedíctus fructus ventris tui, Iesus.
Sancta María, Mater Dei,
ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis nostræ.
Amen.


Angele Dei

Ángele Dei,
qui custos es mei,
me, tibi commíssum pietáte supérna,
illúmina, custódi,
rege et gubérna.
Amen.


Requiem Æternam

Réquiem ætérnam dona eis, Dómine,
et lux perpétua lúceat eis.
Requiéscant in pace. Amen.


Angelus Domini

Ángelus Dómini
nuntiávit Mariæ.
Et concépit
de Spíritu Sancto.
Ave, María...
Ecce ancílla Dómini.
Fiat mihi secúndum
verbum tuum.
Ave, María...
Et Verbum caro factum est.
Et habitávit in nobis.
Ave, Maria...
Ora pro nobis, sancta Dei génetrix.
Ut digni efficiámur
promissiónibus Christi.

Orémus.
Grátiam tuam, quǽsumus,
Dómine, méntibus nostris infunde;
ut qui, Ángelo nuntiánte,
Christi Fílii tui incarnatiónem
cognóvimus,
per passiónem eius et crucem,
ad resurrectiónis glóriam perducámur.
Per eúndem Christum
Dóminum nostrum. Amen.
Glória Patri...


Regina Cæli

Regína cæli lætáre,
allelúia.
Quia quelli merúisti portáre,
allelúia.
Resurréxit, sicut dixit,
allelúia.
Ora pro nobis Deum,
allelúia.
Gaude et lætáre, Virgo María,
allelúia.
Quia surréxit Dominus vere,
allelúia.

Orémus.
Deus, qui per resurrectiónem Filii tui Dómini nostri Iesu Christi mundum lætificáre dignátus es, præsta, quǽsumus,

ut per eius Genetrícem Virginem Maríam perpétuæ capiámus gáudia vitæ.
Per Christum Dóminum nostrum. Amen.


Salve, Regina

Salve, Regína,
Mater misericórdiæ,
vita, dulcédo et spes nostra, salve.
Ad te clamámus,
éxsules filii Evæ.
Ad te suspirámus geméntes et flentes
in hac lacrimárum valle.
Eia ergo, advocáta nostra,
illos tuos misericórdes óculos
ad nos convérte.
Et Iesum benedíctum fructum
ventris tui,
nobis, posi hoc exsílium, osténde.
O clemens, o pia, o dulcis Virgo María!


Magnificat

Magníficat ánima mea Dóminum,
et exsultávit spíritus meus
in Deo salvatóre meo,
quia respéxit humilitátem
ancíllæ suæ.
Ecce enim ex hoc beátam
me dicent omnes generatiónes,
quia fecit mihi magna,
qui potens est,
et sanctum nomen eius,
et misericórdia eius in progénies
et progénies timéntibus eum.
Fecit poténtiam in bráchio suo,
dispérsit supérbos mente cordis sui;
depósuit poténtes de sede
et exaltávit húmiles.
Esuriéntes implévit bonis
et divites dimisit inanes.
Suscépit Ísrael púerum suum,
recordátus misericórdiæ,
sicut locútus est ad patres nostros,
Àbraham et sémini eius in sǽcula.

Glória Patri et Fílio
et Spirítui Sancto.
Sicut erat in princípio,
et nunc et semper,
et in sǽcula sæculórum.
Amen.


Sub tuum præsidium

Sub tuum præsídium confúgimus,
sancta Dei Génetrix;
nostras deprecatiónes ne despícias
in necessitátibus;
sed a perículis cunctis
líbera nos semper,
Virgo gloriósa et benedícta.


Benedictus

Benedíctus Dóminus, Deus Ísrael,
quia visitávit
et fecit redemptiónem plebi suæ,
et eréxit cornu salútis nobis
in domo David púeri sui,
sieut locútus est per os sanctórum,
qui a sæculo sunt, prophetárum eius,
salútem ex inimícis nostris
et de manu ómnium,
qui odérunt nos;
ad faciéndam misericórdiam
eum pátribus nostris
et memorári testaménti sui sancti,
iusiurándum, quod iurávit
ad Ábraham patrem nostrum,
datúrum se nobis,
ut sine timóre,
de manu inimicórum liberáti,
serviámus illi
in sanetitáte et iustítia coram ipso
omnibus diébus nostris.
Et tu, puer,
prophéta Altíssimi vocáberis:
præíbis enim ante fáciem Dómini
paráre vias eius,
ad dandam sciéntiam salútis
plebi eius
in remissiònem peccatòrum eòrum,
per víscera misericòrdiæ Dei nostri,
in quibus visitábit nos óriens ex alto,
illumináre his, qui in ténebris
et in umbra mortis sedent,
ad dirigéndos pedes nostros
in viam pacis.
Glória Patri et Fílio
et Spirítui Sancto.
Sicut erat in princípio,
et nunc
et semper,
et in sǽcula sæculòrum. Amen.


Te Deum

Te Deum laudámus:
te Dóminum confitémur.
Te ætérnum Patrem,
omnis terra venerátur.
tibi omnes ángeli,
tibi cæli
et univérsæ potestátes:
tibi chérubim et séraphim
incessábili voce proclámant:
Sanctus, Sanctus, Sanctus,
Dòminus Deus Sábaoth.
Pleni sunt cæli et terra
maiestátis glóriæ tuæ.
Te gloriòsus
apostolòrum chorus,
te prophetárum
laudábilis númerus,
te mártyrum candidátus
laudat exércitus.
Te per orbem terrarum
sancta confitétur Ecclésia,
Patrem imménsæ maiestátis;
venerándum tuum verum
et únicum Filium;
Sanctum quoque
Paráclitum Spíritum.
Tu rex glòriæ, Christe.
Tu Patris sempitérnus es Filius.
Tu, ad liberándum susceptúrus
hóminem,
non horrúisti Virginis úterum.
Tu, devícto mortis acúleo,
aperuísti credéntibus regna cælórum.
Tu ad déxteram Dei sedes,
in glória Patris.
Iudex créderis esse ventúrus.
Te ergo quǽsumus,
tuis famulis súbveni,
quos pretiòso sanguine redemísti.
Ætérna fac curo sanctis tuis
in glória numerári.
Salvum fac pópulum tuum, Dómine,
et bénedic hereditáti tuæ.
Et rege eos, et extólle illos
usque in ætérnum.
Per síngulos dies benedícimus te;
et laudámus nomen tuum
in sǽculum, et in sǽculum sǽculi.
Dignáre, Dòmine,
die isto sine peccáto nos custodíre.
Miserére nostri, Dómine, miserére nostri.
Fiat misericórdia tua,
Dómine, super nos,
quemádmodum sperávimus in te.
In te, Dómine, sperávi:
non confúndar in ætérnum.


Veni, Creator Spiritus

Veni, creátor Spíritus,
mentes tuòrum vísita,
imple supérna grátia,
quæ tu creásti péctora.

Qui díceris Paráclitus,
altíssimi donum Dei,
fons vivus, ignis, cáritas,
et spiritális únctio.

Tu septifòrmis múnere,
dígitus patérnæ déxteræ,
tu rite promíssum Patris,
sermóne ditans gúttura.

Accénde lumen sénsibus,
infúnde amórem córdibus,
infírma nostri córporis
virtúte firmans pérpeti.

Hostem repéllas lóngius
pacémque dones prótinus;
ductóre sic te prævio
vitémus omne nóxium.

Per Te sciámus da Patrem
noscámus atque Fílium,
teque utriúsque Spíritum
credámus omni témpore.

Deo Patri sit glória,
et Fílio, qui a mórtuis
surréxit, ac Parác1ito,
in sæculórum sǽcula. Amen.


Veni, Sancte Spiritus

Veni, Sancte Spíritus,
et emítte cǽlitus
lucis tuæ rádium.

Veni, pater páuperum,
veni, dator múnerum,
veni, lumen córdium.

Consolátor óptime,
dulcis hospes ánimæ,
dulce refrigérium.

In labóre réquies,
in æstu tempéries,
in fletu solácium.

O lux beatíssima,
reple cordis íntima
tuórum fidélium.

Sine tuo númine,
nihil est in hómine
nihil est innóxium.

Lava quod est sórdidum,
riga quod est áridum,
sana quod est sáueium.

Flecte quod est rígidum,
fove quod est frígidum,
rege quod est dévium.
Da tuis fidélibus,
in te confidéntibus,
sacrum septenárium.

Da virtútis méritum,
da salútis éxitum,
da perénne gáudium.
Amen.


Anima Christi

Ánima Christi, sanctífica me.
Corpus Christi, salva me.
Sanguis Christi, inébria me,
Aqua láteris Christi, lava me.
Pássio Christi, confórta me,
O bone Iesu, exáudi me.
Intra tua vúlnera abscónde me.
Ne permíttas me separári a te.
Ab hoste malígno defénde me.
In hora mortis meæ voca me.
Et iube me veníre ad te,
ut cum Sanctis tuis laudem te
in sǽcula sæculórum.
Amen.


Memorare

Memoráre, o piíssima Virgo María, non esse auditum a sǽculo, quemquam ad tua curréntem præsidia, tua implorántem

auxilia, tua peténtem suffrágia, esse derelíctum. Ego tali animátus confidéntia, ad te, Virgo Virginum, Mater,

curro, ad te vénio, coram te gemens peccator assisto. Noli, Mater Verbi, verba mea despícere; sed áudi propitia et

exáudi.
Amen.


Rosarium

Mystéria gaudiosa
(in feria secunda et sabbato)

Annuntiátio.
Visitátio.
Natívitas.
Præsentátio.
Invéntio in Tempio.

(in feria quinta)

Baptísma apud Iordánem.
Autorevelátio apud Cananénse
matrimónium.
Regni Dei proclamátio
coniúcta cum invitaménto
ad conversiónem.
Transfigurátio.
Eucharístiæ Institútio.

Mystéria dolorósa
(in feria tertia et feria sexta)

Agonía in Hortu.
Flagellátio.
Coronátio Spinis.
Baiulátio Crucis.
Crucifíxio et Mors.

Mystéria gloriósa
(in feria quarta et Dorninica)

Resurréctio.
Ascénsio.
Descénsus Spíritus Sancti.
Assúmptio.
Coronátio in Cælo.

Oratio ad finem Rosarii dicenda

Ora pro nobis, sancta Dei génetrix.
Ut digni efficiámur
promissiónibus Christi.
Orémus.
Deus, cuius Unigénitus per vitam, mortem et resurrectiónem suam nobis salútis ætérnæ prǽmia comparávit, concéde,

quǽsumus: ut hæc mystéria sacratíssimo beátæ Maríæ Virginis Rosário recoléntes, et imitémur quod cóntinent, et quod

promíttunt assequámur. Per Christum Dóminum nostrum. Amen.


Actus fidei

Dómine Deus, firma fide credo et confíteor ómnia et síngula quæ sancta Ecclésia Cathólica propónit, quia tu, Deus,

ea ómnia revelásti, qui es ætérna véritas et sapiéntia quæ nec fállere nec falli potest.
In hac fíde vívere et mori státuo. Amen.


Actus spei

Dómine Deus, spero per grátiam tuam remissiónem ómnium peccatórum, et post hanc vitam ætérnam felicitátem me esse

consecutúrum: quia tu promisísti, qui es infiníte potens, fidélis, benígnus, et miséricors.
In hac spe vívere et mori státuo.
Amen.


Actus caritatis

Dómine Deus, amo te super ómnia et próximum meum propter te, quia tu es summum, infinítum, et perfectíssimum bonum,

omni dilectióne dignum. In hac caritáte vívere et mori státuo. Amen.

Actus contritionis

Deus meus, ex toto corde pǽnitet me ómnium meórum peccatórum, éaque detéstor, quia peccándo, non solum pœnas a te

iuste statútas proméritus sum, sed præsértim quia offéndi te, summum bonum, ac dignum qui super ómnia diligáris.

Ideo fírmiter propóno, adiuvánte grátia tua, de cétero me non peccatúrum peccandíque occasiónes próximas fugitúrum.

Amen.




B) FÓRMULAS DE DOUTRINA CATÓLICA



Os dois mandamentos de caridade

1. Amarás o Senhor teu Deus,
com todo o teu coração,
com toda a tua alma
e com toda a tua mente.

2. Amarás ao próximo como a ti mesmo.

A regra de ouro (Mt 7, 12)

Tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também.

As Bem-aventuranças (Mt 5, 3-12)

Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça,
porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sereis quando vos insultarem,
vos perseguirem e, mentindo,
disserem toda a espécie de calúnias contra vós.
Alegrai-vos e exultai,
porque será grande a vossa recompensa nos céus.

As três virtudes teologais:

1. Fé
2. Esperança
3. Caridade.

As quatro virtudes cardeais:

1. Prudência
2. Justiça
3. Fortaleza
4. Temperança.

Os sete dons do Espírito Santo:

1. Sabedoria
2. Entendimento
3. Conselho
4. Fortaleza
5. Ciência
6. Piedade
7. Temor de Deus.

Os doze frutos do Espírito Santo:

1. Amor
2. Alegria
3. Paz
4. Paciência
5. Longanimidade
6. Benignidade
7. Bondade
8. Mansidão
9. Fé
10. Modéstia
11. Continência
12. Castidade.

Os cinco preceitos da Igreja:

1. Participar na Missa, aos domingos e festas de guarda e abster-se de trabalhos e actividades que impeçam a

santificação desses dias.
2. Confessar os pecados ao menos uma vez cada ano.
3. Comungar o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa.
4. Guardar a abstinência e jejuar nos dias determinados pela Igreja.
5. Contribuir para as necessidades materiais da Igreja, segundo as possibilidades.

As sete obras de misericórdia corporais:

1. Dar de comer a quem tem fome
2. Dar de beber a quem tem sede
3. Vestir os nus
4. Dar pousada aos peregrinos
5. Visitar os enfermos
6. Visitar os presos
7. Enterrar os mortos.

As sete obras de misericórdia espirituais:

1. Dar bons conselhos
2. Ensinar os ignorantes
3. Corrigir os que erram
4. Consolar os tristes
5. Perdoar as injúrias
6. Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo
7. Rezar a Deus por vivos e defuntos.

Os sete pecados capitais:

1. Soberba
2. Avareza
3. Luxúria
4. Ira
5. Gula
6. Inveja
7. Preguiça.

Os quatro novíssimos:

1. Morte
2. Juízo
3. Inferno
4. Paraíso.


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ABREVIATURAS BÍBLICAS



Ap Apocalipse de João
Act Actos dos Apóstolos
Cl Epístola aos Colossenses
1 Cor 1ª Epístola aos Coríntios
2 Cor 2ª Epístola aos Coríntios
Dt Livro do Deuteronómio
Ef Epístola aos Efésios
Ex Livro do Êxodo
Ez Profecia de Ezequiel
Fl Epístola aos Filipenses
Gl Epístola aos Gálatas
Gn Livro do Génesis
Heb Epístola aos Hebreus
Is Livro de Isaías
Jo Evangelho segundo S. João
1 Jo 1ª Epístola de S. João
Lc Evangelho segundo S. Lucas
2 Mac 2º Livro dos Macabeus
Mc Evangelho segundo S. Marcos
Mt Evangelho segundo S. Mateus
1 Pe 1ª Epístola de S. Pedro
2 Pe 2ª Epístola de S. Pedro
1 Rs 1º Livro dos Reis
Rm Epístola aos Romanos
Sl Livro dos Salmos
Tg Epístola de S. Tiago
1 Ts 1ª Epístola aos Tessalonicenses
1 Tm 1ª Epístola a Timóteo
2 Tm 2ª Epístola a Timóteo
Tt Epístola a Tito

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